segunda-feira, 1 de junho de 2009

César Maia se rende a Lula

A principal atividade de César Maia nos últimos anos tem sido combater Lula e sua popularidade. Lançou um arsenal infindável de teorias políticas e econômicas para provar que o Governo Lula acabaria fracassando, que a aprovação popular despencaria, que a Oposição, logo, logo, conquistaria o lugar ao sol. Mas, mais uma vez, a realidade vai além da imaginação. A popularidade de Lula bate recordes, a economia brasileira está bem diante da crise (até virou referência internacional) e a candidata apoiada por Lula cresce sem parar nas pesquisas. Na sua coluna de sábado na Folha, César Maia se pergunta “por que razão a máxima (‘é a economia estúpido’) de Carville, assessor de Clinton na época, que relaciona a economia à política, não atingiu Lula?” Mergulha em números econômicos e de pesquisas na tentativa de encontrar resposta, mas continua atônito. “Passando à lógica política, talvez os discursos de Lula o situem como um protetor. Isso explicaria até números piores e sua avaliação. O mais provável é que os números estejam certos e que os primeiros meses de desemprego estejam protegidos pela indenização, FGTS, seguro-desemprego e a esperança. Mas não explicam a avaliação crescente de Lula no Rio”, conclui César Maia visivelmente desorientado. Hoje, no seu Ex-Blog, analisando a Pesquisa Datafolha ele admite: “Este Ex-Blog questionou em fevereiro a capacidade de Lula transferir votos a um personagem antípoda ao seu. Hoje deixa aquela afirmação em processo de re-avaliação”. Veja parte do Ex-Blog aqui:
A CRISE ECONÔMICA AINDA NÃO AFETOU A APROVAÇÃO DE LULA!
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de SP, da semana passada.
1. A pesquisa GPP -maio- ERJ, mostrou níveis de aprovação de Lula que nunca antes no RJ se havia visto. A avaliação –ótimo+bom- de Lula na Capital-RJ não chegava a 50%. Agora, no Estado 65%, na Capital 59%, na Baixada 74%, no Interior Industrial 72% e no Interior Rural 65%. As avaliações do governador permanecem entre 30% e 35%, apesar de feéricas campanhas publicitárias na TV, colagem em Lula e a boa vontade da imprensa local.
2. Lá se vão oito meses da crise econômica. O Brasil, neste período, ficou entre os países com dados mais acentuados de queda na indústria, no PIB e no comércio exterior. Por que razão a máxima (“é a economia estúpido”) de Carville, assessor de Clinton na época, que relaciona a economia à política, não atingiu Lula? O indicador mais óbvio seria o desemprego. A pesquisa mensal de emprego do IBGE pode ajudar.
3. Compare a PME de abril, de 2008 e de 2009 para as Regiões Metropolitanas agregadas. Pessoas em Idade Ativa 1,2%. Pessoas Economicamente Ativas (PEA) 0,6% e as Não Economicamente Ativas (PNAE) 2%. Em seguida, abram-se os elementos negativos da PNEA. As pessoas que gostariam e estavam dispostas a trabalhar diminuíram percentualmente de 12,2% para 12%. As marginalmente ligadas a PEA, cresceram de 4,6% a 5,2%. As desalentadas diminuíram de 0,1% a 0%.
4. A Taxa de Desocupação cresceu de 8,5% para 8,9%, mas, paradoxalmente o percentual de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas caiu de 3,4% a 3%. Vale dizer: a Taxa Efetiva de Desocupação, somando o desemprego aberto com o emprego precário, ficou estável em 11,9%.
5. Questionar os números vis a vis a crise é infantil depois de tantos anos. Os trabalhadores metropolitanos irem para o interior? A lógica é o inverso. É provável que o Bolsa Família tenha reduzido a migração e isso ajudaria a explicar os números. Passando à lógica política, talvez os discursos de Lula o situem como um protetor. Isso explicaria até números piores e sua avaliação. O mais provável é que os números estejam certos e que os primeiros meses de desemprego estejam protegidos pela indenização, FGTS, seguro-desemprego e a esperança. Mas não explicam a avaliação crescente de Lula no Rio.
NOTAS SOBRE A PESQUISA DATA-FOLHA-BRASIL!
1. A avaliação de Lula ter voltado a crescer (agora 69% de ótimo+bom) confirma os dados sobre sua avaliação (GPP), no Rio-Capital, apresentados no sábado na coluna de Cesar Maia na Folha de SP. E da mesma forma que a crise econômica não o afetou, apesar de ter se intensificado. Data-Folha mostra as seguintes respostas entre março e maio de 2009: a) a situação do país vai melhorar de 31% para 41%. b) O desemprego vai aumentar, cai de 59% para 43%. c) Inflação vai aumentar cai de 48% para 36%.
2. Os que estão de acordo com um terceiro mandato passam de 34% para 63%. Atenção! A campanha que Lula faz todos os dias aumenta a sua capacidade de transferir votos. Lula (na induzida) tem 47% das intenções de voto e Serra 25%, caindo 13 pontos. Essa é uma boa e má notícia. Boa porque define um piso para Serra. Má porque ele ainda pode perder 1/3 de suas intenções de voto se Lula mantiver capacidade de transferi-los.
3. Lula tem na espontânea 27% ou 57% da induzida. Serra tem 5% ou 13% da induzida sem Lula. Dilma tem 4% (e com Lula marcado), ou 25% de seus 16%.
4. Sem SP (supondo diferença aqui pró-Serra de 40 pontos), o resultado seria Serra 32% e Dilma 20%.
5. Este Ex-Blog questionou em fevereiro a capacidade de Lula transferir votos a um personagem antípoda ao seu. Hoje deixa aquela afirmação em processo de re-avaliação.