domingo, 11 de novembro de 2012
Afinal, por que Obama venceu?
Dick Morris, amigo e consultor de Bill Clinton, (mas, antes de tudo, um consultor de marketing político/eleitoral Republicano), distribuiu nessa sexta-feira um artigo com o título de “A campanha não fez diferença” (The Campaign Made No Difference), onde afirma que “os meses e meses de campanha, as centenas de milhões de dólares em comerciais de TV, o vaivém dos candidatos e os intensos esforços de ambos os lados na conquista de votos fizeram pouca ou nenhuma diferença nos resultados eleitorais de 2012”(The months and months of campaigning, the hundreds of millions of TV advertising, the incessant travel schedules of the candidates, and the vigorous efforts of both sides to get their vote out made little or no difference in the outcome of the Election of 2012). Para ele – que um dia antes da eleição chegou a prever a vitória de Romney por 325 delegados contra 213 de Obama –, foram os eventos que fizeram a diferença: foram os debates, as convenções, o ataque ao consulado americano em Benghazi, a economia, os dados sobre emprego, etc. que influenciaram a votação em todos os 50 estados. Para ele, nem a mídia paga, nem a campanha in-person nos estados indefinidos, nem o ground game (microtargeting) massivo, contribuíram para nada. Os números não se alteraram por isso, e Dick Morris tira duas conclusões principais:
1 – a TV está perdendo impacto, principalmente na corrida presidencial. Os eleitores não estão vendo TV como antigamente e os que ainda veem passam por cima dos comerciais.
2 – o voto demográfico é a nova regra americana. Você vota baseado em quem você é, não em onde você vive ou em como cada campanha trabalhou cada caso específico. O que importa é que 93% dos negros, 70% dos latinos, 60% dos jovens (menos de 30) e 62% das pessoas solteiras votaram em Obama, enquanto os casais brancos com mais de 30 anos votaram em Romney.
No lado vencedor, há aspectos mais consistentes em consideração. Dave Axelrod (principal estrategista de Obama) declarou que a equipe Obama reinventou a campanha com novas ferramentas e que desde o começo eles tinham um “game plan” que trataram de executar. Segundo ele, a campanha essencialmente construiu a união em torno de Obama desmembrando a América em vários grupos raciais e de gênero e pondo questões que os convenceram a ir às urnas.
David Plouffe, um dos consultores seniors da campanha de Obama, disse nessa quinta-feira que o microtargeting não poderia ser copiado automaticamente para outro candidato Democrata, porque ele foi feito principalmente pelo apelo particular que Obama exerce sobre os eleitores progressistas.
Há verdade em tudo isso. O fato é que o marketing eleitoral adquiriu novas ferramentas e sofisticação que dão mais valor e mais precisão ao seu desempenho. O voto demográfico – que sempre existiu – ganhou contorno e apelos mais definidos. O microtargeting – que na verdade está nas origens das campanhas eleitorais – pode agora equiparar-se ou mesmo superar a grande mídia. Mas nada disso pode ser tratado mecanicamente ou sectariamente. Não se pode dizer, por exemplo, que agora a economia não tem mais importância, o que importa é o voto demográfico. Esses novos conceitos e essas novas ferramentas chegaram para somar, não para excluir. Sua importância está em aumentar a precisão do marketing. Obama venceu porque sua equipe percebeu isso bem melhor.
sábado, 13 de agosto de 2011
Dave Axelrod: o mundo está de pernas pro ar – isso ajuda a reeleição de Obama
Entrevista com Dave Axelrod, o principal estrategista de Barack Obama.
Blog do Gadelha: O Presidente Obama não conseguiu diálogo com o Congresso, o acordo do teto do endividamento americano foi um fiasco, a Standard&Poors rebaixou a nota dos Estados Unidos, a Europa entrou em crise, o eleitorado americano está raivoso – você acha que Obama vai perder a eleição?Nota. É evidente que se trata de uma entrevista fictícia. Foi a forma que encontrei para dizer o que penso do imbroglio americano na questão do “acordo” sobre o teto do endividamento. Mas o pensamento de Paul Krugman foi pinçado de seu artigo publicado dia 31 de julho, no NYT, e traduzido pelo Globo de 2 de agosto.
Dave Axelrod: De forma alguma. Eu diria que, ao contrário do que se imagina, as chances de vitória são bem maiores hoje do que há um mês.
Blog do Gadelha: Explique essa mágica, que vai contra todas as análises.
Dave Axelrod: Não tem mágica. Você sabe, a gente trabalha com muita pesquisa, informação e, acima de tudo, sensibilidade para compreender o eleitor.
Blog do Gadelha: Ok, então explique sem mágica.
Dave Axelrod: Talvez você não acredite, mas nós planejamos a crise com o Congresso...
Blog do Gadelha: Uau! Essa é forte!
Dave Axelrod: ... e ele reagiu exatamente dentro do esperado. Principalmente entre os republicanos...
Blog do Gadelha: O Tea Party inclusive?
Dave Axelrod: Claro, são os mais previsíveis. O que víamos é que, apesar do pontaço que fizemos com a captura de Bin Laden, a crise econômica, com taxa de desemprego alta e resistente, tinha tudo para nos esmagar. É aquela velha história do “é a economia, estúpido!”, e nós não somos estúpidos. Calculamos que a oposição, meio perdida, bateria unicamente nessa tecla, exaustivamente, podendo até nos derrotar, se não reagíssemos.
Blog do Gadelha: Eles não têm nome forte para concorrer, estão divididos até a alma...
Dave Axelrod: É verdade, mas não podíamos correr risco. Resolvemos atraí-los para a armadilha que armavam contra nós. Eles pretendiam carimbar em nossas testas a responsabilidade exclusiva pela crise econômica, pelo drama de milhões de trabalhadores que perderam o emprego. Sabemos que o governo democrata herdou a crise de Bush. Mas a população não quer saber disso. Bush já está distante, a responsabilidade é do governo atual. Ou melhor, era. Hoje, no mínimo passou a ser dividida com a oposição, e, ano que vem, a responsabilidade pela tentativa de afundamento do país passará a ser creditada unicamente a ela. Ao expormos publicamente a intransigência dos republicanos – mais ainda do Tea Party –, deixamos bem definido quem é quem no jogo político, quem está realmente interessado no progresso e no bem-estar da nação e quem quer apenas ser do contra, com objetivos eleitoreiros.
Blog do Gadelha: E por que isso não foi feito em dezembro, como sugeriu Paul Krugman? Ele disse textualmente: “(Obama) poderia e deveria ter demandado um aumento do teto do endividamento em dezembro passado. Quando indagado por que não fez, ele respondeu ter certeza de que os republicanos agiriam de forma responsável. Que aposta”.
Dave Axelrod: Entendemos a ansiedade de Paul Krugman. Mas o jogo político é muito pesado. Precisávamos dar maior dramaticidade à intransigência dos republicanos, levar a questão a pontos extremos para melhor percepção de quem é quem.
Blog do Gadelha: Isso não foi muito arriscado? Não terá sido isso que levou a S&P a rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos de “AAA” para “AA+”?
Dave Axelrod: Foi um risco calculado. Mas, com relação à S&P, na minha opinião, eles foram muito irresponsáveis. Ninguém em sã consciência pode achar que os Estados Unidos não são “AAA”. A melhor prova disso foi a reação do mercado correndo em busca de dólares. O pior é que essa história toda prejudicou a Europa, que ficou com a credibilidade mais abalada. Ainda assim, a S&P acabou por facilitar nosso plano, porque amplificou a dramaticidade. Ela ajudou a colocar o mundo de pernas pro ar, e ao mesmo tempo ajudou o eleitor a ver mais claramente a importância de reeleger nosso Presidente.
Blog do Gadelha: Está tudo muito bonito, mas não esqueça que a popularidade de Obama caiu...
Dave Axelrod: Sem dúvida. Já contávamos com isso. Mas por incrível que pareça, o Presidente Obama agora tem mais condições de agir.
Blog do Gadelha: Será? Não é o que pensa Krugman, que diz que os republicanos agora poderão impor novas crises, com a certeza de que Obama voltará a entregar os pontos.
Dave Axelrod: Essa foi uma análise precipitada. Mais do que criticar o Presidente, a opinião pública condena a classe política – particularmente os políticos da oposição – por sua irresponsabilidade persistente. O Presidente Obama terá mais desenvoltura para tomar as medidas necessárias para recuperar a economia, iniciar a retomada do desenvolvimento e trazer de volta os empregos perdidos. Nossos maiores adversários em 2012 não serão os republicanos. Teremos que voltar a conquistar os votos dos desiludidos com a política. Só venceremos – como em 2008 – com a redução da abstenção. E é isso que vai acontecer, porque o eleitor tomará consciência de que Obama é a única esperança. Essa vitória está nas mãos de cada um de nós, no sonho de todo o povo – e o nosso povo sabe concretizar os seus sonhos.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
"Esse canal de televisão é um partido político": não é frase do Chávez nem sobre a Globo
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Os 50 Todo-Poderosos da Newsweek
1: Barack Obama
2: Hu Jintao
3: Nicolas Sarkozy
4-5-6: Economic Triumvirate (4. Ben Bernanke 5. Jean-Claude Trichet 6. Masaaki Shirakawa)
7: Gordon Brown
8: Angela Merkel
9: Vladimir Putin
10: Abdullah bin Abdulaziz Al-Saud
11: Ayatollah Ali Khamenei
12: Kim Jong Il
13-14: The Clintons (Hillary e Bill)
15: Timothy Geithner
16: Gen. David Petraeus
17: Sonia Gandhi
18: Luiz Inácio Lula da Silva
19: Warren Buffett
20: Gen. Ashfaq Parvez Kayani
21: Nuri al-Maliki
22-23: The Philanthropists (Bill and Melinda Gates)
24: Nancy Pelosi
25: Khalifa bin Zayed Al Nahyan
26: Mike Duke
27: Rahm Emanuel
28: Eric Schmidt
29: Jamie Dimon
30-31: Friends of Barack (David Axelrod and Valerie Jarrett)
32: Dominique Strauss-Kahn
33: Rex Tillerson
34: Steve Jobs
35: John Lasseter
36: Michael Bloomberg
37: Pope Benedict XVI
38: Katsuaki Watanabe
39: Rupert Murdoch
40: Jeff Bezos
41: Shahrukh Khan
42: Osama bin Laden
43: Hassan Nasrallah
44: Dr. Margaret Chan
45: Carlos Slim Helú
46: The Dalai Lama
47: Oprah Winfrey
48: Amr Khaled
49: E. A. Adeboye
50: Jim Rogers
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Este Blog errou: foi Hillary quem deu trabalho...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Eleição americana: a estratégia Barack & White

Quando Barack Obama declarou que não existe “uma América dos negros” nem existe “uma América dos brancos”, o que existe são “os Estados Unidos da América”, ele estava dando o arremate final a uma discussão interna que vinha pelo menos desde 2006. Foi em novembro daquele ano que Obama reuniu pela primeira vez amigos e conselheiros em um brainstorm que serviria de guia para sua campanha (ler mais no texto de Jim Wilson para o New York Times). Desde então decidiu-se que a questão racial não poderia ser o foco. E o maior trabalho de Obama talvez tenha sido o de conter seus assessores brancos e negros longe da discussão. Durante esse tempo todo ele teve habilidade suficiente para driblar as armadilhas que foram postas no seu caminho. Por ele ser negro e pelo exemplo de outras candidaturas negras, acreditava-se que faria de sua candidatura um baluarte da luta dos "irmãos". A grande prova de que ele fez a opção certa foi logo na primeira prévia, em Iowa, onde teve vitória surpreendente, apesar do eleitorado de maioria branca. Ele não falou explicitamente sobre raça, nem fez aparições públicas em igrejas de negros. Na verdade, ele não precisou disso para também crescer no eleitorado afro-americano. Seus adversários tentam marcá-lo como um político sem posições definidas, porque estão frustrados com o fato de não ter sido apenas mais um radical negro. Talvez o fato de seu principal estrategista, David Axelrod, ter uma longa experiência em campanhas de candidatos negros tenha ajudado bastante. Afinal, Axelrod foi um dos responsáveis pela eleição do terceiro Senador negro americano desde a Reconstrução (1863-1877): o próprio Barack Obama.
sábado, 5 de janeiro de 2008
Obama e Axelrod: trabalhando por música
