Quando Barack Obama declarou que não existe “uma América dos negros” nem existe “uma América dos brancos”, o que existe são “os Estados Unidos da América”, ele estava dando o arremate final a uma discussão interna que vinha pelo menos desde 2006. Foi em novembro daquele ano que Obama reuniu pela primeira vez amigos e conselheiros em um brainstorm que serviria de guia para sua campanha (ler mais no texto de Jim Wilson para o New York Times). Desde então decidiu-se que a questão racial não poderia ser o foco. E o maior trabalho de Obama talvez tenha sido o de conter seus assessores brancos e negros longe da discussão. Durante esse tempo todo ele teve habilidade suficiente para driblar as armadilhas que foram postas no seu caminho. Por ele ser negro e pelo exemplo de outras candidaturas negras, acreditava-se que faria de sua candidatura um baluarte da luta dos "irmãos". A grande prova de que ele fez a opção certa foi logo na primeira prévia, em Iowa, onde teve vitória surpreendente, apesar do eleitorado de maioria branca. Ele não falou explicitamente sobre raça, nem fez aparições públicas em igrejas de negros. Na verdade, ele não precisou disso para também crescer no eleitorado afro-americano. Seus adversários tentam marcá-lo como um político sem posições definidas, porque estão frustrados com o fato de não ter sido apenas mais um radical negro. Talvez o fato de seu principal estrategista, David Axelrod, ter uma longa experiência em campanhas de candidatos negros tenha ajudado bastante. Afinal, Axelrod foi um dos responsáveis pela eleição do terceiro Senador negro americano desde a Reconstrução (1863-1877): o próprio Barack Obama.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Eleição americana: a estratégia Barack & White
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