sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Meninos, eu vi: a dívida externa não é mais impagável!
Em janeiro/fevereiro de 75, o Grupo dos 24, formado por países-membros do FMI, aprovou o Plano Kissinger-Simon, que em tese seria "um esquema de segurança para ser acionado em casos de emergência nos países industrializados". Era baseado em um fundo de 25 bilhões de dólares (administrado pela OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), formado em sua maior parte pelos depósitos de países produtores de petróleo em bancos ocidentais - os famosos petrodólares. Nessa época, o então Ministro da Fazenda do Brasil Mário Henrique Simonsen reivindicava o direito de nosso país ter uma fatia desse bolo. Mas, de acordo com algumas cláusulas, para participar dos empréstimos, um país precisaria primeiro comprovar déficit global no balanço de pagamentos e que não tivesse reservas suficientes. O Brasil não se enquadrava nesse perfil, já que, apesar de ter déficit de 5 bilhões de dólares, tinha reservas mais ou menos iguais. Claro que as cláusulas iniciais desapareceram logo. Os donos internacionais do dinheiro estavam mais interessados em colocar os petrodólares para circular. Se um país não tivesse dívida externa, que tratasse de ter! E foi o que aconteceu com o Brasil, que mergulhou em uma dívida externa monumental, considerada durante décadas como impagável e principal responsável por uma inflação brutal que solapava nossas energias. Ontem o Governo Lula teve o prazer de anunciar que a dívida não era mais impagável. E mais: com os juros que estão sendo praticados e com nossas reservas crescentes, é melhor continuar fazendo essa "dívida que não é mais dívida". Isso contado 6 anos atrás ninguém ia acreditar.
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