Toda Oposição faz oposição, claro. É para isso que existem e é assim que funciona a democracia. São representantes de pensamentos e interesses opostos à conduta da maioria que ocupa o Governo. É através desses conflitos que a democracia se fortalece e afirma a qualidade do ser humano – afinal, como mais ou menos diria Parmênides, o caminho do ser humano é o caminho do ser e não ser ao mesmo tempo. Tudo muito bem, muito bonito, mas como é que funciona mesmo? A Oposição, naturalmente, quer abandonar o papel que tem. Ela não se restringe a fazer valer seu pensamento mantendo-se na oposição. Ela quer, com todo direito, trocar de lugar, e é aí que as coisas acabam se complicando um pouco. Primeiro, porque nem sempre a simples troca significa renovação e avanço (mas faz parte do jogo). Segundo, porque o grupo que faz o papel de Oposição costuma fixar-se muito mais no troca-troca do que em opor pensamentos e ações capazes de contribuir para uma sociedade melhor. Vejamos o exemplo das CPIs, que em princípio seriam excelente instrumento de fiscalização, de investigação e de aperfeiçoamento dos governos. Elas acabaram se transformando apenas em palanque eleitoral. Mais do que para investigar e fiscalizar, os políticos usam as CPIs para ganhar visibilidade e uma percepção positiva com fins eleitorais. Em função disso, qualquer coisa justifica uma CPI escandalosa. Reforma política? Quem vai perder tempo com isso? Mais importante é saber por que o Ministro dos Esportes gastou 8 reais com tapioca. Não digo que não se deva investigar e condenar o mau uso de cartões corporativos ou o que seja. Mas não se pode é transtornar a vida pública durante meses com fins meramente eleitoreiros. Dá pena ver tanta gente bem formada (e bem remunerada) entregue ao dia-a-dia de uma política menor. Tanto para propor, tanto para investigar, tanto para fazer, e os partidos em busca de escândalos para poder crescer em ano de eleições. Esses políticos deveriam ter um pouco mais de respeito com a democracia.