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sábado, 13 de agosto de 2011

Dave Axelrod: o mundo está de pernas pro ar – isso ajuda a reeleição de Obama


Entrevista com Dave Axelrod, o principal estrategista de Barack Obama.
Blog do Gadelha: O Presidente Obama não conseguiu diálogo com o Congresso, o acordo do teto do endividamento americano foi um fiasco, a Standard&Poors rebaixou a nota dos Estados Unidos, a Europa entrou em crise, o eleitorado americano está raivoso – você acha que Obama vai perder a eleição?
Dave Axelrod: De forma alguma. Eu diria que, ao contrário do que se imagina, as chances de vitória são bem maiores hoje do que há um mês.
Blog do Gadelha: Explique essa mágica, que vai contra todas as análises.
Dave Axelrod: Não tem mágica. Você sabe, a gente trabalha com muita pesquisa, informação e, acima de tudo, sensibilidade para compreender o eleitor.
Blog do Gadelha: Ok, então explique sem mágica.
Dave Axelrod: Talvez você não acredite, mas nós planejamos a crise com o Congresso...
Blog do Gadelha: Uau! Essa é forte!
Dave Axelrod: ... e ele reagiu exatamente dentro do esperado. Principalmente entre os republicanos...
Blog do Gadelha: O Tea Party inclusive?
Dave Axelrod: Claro, são os mais previsíveis. O que víamos é que, apesar do pontaço que fizemos com a captura de Bin Laden, a crise econômica, com taxa de desemprego alta e resistente, tinha tudo para nos esmagar. É aquela velha história do “é a economia, estúpido!”, e nós não somos estúpidos. Calculamos que a oposição, meio perdida, bateria unicamente nessa tecla, exaustivamente, podendo até nos derrotar, se não reagíssemos.
Blog do Gadelha: Eles não têm nome forte para concorrer, estão divididos até a alma...
Dave Axelrod: É verdade, mas não podíamos correr risco. Resolvemos atraí-los para a armadilha que armavam contra nós. Eles pretendiam carimbar em nossas testas a responsabilidade exclusiva pela crise econômica, pelo drama de milhões de trabalhadores que perderam o emprego. Sabemos que o governo democrata herdou a crise de Bush. Mas a população não quer saber disso. Bush já está distante, a responsabilidade é do governo atual. Ou melhor, era. Hoje, no mínimo passou a ser dividida com a oposição, e, ano que vem, a responsabilidade pela tentativa de afundamento do país passará a ser creditada unicamente a ela. Ao expormos publicamente a intransigência dos republicanos – mais ainda do Tea Party –, deixamos bem definido quem é quem no jogo político, quem está realmente interessado no progresso e no bem-estar da nação e quem quer apenas ser do contra, com objetivos eleitoreiros.
Blog do Gadelha: E por que isso não foi feito em dezembro, como sugeriu Paul Krugman? Ele disse textualmente: “(Obama) poderia e deveria ter demandado um aumento do teto do endividamento em dezembro passado. Quando indagado por que não fez, ele respondeu ter certeza de que os republicanos agiriam de forma responsável. Que aposta”.
Dave Axelrod: Entendemos a ansiedade de Paul Krugman. Mas o jogo político é muito pesado. Precisávamos dar maior dramaticidade à intransigência dos republicanos, levar a questão a pontos extremos para melhor percepção de quem é quem.
Blog do Gadelha: Isso não foi muito arriscado? Não terá sido isso que levou a S&P a rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos de “AAA” para “AA+”?
Dave Axelrod: Foi um risco calculado. Mas, com relação à S&P, na minha opinião, eles foram muito irresponsáveis. Ninguém em sã consciência pode achar que os Estados Unidos não são “AAA”. A melhor prova disso foi a reação do mercado correndo em busca de dólares. O pior é que essa história toda prejudicou a Europa, que ficou com a credibilidade mais abalada. Ainda assim, a S&P acabou por facilitar nosso plano, porque amplificou a dramaticidade. Ela ajudou a colocar o mundo de pernas pro ar, e ao mesmo tempo ajudou o eleitor a ver mais claramente a importância de reeleger nosso Presidente.
Blog do Gadelha: Está tudo muito bonito, mas não esqueça que a popularidade de Obama caiu...
Dave Axelrod: Sem dúvida. Já contávamos com isso. Mas por incrível que pareça, o Presidente Obama agora tem mais condições de agir.
Blog do Gadelha: Será? Não é o que pensa Krugman, que diz que os republicanos agora poderão impor novas crises, com a certeza de que Obama voltará a entregar os pontos.
Dave Axelrod: Essa foi uma análise precipitada. Mais do que criticar o Presidente, a opinião pública condena a classe política – particularmente os políticos da oposição – por sua irresponsabilidade persistente. O Presidente Obama terá mais desenvoltura para tomar as medidas necessárias para recuperar a economia, iniciar a retomada do desenvolvimento e trazer de volta os empregos perdidos. Nossos maiores adversários em 2012 não serão os republicanos. Teremos que voltar a conquistar os votos dos desiludidos com a política. Só venceremos – como em 2008 – com a redução da abstenção. E é isso que vai acontecer, porque o eleitor tomará consciência de que Obama é a única esperança. Essa vitória está nas mãos de cada um de nós, no sonho de todo o povo – e o nosso povo sabe concretizar os seus sonhos.
Nota. É evidente que se trata de uma entrevista fictícia. Foi a forma que encontrei para dizer o que penso do imbroglio americano na questão do “acordo” sobre o teto do endividamento. Mas o pensamento de Paul Krugman foi pinçado de seu artigo publicado dia 31 de julho, no NYT, e traduzido pelo Globo de 2 de agosto.

sábado, 16 de abril de 2011

Eleições: o que é que chega primeiro, 2012 ou 2014?


Ontem, na inauguração da sede do PMDB fluminense, um dos assuntos preferenciais nas conversas paralelas era a candidatura do Vice Pezão para a sucessão do Governador Sérgio Cabral em 2014. Teve gente que jurava ter ouvido Lula declarar (brincando, claro): “Se você se candidatar, Pezão, quero ser seu Vice!”
Mas se é verdade que 2014 começa a entrar na pauta, 2012 já está acelerado. Os prefeitos (principalmente os que vão para a reeleição) tratam de embelezar suas cidades e espalhar obra por toda a parte. Os pré-candidatos de oposição buscam apoios, preparam pesquisas e já pensam em marqueteiros. E tem milhares de pessoas que não sonham com outra coisa que não seja a candidatura a Vereador. O zelador do meu prédio é um desses, que puxa assunto todo santo dia. Ontem, me viu e foi logo perguntando: “É verdade que o PCdoB é o partido que elege com menos votos?” Respondi com outra pergunta: “E você por acaso é comunista?”
Até Garotinho (PR-RJ), que pensa unicamente em política desde os tempos em que era Bebezinho e que acaba de ser eleito Deputado Federal, parece que está procurando mudar o domicílio eleitoral para outro município do Rio de Janeiro onde possa se eleger Prefeito. Ao mesmo tempo lança sua filha, a Deputada Estadual Clarissa Garotinho (PR-RJ), para a prefeitura da Capital. Pior: na mesma chapa do Deputado Federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), filho do eterno arquirrival Cesar Maia (DEM-RJ). Teve um amigo (que não pertence a qualquer partido) que observou: “Parece a história do sapo transportando o escorpião na travessia do rio. Só falta decidir quem é o sapo e quem é o escorpião...”
E por falar em Cesar Maia, ele parece que está chateadíssimo com o estrago feito por Kassab  e seu PSD (que significa Partido do Serra e da Dilma, diz o Jorge Bastos Moreno...) e anda fazendo mil análises eleitorais. Às vezes muito boas, como o os dois textos que divulgou sobre os votos “Zona Sul” (classe média) do Rio, que reproduzo abaixo.
(Em tempo: as eleições presidenciais também já estão em pauta, mas essa é uma preocupação oposicionista para 2018...)

COMO VOTA A ZONA SUL DO RIO! COMO VOTOU EM 2010!
Cesar Maia

1. O voto da Zona Sul do Rio é quase sempre diferente da média da cidade, e quase sempre é muito diferente do voto das Zonas Norte e Oeste do Rio. Assim é desde os anos 30. Nos anos 50, a Zona Sul votou em Lacerda e as Zonas Nortes e Oeste em Lutero Vargas. Em 1960, garantiu a vitória de Carlos Lacerda contra Sergio Magalhães. Negrão de Lima venceu na cidade toda, menos na Zona Sul. O mesmo em relação a Brizola. Em 1992, a Zona Sul levou Cesar Maia ao segundo turno e à vitória. Em 2006, Denise Frossard ganhou de Cabral na Zona Sul. Em 2006, para deputado, Gabeira venceu na Zona Sul, mas perdeu para Rodrigo Maia nas Zonas Oeste e Norte. Em 2008, Gabeira venceu na Zona Sul. Em 2010, Chico Alencar venceu na Zona Sul e Garotinho nas Zonas Oeste e Norte. Da mesma forma nas presidenciais de 1989, 1994 e 1998.
2. Em 2010 não foi diferente. Dilma foi a grande vencedora para presidente em toda a cidade: menos na Zona Sul. Nesta, ela chegou em terceiro lugar. Serra venceu com 150.072 votos, Marina teve 139.392 e Dilma 137.692. Para governador, embora Cabral tivesse vencido também na Zona Sul, aqui foi a sua menor diferença. Ele teve 216.550 votos, Gabeira 167.962 e Peregrino 8.062.
3. No Senado esteve a maior diferença em 2010. Pela Zona Sul, venceriam Lindbergh com 162.919 e Cesar Maia com 124.401. As demais posições também seriam invertidas. Crivella, segundo na cidade, chegou em sexto lugar na Zona Sul, com 84.723 votos, perdendo para Temer, Cerqueira e Picciani. Picciani, que foi terceiro na cidade, na Zona Sul seria quinto, perdendo para Temer e Cerqueira. Picciani teve 91.804 votos, Temer 96.174 e Cerqueira 93.755.
4. Em outras grandes cidades no Brasil e no Mundo, o voto da classe média de maior nível de renda e instrução influencia a votação da cidade. Não que isso signifique a mesma ordem dos candidatos em todos os bairros. Certamente não. Mas aproxima. O que diferencia a situação do Rio é que a votação na Zona Sul do Rio é a inversão das demais regiões, especialmente da Zona Oeste. A eleição de 2004, quando o prefeito reeleito venceu em 96 das 97 zonas eleitorais da cidade, foi uma exceção à regra.

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2010: DEPUTADOS FEDERAIS E ESTADUAIS MAIS VOTADOS NA ZONA SUL DO RIO!Cesar Maia

1. Os dois mais votados para Deputado Federal na Zona Sul foram: Chico Alencar com 43.676 votos e Molon com 22.396 votos.
2. Os dois mais votados para Deputado Estadual na Zona Sul foram: Marcelo Freixo 37.994 votos e Wagner Montes 27.306 votos.
3. Curiosamente, o deputado federal - choque de ordem - foi o décimo segundo mais votado da Zona Sul, com 6.476 votos.
4. Conheça os 15 deputados - federais e estaduais - mais votados na Zona Sul em 2010.


(clique para ampliar)