domingo, 4 de novembro de 2007
A crise do ganso, a crise do gás
Tenho um sítio com área comum a 13 outros sítios, onde, na parte central, temos 3 laguinhos. Um deles é freqüentado por gansos, barulhentos, mas maravilhosos. Faz 6 anos que tenho o sítio e, nesses 7 meses de novembro, nunca vi seca igual. Os meus 13 vizinhos são da área de energia e trabalham, no Rio ou em São Paulo, em empresas como a ONS, a Light, a Petrobras ou a Eletrobrás, e o síndico - que é da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) - já tinha me dito, há mais de um mês, que novembro, tradicionalmente, é um mês ruim de água - mas que talvez esse ano fosse ainda pior. Pude constatar com meus próprios olhos (e os gansos puderam sentir isso nas próprias penas) o quanto isso era verdade. Os lagos secaram e os gansos tiveram que se contentar com um volume de água equivalente ao de uma pequena bacia. O meu vizinho-síndico também contou depois que, em função da queda dos níveis d'água nos reservatórios, a energia proveniente de hidrelétricas tinha ficado mais cara e que a ONS tinha recomendado o uso da energia mais barata no momento, a das termelétricas a gás. Entendi que foi em função disso que houve esse corre-corre da Petrobras, tendo que atender seus compromissos com o consumo doméstico e o consumo industrial. Não vi nisso - ao contrário do que pretende a mídia - exatamente uma crise energética, mas, sim, uma re-arrumação antes do previsto. Bem diferente, a meu ver, do apagão tucano, quando, se não me engano, a falta de chuvas não pôde ser contornada por causa da falta de investimento na distribuição de energia. A crise de verdade, hoje, é a do meio ambiente, com transtornos no mundo inteiro. Felizmente, neste fim de semana, caíram dois pés d'água, os lagos ficaram felizes e os gansos puderam sorrir com o seu jeito barulhento de ser.