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terça-feira, 20 de maio de 2014

O eixo Rio-São Paulo atravessado na garganta


No Ex-Blog de ontem Cesar Maia pergunta: “seria possível que Lula viesse apoiar Pezão? Claro que não. Ele foi longe demais com Lindbergh. Então o que se pode fazer?” Cesar Maia aponta para um caminho único: “o compromisso de Lula que ficaria ausente da campanha de governador do Rio, pelo menos até a primeira semana de setembro. Depois de 3 semanas de TV, se um dos dois tiver aberto sobre o outro uma diferença – nos dois principais institutos de pesquisa – superior a 5 pontos, Lula entraria para promover esta candidatura”.
Cesar Maia certamente tem mais informações do que revela, principalmente quanto a pesquisas. Hoje já se fala que Pezão estaria 5 pontos à frente de Lindberg e que até julho poderia assumir a liderança. Várias pessoas comentaram isso e, se é verdade ou não, não posso afirmar. Mas sempre afirmei aqui que é preciso respeitar a máquina. Principalmente a do PMDB do Rio.
Lula e o PT pensaram corretamente quando decidiram trazer sangue novo para as disputas majoritárias no eixo Rio-São Paulo, visando a eleição presidencial de 2018. A vitória espetacular de Haddad para a Prefeitura de São Paulo reforçou esse plano, que teria continuidade com os lançamentos de Padilha para o Governo de São Paulo e de Lindberg para o Governo do Rio. No caso de São Paulo, uma decisão mais simples, porque se tratava de duelar com o inimigo tradicional e contando com o poderoso apoio do novo prefeito petista. O caso Alstrom e a falta d’água deram mais gás à decisão – que acabou um pouco prejudicada pelo diz-que-me-diz do doleiro, mas que ainda assim pode dar certo.
Já no Rio foi uma decisão complicada, porque significou o rompimento de uma aliança muito forte com o PMDB em um estado estratégico. Lula apostou em três novas peças do seu tabuleiro de xadrez: o grande desempenho eleitoral de Lindberg em todas suas participações; a crise na imagem de Sérgio Cabral, a partir principalmente das manifestações de 2013; e a suposta falta de carisma de Pezão. Os três pressupostos aparentemente estão falhando. Lindberg de fato ainda não deu o ar de sua graça nesta eleição - mesmo considerando que ele é o nome mais capaz de mobilizar a militância petista, nada aconteceu de motivador até agora. Sérgio Cabral soube sair de cena a tempo de evitar algum problema por desgaste de imagem. E Pezão, com a máquina na mão, um montilhão de obras para apresentar e a vantagem de não ter um perfil identificado com o político tradicional, aparentemente avança um passo após o outro. Resultado: não vai ser simplesmente um “ministério para Cabral” (como insinua Cesar Maia) que vai desengasgar essa relação.

NOTA
Ontem, em conversa com o Deputado Jorge Bittar, do PT, ouvi o jingle de sua campanha para governador do Rio em 1990. Fiquei com um nó na garganta, emocionado. O PT precisa de novas emoções para conquistar a “nova classe média” em 2018.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

As pesquisas, cada vez mais, indicam uma grande disputa para 2018



Interessante, essa pesquisa Datafolha, de maio. Mostra, em primeiro lugar, grande estabilidade nos índices comparados com os de abril – exceto entre os índices de “não-voto” e de Aécio. “Não-voto” (“indecisos” + “nulos” + “brancos”) caiu de 29% para 24%, praticamente coincidindo com a subida de Aécio, de 16% para 20%. Dilma (38%>37%), Eduardo Campos (10%>11%) e a soma dos “outros” (7%>7%) mantiveram-se basicamente no mesmo patamar. Talvez signifique que Aécio soube capitalizar melhor os eleitores que já estavam insatisfeitos com Dilma, dando um bom salto na disputa com Eduardo Campos. Há quatro anos, na pesquisa de maio, Dilma e Serra estavam empatados com 37% e Marina tinha 12%. Dilma portanto perdia para os dois principais adversários de 49% a 37%, enquanto hoje está em empate com a soma dos dois. É verdade que Dilma estava em ascensão e Serra já estava ladeira abaixo. Mas o que quero destacar é o poder da máquina governamental nas decisões eleitorais – mostrou-se fortíssima em 2010 e certamente será decisiva este ano. Não ocorrendo a surpresa de algum tsunami, o mais provável é que Dilma vença no primeiro turno. Resta, portanto, a disputa pelo segundo lugar, de olho em 2018.
Ninguém é bobo nesse jogo político. Todos conhecem bem suas chances reais. Sonhos existem, claro. Mas em política sonho e pé no chão devem caminhar sempre juntos, um puxando o outro. E os três principais personagens secundários dessa história estão com um sonho aqui e um pé em 2018. Ou vice-versa. Aécio vive a situação mais complicada. Se em 7 de outubro ele não ficar em segundo lugar, deverá dar adeus pra sempre a qualquer sonho de presidência. Ele e o PSDB. Mesmo em segundo lugar, a situação se complica pra ele. Eduardo Campos e Marina dificilmente poderiam apoiá-lo, porque, caso ele vencesse, chegaria a 2018 como candidato a reeleição (mais forte, portanto).  Caso acontecesse o contrário (Eduardo Campos em segundo), Aécio apoiaria, mas fazendo corpo mole. No campo específico de Eduardo Campos e Marina, existe mais um porém: os dois são candidatos a presidente em 2018. No momento, um está servindo de “cavalo” pro outro, mas sabem que esse transe tem data marcada para terminar.
No lado do PT, também não está nada fácil apresentar um candidato forte em 2018 . As principais lideranças, históricas, foram excomungadas pelo STF e as novas lideranças ainda não se firmaram.
Haddad, nome mais forte por ganhar a prefeitura paulistana, andou derrapando no início do mandato e está procurando recuperar o tempo perdido. Padilha, que precisa vencer o governo de São Paulo, levou um safanão na história do doleiro da Petrobras e ainda tenta provar que entrou de Pilatos nesse cruz-credo. A favor do PT está a possibilidade de um excelente segundo mandato de Dilma e a certeza de que Lula continuará sendo o grande eleitor desse país. Só assim a estrela poderá subir nesse estranho pódio onde parece começar por baixo.

sábado, 3 de maio de 2014

- Olha a oposição ali! - Onde? Onde? - Já passou...


Demorou, mas a oposição conseguiu se apresentar ao eleitorado. Soube sincronizar o trabalho da mídia, com momentos negativos da economia (bem explorados pelo “mercado”), com institutos de pesquisas e, last but not least, com o apoio de alguns “aloprados”. O clima geral de protestos também ajudou. E o resultado mais visível foi um 1º de Maio surreal, onde representantes do “grande capital” subiram no palanque para falar aos trabalhadores paulistas sem serem apedrejados. “Que país é este?”, diriam Francelino e as legiões urbanas. Se ficasse apenas nisso, eu diria aqui: “Gente, o passado tornou-se presente para ameaçar o futuro...” Mas o PT começou a sair da letargia provocada pelas manchetes escandalosas. No 31 de abril, Dilma fez um excelente programa de 1º de Maio, distribuindo algumas amostras do seu pacote de bondades que está sendo arquitetado. No 1º de Maio, o partido teve a sabedoria de não mandar seus principais líderes para a arapuca da Força Sindical (exceção para Gilberto Carvalho, o ministro-chefe Manda Que Mato No Peito da Presidência da República). E ontem, dia 2, o PT decidiu definitivamente o óbvio, que Dilma é a candidata natural em 7 de outubro. Essa foi uma decisão importante e inadiável, porque até mesmo vários petistas históricos estavam se deixando levar pelo canto da sereia do “Volta, Lula”, sem perceber que se tratava de uma jogada de marketing para enfraquecer o partido. Por trás do “Volta, Lula” estava o “Fora, PT”. Daqui pra frente trata-se de evitar “aloprados”, garantir uma Copa bem animada e partir pro abraço – provavelmente no primeiro turno. Para o PT, resta a preocupação – séria – de 2018. Para a oposição, também.


A partir de agora, o Blog do Gadelha também terá posts reproduzidos no EntreFatos (www.entrefatos.com.br).

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Globo x Freixo: como ocultar os fatos mostrando os fatos


Marcelo Freixo é um dos bons nomes políticos que surgiram recentemente. Talvez um dos principais adversários de Eduardo Paes na disputa pelo governo do Rio de Janeiro em 2018. Tem marca jovem, de mudanças, progressista, aparentemente íntegro. De repente, teve seu nome associado a um noticiário espinhoso, a morte do jornalista da Band, Santiago Andrade. A meu ver, uma associação injusta. Acredito que o PSOL (como praticamente todos os outros partidos) procure associar-se aos movimentos sociais, principalmente os de oposição (caso do PSOL) e com boa aceitação. Acredito que os partidos deem apoio logístico e financeiro a alguns desses grupos – e estão certos ao fazer isso, porque afinal um partido existe, como o nome diz, para representar as ideias e os interesses de uma parte da sociedade. E é por isso que não se pode atribuir culpa ao PSOL no caso da “cabeça de nego”. Apesar de se apresentar como à esquerda do PT no espectro político-partidário, não é uma associação extremista. Seu perfil eleitoral está bem mais associado à classe média tipo Zona Sul do Rio – exatamente aquele segmento que mais repele ações rotuladas de vândalas. Por que então seu nome foi associado ao artefato terrorista? Não me venha o Globo dizer que agiu com isenção jornalística. Isso nunca existiu e não seria agora que começaria. O Globo atirou a primeira pedra, sim. No seu editorial do dia 12, “Os inimigos da democracia”, escreveu que “o crime jogou luz sobre a inaceitável atuação do gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) em defesa de vândalos. Ele e partido precisam explicar a função dupla de Thiago de Souza Melo, assessor do deputado, pago, portanto, pelo contribuinte, e, ao mesmo tempo, advogado de black-bloc e similares”.  “Inaceitável atuação do gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) em defesa de vândalos”? Isso é ou não é uma acusação grave? Caetano Veloso soube protestar contra esse parcialismo do Globo, corajosamente, na sua coluna dominical no próprio jornal. Mas Marcelo Freixo errou no seu protesto. Resolveu fazer política barata ao tentar colocar o Globo como parceiro de Sérgio Cabral, dizendo (erroneamente) que o jornal não criticava o atual governador do Rio de Janeiro e lembrando que foi um dos veículos de comunicação que defenderam a ditadura de 64 ("A exaltação de um factoide"). O Globo respondeu bem ("O dever de um jornal — II"). E a questão não é essa. O Globo – como qualquer veículo de comunicação – pode ser parcial aparentando ser imparcial. É capaz, portanto, de ocultar ou alterar fatos simplesmente mostrando os fatos.
Ou mostrando fotos, como é o caso da foto ridicularizando José Dirceu no dia seguinte (3 de agosto de 2005) à Comissão de Ética que apresentou o seu confronto com Roberto Jefferson. Ou fazendo associações forçadas, como é o caso de apontar na direção de Freixo em um editorial intitulado “Os inimigos da democracia”. Freixo agiu defensivamente. O que ele tem que fazer é mostrar que  maior inimigo da democracia pode ser quem dribla os fatos. Ou as fotos.

Nota Para que fique bem claro: não sou filiado ao PSOL nem a qualquer partido político e condeno veementemente o vandalismo. E gosto de ler diariamente o Globo e vários outros jornais.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

2014, o ano que já terminou



Esses dias saiu na coluna "Extra! Extra!", de Berenice Seabra, uma nota com uma síntese feita por Chico Alencar, deputado federal do PSOL, sobre o que temos pela frente: “o primeiro semestre culmina com o meio século do golpe de 64; o segundo, com a Copa da Fifa e das manifestações; o terceiro, com a eleição; e o quarto com o balanço disso tudo e do PIB anual, sobre o qual os economistas não se entendem, como de hábito”. Claríssimo, diz tudo, não tem como errar. Podemos até avançar em alguns detalhes. Por exemplo, temos certeza que os saudosistas da ditadura tentarão provar benefícios da tortura e da falta de liberdade, mas as vozes democráticas serão mais fortes. A Copa, apesar das tentativas vândalas, será um sucesso – quem sabe, até para a Seleção. Com relação às eleições, é claro que não existe o “favas contadas”. Sempre há surpresas, mas, no principal, que é a eleição presidencial, a surpresa seria haver surpresa. Dilma será reeleita, provavelmente, no primeiro turno.
Em política, nunca se desiste, claro. Mas a disputa real, hoje, já não é tanto pelo primeiro lugar (se é que isso é possível...), mas, sim, pelos espaços que o Governo e as oposições ocuparão a partir de 2015. O Governo trabalha, óbvio, para vencer a próxima eleição logo no primeiro turno. Mais do que isso. Quer ampliar seu espaço no Congresso, consolidar as alianças (principalmente com o PMDB) e quer decidir quem vai ficar em segundo lugar. O ideal petista é que em segundo lugar fique Aécio, porque é um candidato de menor futuro e deixaria Eduardo Campos com menos fôlego. Isso serve tanto para a eleição em um turno quanto em dois. Acrescente-se a isso, no caso de dois turnos, que o eleitor de Campos-Marina fluiria mais facilmente para Dilma do que o eleitor de Aécio. Os dois candidatos da oposição, com certeza, pensam praticamente o contrário. Eles já sabem que não vencerão. E lutam desesperadamente entre si para crescer no Congresso e conquistar junto ao público oposicionista o título de melhor alternativa ao próximo candidato petista em 2018.
2018, sim, será a hora da verdade para o PT. E o cronômetro já startou!
P.S. – com relação aos balanços de fim de ano sobre PIB, inflação, juros, desemprego, etc., não há o que discutir, porque a “verdade” será ditada pelo mercado através da grande mídia.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

No programa eleitoral do Eduardo Campos o pior foi o Eduardo Campos

Contradições do discurso pessebista apontadas pela Folha (clique na imagem para ampliar)

Interessante esse programa do Eduardo Campos veiculado ontem em cadeia nacional. Interessante em primeiro lugar pelo desequilíbrio. A produção, por exemplo, está bem correta, mas às vezes faz umas imagens ridículas, como uns closes do nariz do Eduardo Campos, usados obviamente para edição de falas.
A conceituação é bem esperta. Começa, corretamente, dirigindo-se à classe média, digamos, mais festiva, lembrando a união da sociedade contra a ditadura – e o PSB procura se denominar como “herdeiros da esquerda democrática”. Mais adiante, o programa muda o foco, passa a dirigir-se, mais espertamente ainda, à nova classe média (daí o slogan “passo adiante”). Aqui mostra que seguiu o conselho de Fernando Henrique dado em abril de 2011 ao próprio partido, ainda sob o impacto da derrota diante de Dilma, para “priorizar as novas classes médias, gente mais jovem e ainda não ligada a partido nenhum e suscetível de ouvir a mensagem da socialdemocracia”.  Nessa época, comentei aqui esse artigo de FHC (O Papel da Oposição): “Ele está apostando nas parcelas da nova classe média que vão procurar se adequar a novos valores, esquecer que um dia já foram povão”.
O programa tem algumas barbaridades, como a fala de Rollemberg, que procura assumir os louros da conquista dos trabalhadores e trabalhadoras domésticas – uma proposta da deputada petista Benedita da Silva. Ou ainda as várias contradições, como as apontadas pela Folha: critica a política federal para a educação, mas no governo de Eduardo Campos a rede escolar estadual tem avaliações inferiores à da média nacional; o PSB se diz defensor de alianças, mas em 2012 rompeu aliança com o PT para lançar candidato próprio à prefeitura de Recife; é contra o nepotismo, mas o governo pernambucano conta com parentes do governador.  E por aí vai. Mas o que mais me surpreendeu negativamente foi o desempenho de Eduardo Campos. Na verdade, já tinha notado que ele é fraco, mas que isso poderia ser corrigido. Não foi, e ele ficou horrível. Não passa verdade na sua cara. Tem sempre um sorriso falso estampado, olhos meio esbugalhados, um conjunto nada convincente. Acentua algumas frases, com um desenho esquisito da boca. O Aécio, por exemplo, nessas inserções recentes, apareceu muito melhor que ele. Gostei da sua frase final: “É hora de fazer o Brasil crescer para, juntos, ganharmos 2013”. Além de servir para driblar a lei eleitoral, ela traz uma verdade para o próprio PSB: aliado de Dilma, obviamente ganha 2013; separado, vai perder feio em 2014.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O homem de uma cara




Ninguém se iluda: Eduardo Campos não tem duas caras. Tem uma cara só – da oposição, cada vez mais conservadora. Esse papo de “base aliada crítica” é puro oportunismo. Oportunismo bem feito, diga-se de passagem. Quer fazer oposição sem perder as benesses do poder. Quer mostrar para o “mercado” e para a classe média conservadora do “sul maravilha” que bate no governo Dilma, ao mesmo tempo em que tenta vender ao povo nordestino a imagem de que sempre esteve ao lado de Lula. Tentar mostrar duas caras é o melhor que pode fazer para crescer nas pesquisas. Mas a verdade é que essa moeda tem uma face só – e isso o povo inteiro já sabe.
Mais um bom artigo de Janio de Freitas, hoje, na Folha.

ALIADO E OPOSITOR
Janio de Freitas

 Aspirante à sucessão presidencial e governador pernambucano, Eduardo Campos apresentará hoje na TV, se não mudar na última hora o programa gravado, sua lista do que considera os erros desastrosos de Dilma Rousseff. Pelos quais, no entanto, ele é corresponsável.
Se o PSB, conduzido por Eduardo Campos, se fez sócio dos êxitos do governo federal, não tem como fugir da condição de sócio do que sejam os erros e insucessos do governo em que tem até ministério e integra a "base aliada" no Congresso. Não há conversa farsesca que anule essa obviedade.
Eduardo Campos não faz crítica, como diz. Poderia e talvez devesse fazê-la se, como caberia mesmo a um aliado, examinasse a natureza do erro, como e por que ocorre. A mera atribuição de erro ou insucesso não é crítica, é oposição. "O Brasil caminha para a crise", como já disse Eduardo Campos a empresários do Sul, é uma advertência grave demais, sobretudo partindo do governador de Estado com a importância de Pernambuco, para que passe sem a exposição de embasamento sério, seja convincente ou não.
Do joguinho de aliado e opositor, de sugar proveito dos dois lados, o que resulta é simples: embuste como aliado e embuste como oposição, ou, vá lá, "crítico".
A mesma evidência ressalta deste ridículo: "Nós não temos um projeto de poder, nós temos um projeto de país". Até em nome do pudor alheio, se não puder ser do próprio, quem deixa lá o seu governo e sai pelo país em óbvia pré-campanha pelo poder - na qual ainda não ofereceu nem uma só ideia nova para o país - deve apresentar um engodo melhorzinho.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O vice-versa de Serra e Campos




Esse novo partido, o MD, nascido da fusão do PPS e do PMN - mas com focinho tucano -, é o elo da aliança de José Serra (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Com 13 deputados federais, 58 estaduais, 147 prefeitos, 2.527 vereadores e a permissão para atrair insatisfeitos com outras siglas, o MD poderá servir, em primeiro lugar, como instrumento de chantagem de Serra contra o PSDB. Ameaçando mudar de partido, ele teria mais cacife para ser escolhido candidato ou a Presidente ou a Governador de São Paulo pelos tucanos. Difícil, muito difícil, praticamente impossível.
Por outro lado, o MD poderia ser o partido alternativo para Serra candidatar-se tanto a Presidente quanto a Governador de São Paulo. Difícil? Nem tanto. Principalmente contando-se com uma aliança com o PSB de Eduardo Campos. Em São Paulo seria praticamente natural. Para a Presidência, poderia ser em um hipotético segundo turno.
2018 é mais uma face dessa aliança. Ou desaliança, já que Serra e Campos poderão se chocar na disputa pela liderança das oposições. Ou não. Poderiam fortalecer ainda mais a aliança para um segundo turno ou, quem sabe, poderiam um ser vice do outro. Será? Quase impossível.
Há muitos vices e muitas versões nesse vaivém partidário. A face verdadeira dessa questão é a economia. A oposição inteira aposta no fracasso da política econômica de Dilma. É uma aposta baseada principalmente em desejo (é sintomático que os investidores locais tenham apostado em alta maior para a taxa Selic, enquanto os estrangeiros apostavam em menor, como ocorreu nessa última alta). Com a aprovação recorde que vive Dilma, basta a economia se manter como está para que ela vença as eleições de 2014 no primeiro turno. Com o cenário de um crescimento razoável, inflação sob controle e aumento da oferta de emprego, à oposição só resta treinar para 2018. Sem chances de vice-versa.

quinta-feira, 28 de março de 2013

É o Nordeste que está dizendo um sonoro “Não” a Eduardo Campos


Eduardo Campos com toda certeza esperava ouvir números mais afinados nas pesquisas de março rumo a 2014. Obviamente ele já sabia que não atingiria as notas mais altas, mas provavelmente sonhava com dois dígitos. Os últimos dados do Datafolha, no entanto, foram um balde de água do Rio São Francisco em suas pretensões. Comparando com os dados de dezembro, ele até que subiu (de 4% para 6%), enquanto Marina e Aécio caíram (de 18% para 16% e de 12% pra 10% respectivamente) – mas Dilma falou mais alto, cresceu de 54% para 58% e bateu recorde na aprovação do Governo.
No Sudeste, somente Dilma cresceu (de 49% para 53%), enquanto Marina deslizou de 19% para 18%, Aécio deslizou de 17% para 16% e Eduardo Campos manteve-se nos mesmos 3%. Poderia ser melhor, depois de toda a sua atuação midiática, mas o resultado é compreensível, porque o eleitor tucano ainda estava na escuta de Aécio. O problema foi no Nordeste, onde a sua candidatura não cresceu suficientemente – passou de 8% para 11%, enquanto Dilma cresceu de 59% para 64%. Ele percebeu, com esses números, que pode ficar inteiramente perdido como o cara que vai para os Estados Unidos, não aprende o inglês e esquece o nordestês. E seus aliados também já perceberam.
Quando a campanha começar pra valer e os nomes de Lula e Dilma correrem de boca em boca pelo Nordeste, o resultado poderá ser desastroso para o PSB. Dos 9 estados da região, 4 são governados pelo PSB – e todos os governadores (inclusive Eduardo Campos) devem estar em pânico com a aventura campista, seja por causa do risco de não se reelegerem ou do risco de não elegerem seus sucessores. É por isso que o nome Eduardo Campos já não ecoa tão bem. Ele já deu o passo em falso. Já perdeu a confiança do PT e do governo e viu que ficou mais difícil substituir Aécio no coração do Sudeste. Talvez só lhe reste garantir os cargos que tem em Brasília (em troca de apoio a Dilma em 2014) e lançar sua candidatura ao Senado. A conquista do Planalto Central tornou-se um sonho ainda mais distante, mas a base nordestina pode ser consolidada. Mais do que ensaiar o sudestês, Eduardo Campos precisa afinar o seu nordestês.

sexta-feira, 22 de março de 2013

2014 não está mais em pauta – o que está em pauta é 2018


Tucanos e campistas já perceberam que não têm como derrotar Dilma em 2014. A aprovação do governo está em alta, a economia começa a retomar um bom ritmo, os ganhos sociais crescem, a inflação está sob controle e o cenário externo, embora ainda carregue muitas incertezas, pode apresentar melhoras graças a alguma recuperação da economia americana. Além disso, tem o “fator máquina”, decisivo em qualquer eleição – e a “máquina federal” já começou a se movimentar rumo a 2014, para desespero das oposições.
Na verdade, os tucanos e campistas que em algum momento sonharam com vitória nas próximas eleições estão voltando ao projeto original, que era o de fazer bonito agora para se cacifar para 2018. Eles tinham começado tudo certo, ao procurar recompor uma forte aliança conservadora (que voltaria a unir também Nordeste e Sudeste) para enfrentar o governo de esquerda. Mas a disputa pela cabeça de chapa melou a aliança ainda no seu ninho. Em vez de somar, dividiram. E agora vão se engalfinhar para saber quem se sai melhor contra Dilma em 2014 – e com isso conquistar o título de melhor nome da oposição para a sucessão em 2018. Nessa disputa não conta apenas a eleição presidencial. Os governos estaduais e as vagas no Congresso e nas assembleias regionais serão disputados com unhas e dentes, porque essas conquistas é que darão mais gás para as eleições seguintes, principalmente considerando que Dilma não poderá se reeleger e o PT ainda não demonstrou ter escolhido o nome da sucessão. Por tudo isso, o melhor que os apressadinhos fazem é tomar um bom chá de camomila.