terça-feira, 20 de maio de 2014
O eixo Rio-São Paulo atravessado na garganta
No Ex-Blog de ontem Cesar Maia pergunta: “seria possível que Lula viesse apoiar Pezão? Claro que não. Ele foi longe demais com Lindbergh. Então o que se pode fazer?” Cesar Maia aponta para um caminho único: “o compromisso de Lula que ficaria ausente da campanha de governador do Rio, pelo menos até a primeira semana de setembro. Depois de 3 semanas de TV, se um dos dois tiver aberto sobre o outro uma diferença – nos dois principais institutos de pesquisa – superior a 5 pontos, Lula entraria para promover esta candidatura”.
Cesar Maia certamente tem mais informações do que revela, principalmente quanto a pesquisas. Hoje já se fala que Pezão estaria 5 pontos à frente de Lindberg e que até julho poderia assumir a liderança. Várias pessoas comentaram isso e, se é verdade ou não, não posso afirmar. Mas sempre afirmei aqui que é preciso respeitar a máquina. Principalmente a do PMDB do Rio.
Lula e o PT pensaram corretamente quando decidiram trazer sangue novo para as disputas majoritárias no eixo Rio-São Paulo, visando a eleição presidencial de 2018. A vitória espetacular de Haddad para a Prefeitura de São Paulo reforçou esse plano, que teria continuidade com os lançamentos de Padilha para o Governo de São Paulo e de Lindberg para o Governo do Rio. No caso de São Paulo, uma decisão mais simples, porque se tratava de duelar com o inimigo tradicional e contando com o poderoso apoio do novo prefeito petista. O caso Alstrom e a falta d’água deram mais gás à decisão – que acabou um pouco prejudicada pelo diz-que-me-diz do doleiro, mas que ainda assim pode dar certo.
Já no Rio foi uma decisão complicada, porque significou o rompimento de uma aliança muito forte com o PMDB em um estado estratégico. Lula apostou em três novas peças do seu tabuleiro de xadrez: o grande desempenho eleitoral de Lindberg em todas suas participações; a crise na imagem de Sérgio Cabral, a partir principalmente das manifestações de 2013; e a suposta falta de carisma de Pezão. Os três pressupostos aparentemente estão falhando. Lindberg de fato ainda não deu o ar de sua graça nesta eleição - mesmo considerando que ele é o nome mais capaz de mobilizar a militância petista, nada aconteceu de motivador até agora. Sérgio Cabral soube sair de cena a tempo de evitar algum problema por desgaste de imagem. E Pezão, com a máquina na mão, um montilhão de obras para apresentar e a vantagem de não ter um perfil identificado com o político tradicional, aparentemente avança um passo após o outro. Resultado: não vai ser simplesmente um “ministério para Cabral” (como insinua Cesar Maia) que vai desengasgar essa relação.
NOTA
Ontem, em conversa com o Deputado Jorge Bittar, do PT, ouvi o jingle de sua campanha para governador do Rio em 1990. Fiquei com um nó na garganta, emocionado. O PT precisa de novas emoções para conquistar a “nova classe média” em 2018.
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