quinta-feira, 28 de março de 2013
É o Nordeste que está dizendo um sonoro “Não” a Eduardo Campos
Eduardo Campos com toda certeza esperava ouvir números mais afinados nas pesquisas de março rumo a 2014. Obviamente ele já sabia que não atingiria as notas mais altas, mas provavelmente sonhava com dois dígitos. Os últimos dados do Datafolha, no entanto, foram um balde de água do Rio São Francisco em suas pretensões. Comparando com os dados de dezembro, ele até que subiu (de 4% para 6%), enquanto Marina e Aécio caíram (de 18% para 16% e de 12% pra 10% respectivamente) – mas Dilma falou mais alto, cresceu de 54% para 58% e bateu recorde na aprovação do Governo.
No Sudeste, somente Dilma cresceu (de 49% para 53%), enquanto Marina deslizou de 19% para 18%, Aécio deslizou de 17% para 16% e Eduardo Campos manteve-se nos mesmos 3%. Poderia ser melhor, depois de toda a sua atuação midiática, mas o resultado é compreensível, porque o eleitor tucano ainda estava na escuta de Aécio. O problema foi no Nordeste, onde a sua candidatura não cresceu suficientemente – passou de 8% para 11%, enquanto Dilma cresceu de 59% para 64%. Ele percebeu, com esses números, que pode ficar inteiramente perdido como o cara que vai para os Estados Unidos, não aprende o inglês e esquece o nordestês. E seus aliados também já perceberam.
Quando a campanha começar pra valer e os nomes de Lula e Dilma correrem de boca em boca pelo Nordeste, o resultado poderá ser desastroso para o PSB. Dos 9 estados da região, 4 são governados pelo PSB – e todos os governadores (inclusive Eduardo Campos) devem estar em pânico com a aventura campista, seja por causa do risco de não se reelegerem ou do risco de não elegerem seus sucessores. É por isso que o nome Eduardo Campos já não ecoa tão bem. Ele já deu o passo em falso. Já perdeu a confiança do PT e do governo e viu que ficou mais difícil substituir Aécio no coração do Sudeste. Talvez só lhe reste garantir os cargos que tem em Brasília (em troca de apoio a Dilma em 2014) e lançar sua candidatura ao Senado. A conquista do Planalto Central tornou-se um sonho ainda mais distante, mas a base nordestina pode ser consolidada. Mais do que ensaiar o sudestês, Eduardo Campos precisa afinar o seu nordestês.
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