O Panorama
Político de quinta, dia 28, no Globo, traz a notícia de que Lula tentará
convencer Eduardo Campos (PSB) “a não entrar na disputa contra a presidente
Dilma” com o argumento de que “o PSB levaria a disputa para o 2º turno,
colocando em risco a continuidade de um governo popular”. Obviamente, esse argumento
não é pra valer. O que Eduardo Campos quer é exatamente substituir esse
governo popular. Lula com certeza tem outros argumentos para segurar sua
candidatura já em 2014.
No miolo do
jornal, havia o argumento das compensações, com a Vice-Presidência agora (substituindo
Michel Temer...) e a Presidência em 2018, apoiado pelo PT. Não compensa
investir nessa argumentação, porque as variáveis são tão grandes que torna tudo
imprevisível, não dá pra segurar nada.
Há quem ache
que os argumentos mais consistentes vêm do PSB do G – o PSB dos irmãos Gomes. Eles
são contra a candidatura à Presidência agora, porque isso os enfraqueceria na
sua disputa pela liderança regional. E Campos, por sua vez, faria tudo para
evitar um racha na sua principal base eleitoral. Mas será que seguraria a
campanha?
No jornal de
hoje fala-se da possibilidade de Eduardo Campos desistir se ficar com pouco
tempo de TV. Bobagem. O tempo é importante, mas nem sempre é decisivo. Quando
fiz a campanha de Garotinho para governador do Rio, ele tinha pouco mais de 3 minutos
de tempo, enquanto os adversários (Cesar Maia e Luiz Paulo) tinham, se não me engano, mais do que
o dobro. Ganhou Garotinho, com folga.
O argumento
mais seguro para inviabilizar a candidatura de Eduardo Campos talvez seja a
economia, mesmo considerando o que disse Cesar Maia no seu Ex-Blog de ontem: “A
questão econômica só é determinante numa eleição num quadro crítico que afeta o
emprego e o bem estar da população. (...) Se a eleição fosse em 2013, seria um
fator desprezível”. Mas isso depende do público envolvido, ele mesmo reconhece:
“Todas essas questões apontam para um público introduzido no economês, que não
representa 2% dos eleitores, ou provavelmente já tem opinião formada. Mas tem
utilidade na captação de recursos daqueles que se sentem incluídos na política
econômica que o candidato projeta”. É aí que entra a campanha de Eduardo
Campos, quando faz críticas à política econômica do Governo Dilma. Ele busca ao
mesmo tempo falar o economês que agrada a quem traz recursos e que agrada também
à classe média desiludida com os tucanos. Se a economia avançar significativamente
– o que poderá acontecer até o segundo semestre –, ele ficará completamente sem
argumentos. Talvez lhe baste, então, uma vaga promessa de apoio em 2018.
O importante
é saber que a candidatura de Eduardo Campos é pra valer, ninguém tenha dúvida.
O que ninguém pode assegurar é que ele vá conseguir seguir até o fim. Mas é só
segurar mais um pouco que teremos a resposta.