sexta-feira, 1 de março de 2013

O que segura Eduardo Campos?




O Panorama Político de quinta, dia 28, no Globo, traz a notícia de que Lula tentará convencer Eduardo Campos (PSB) “a não entrar na disputa contra a presidente Dilma” com o argumento de que “o PSB levaria a disputa para o 2º turno, colocando em risco a continuidade de um governo popular”. Obviamente, esse argumento não é pra valer. O que Eduardo Campos quer é exatamente substituir esse governo popular. Lula com certeza tem outros argumentos para segurar sua candidatura já em 2014.
No miolo do jornal, havia o argumento das compensações, com a Vice-Presidência agora (substituindo Michel Temer...) e a Presidência em 2018, apoiado pelo PT. Não compensa investir nessa argumentação, porque as variáveis são tão grandes que torna tudo imprevisível, não dá pra segurar nada.
Há quem ache que os argumentos mais consistentes vêm do PSB do G – o PSB dos irmãos Gomes. Eles são contra a candidatura à Presidência agora, porque isso os enfraqueceria na sua disputa pela liderança regional. E Campos, por sua vez, faria tudo para evitar um racha na sua principal base eleitoral. Mas será que seguraria a campanha?
No jornal de hoje fala-se da possibilidade de Eduardo Campos desistir se ficar com pouco tempo de TV. Bobagem. O tempo é importante, mas nem sempre é decisivo. Quando fiz a campanha de Garotinho para governador do Rio, ele tinha pouco mais de 3 minutos de tempo, enquanto os adversários (Cesar Maia e Luiz Paulo) tinham, se não me engano, mais do que o dobro. Ganhou Garotinho, com folga.
O argumento mais seguro para inviabilizar a candidatura de Eduardo Campos talvez seja a economia, mesmo considerando o que disse Cesar Maia no seu Ex-Blog de ontem: “A questão econômica só é determinante numa eleição num quadro crítico que afeta o emprego e o bem estar da população. (...) Se a eleição fosse em 2013, seria um fator desprezível”. Mas isso depende do público envolvido, ele mesmo reconhece: “Todas essas questões apontam para um público introduzido no economês, que não representa 2% dos eleitores, ou provavelmente já tem opinião formada. Mas tem utilidade na captação de recursos daqueles que se sentem incluídos na política econômica que o candidato projeta”. É aí que entra a campanha de Eduardo Campos, quando faz críticas à política econômica do Governo Dilma. Ele busca ao mesmo tempo falar o economês que agrada a quem traz recursos e que agrada também à classe média desiludida com os tucanos. Se a economia avançar significativamente – o que poderá acontecer até o segundo semestre –, ele ficará completamente sem argumentos. Talvez lhe baste, então, uma vaga promessa de apoio em 2018.
O importante é saber que a candidatura de Eduardo Campos é pra valer, ninguém tenha dúvida. O que ninguém pode assegurar é que ele vá conseguir seguir até o fim. Mas é só segurar mais um pouco que teremos a resposta.