domingo, 10 de março de 2013
As tristes lembranças do PIC
Na sua coluna de hoje,
Elio Gaspari, tratando da morte de Rubens Paiva nas dependências da ditadura,
fala de um detalhe no documento da Comissão da Verdade que me fez lembrar meus
tempos de repórter da Veja, em São Paulo. Diz o documento que o assassinato de Paiva foi “consumado
no Pelotão de Investigações Criminais do PIC do DOI/Codi do I Exército.” Elio
Gaspari esclarece que “não existia PIC do DOI. O PIC era do batalhão da PE
(Polícia do Exército). Funcionava no mesmo pavilhão que o DOI e seus oficiais
circulavam pela central de suplícios”. Em 1968, apesar de fazer parte da editoria
de Arte, fui cobrir uma entrevista de Norma Bengell que tinha acabado de ser
libertada pela tropa da ditadura. Ela declarou na hora que tinha sido levada em
um fusca de São Paulo para o Rio, conduzida para o Quartel da Polícia do
Exército e colocada em uma sala “que tinha uma placa com PIC na porta”. Acho que era uma quarta-feira, voltei para
redação, levantei mais informações e só no dia seguinte escrevi a reportagem.
Antes, notei que nenhum jornal diário tinha explicado o que significava PIC.
Lembrei uma coisa que quase ninguém sabia na redação: Harry Laus, o subeditor
de Artes Plásticas, tinha sido oficial do Exército. Foi ele que me falou que
PIC significava Pelotão de Investigações Criminais. Fomos os primeiros a falar
isso. Mas não é uma boa lembrança, evidente. Mesmo porque não era a sigla que
importava. Se era para ter sigla, bastava uma: P.D. – Porões da Ditadura. Prefiro a sigla D.N.M. –
Ditadura Nunca Mais.
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