quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Marqueteiros de Alckmin desafiam a fúria de tucanos, pefelistas e da imprensa

Nada de fogo no palheiro. O programa de Alckmin desta quinta-feira à noite foi muito bom, sem precisar baixar o cacete no Lula. Um ritmo excelente, emocionante, um Alckmin quase convincente. Aliás, esse é o ponto mais fraco do programa - o candidato. Alckmin teria que ter feito um descondicionamento comportamental antes da campanha. Os lábios apertados, inseguros, um ar ligeiramente falso, tudo isso contribui contra a campanha pessedebista. Os marqueteiros têm que enfrentar os desvairios de Antonio Carlos Magalhães, Fernando Henrique Cardoso, Cesar Maia e outros menos cotados e ainda têm que fazer omelete de um chuchu. A competência e o bom senso predominaram e foram tirados os quadros de pura agressão desesperada (agora adotados por Cristovam, que adotou também uma postura e um jogo de câmeras ridículos, aparentemente emprestados pelo candidato petista do Rio, Vladimir Palmeira...). Os marqueteiros alckmistas devem ter desconfiado da isca fácil. Se a agressão continuasse, só serviria para ceder direito de resposta ao adversário, e mais nada. Além disso, pra que fazer um programa de pura batelança, se a grande imprensa já está fazendo isso sem parar? Mas, se o programa de Alckmin está tão bom, porque não consegue alterar o cenário? Fácil: porque o programa de Lula está melhor. Enquanto Alckmin acelera, Lula desacelera. Alonga-se nos temas, fala de coisas simples do povo, amorna a campanha, dentro de uma linha sábia para quem está liderando com folga. Repito meu conceito preferido: quem está na frente não olha pra trás. E é exatamente isso que a campanha de Lula consegue fazer. Os entrevistadores do Jornal da Globo se exasperam, e Lula segue firme, chamando um e outro de "Meu filho", "Minha filha". Os blogs vociferam, TVs, rádios, revistas e jornais mancheteiam absurdos, todos querendo transformar Lula em um ser satânico, e ele fala que no nosso Brasil de misérias muitas vezes, antes mesmo de pescar, é preciso dar um jeito de matar a fome, nem que seja conseguindo comida com o pescador que está ao lado. Alguém tem argumento contra uma boa história de pescador? Os marqueteiros de Alckmin já demonstraram que têm lá sua competência, e é bom saber que essa campanha 2006 está cheia de bons marqueteiros. Mas o melhor de todos ainda é o próprio Lula.