segunda-feira, 7 de agosto de 2006
O mundo se surpreende com a organização do Hesbolá na guerra contra Israel
Todos nós já estávamos acostumados com os conflitos do Oriente Médio, era Golias super-armado de um lado contra um Davi pé-rapado de outro. Resultado: Golias vencia sempre, com muita facilidade. Essa nova guerra Israel-Líbano mudou o script. O frágil e desorientado Davi organizou-se e cresceu. O que antes se alimentava de fanatismo hoje se alimenta de inteligência, disciplina – e um bom apoio de Síria e Irã, através de treinamento e um bom arsenal de armas modernas, que ninguém é de ferro... Desde a última ocupação israelense, em 2000, a milícia xiita-libanesa Hesbolá não tem feito outra coisa a não ser organizar-se, conquistar corações e mentes da população civil, treinar e armar-se. Um dos grandes carregamentos de armas teria ocorrido em dezembro de 2003, quando ocorreu um terremoto no Irã. Os aviões de ajuda humanitária da Síria teriam voltado com armas para o Hesbolá. Armas modernas, de controle sofisticado, mísseis anti-tanques e anti-casernas(!), que viraram um pavor para os soldados israelenses. “O Hesbolá é uma milícia treinada como um exército e equipada como um estado, e seus combatentes não são como o Hamas ou os palestinos em geral; são treinados e altamente qualificados(...) estamos surpresos”, declaram soldados que voltam do front. O Hesbolá construiu uma rede de túneis para realizar ataques-surpresa com seus mísseis e sumir inesperadamente, a exemplo do que os chechenos fizeram para atacar o exército russo. Trata-se de um pequeno exército de apenas 2.000-4.000 homens, mas com uma grande rede de militantes temporários capazes de garantir logística e armazenagem de armas e munição. Timur Goksel, consultor político sênior da Unifil, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano, fala com admiração do Hesbolá: “Eles não temem mais o exército israelense como antigamente. Sabem que é feito de pessoas normais, com seus pontos fracos e seus pontos fortes. Eles estudaram a guerra assimétrica (desproporcional) e têm a vantagem de lutar em seu próprio terreno, entre seu povo, que eles prepararam para enfrentar exatamente o tipo de avanço israelense. Eles querem que Israel estenda suas linhas de suprimentos para ficar mais fácil atingir”. Olhando esse novo cenário, é bom saber que o fanatismo cede terreno à inteligência. Mas seria melhor ainda se todas as partes envolvidas usassem a inteligência para acabar com a insanidade da guerra. Acesse reportagem do The New York Times.