terça-feira, 1 de agosto de 2006
Israel não vai parar o massacre
Neste fim de semana assisti à discussão de duas pessoas sobre a “guerra” do Oriente Médio. Uma dizia que era um absurdo, Israel não podia fazer isso. A outra concordava, mas discordava, alegando que Israel tinha o direito de defender sua terra, reagir ao seqüestro de seus dois soldados. Pensei que as duas tinham razão, mas que não existe razão na guerra. Pensei melhor e concluí que existe razão, sim. Não é possível que o mundo inteiro se mobilize, milhares de mortes aconteçam, milhões de dólares sejam consumidos sem alguma razão por trás de tudo isso. Se não é razão pura, deve ser uma razão de novo tipo. Encontrei esse excelente artigo de Alexander Cockburn, na newsletter americana CounterPunch, publicado também em The Nation, “O triunfo do realismo maluco”, em que ele fala do pensamento estratégico das “legiões de carniceiros de Bush, Rice e Israel”. Em tom indignado, Cockburn procura demonstrar que o seqüestro dos soldados israelenses foi apenas o pretexto que estava se procurando há algum tempo. Segundo ele, o massacre do Líbano estava sendo planejado há pelo menos um ano. E ele ainda vai mais longe: em 2001 o Pentágono já teria a lista de 7 países para atacar, dentro de uma planejada campanha de 5 anos: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Irã, Somália e Sudão. Tudo isso faria parte do pensamento estratégico descrito por C. Wright Mills (sociólogo americano) no seu livro The Causes of World War Three, em 1958 (mesmo ano em que Eisenhower enviou seus marines para o Líbano...), como sendo “the crackpot realism” (algo como “realismo maluco”). Seria uma mistura de retórica moralista com oportunismo, no meio de medos e demandas difusos. Para os crackpot realists, a guerra resolve muitos problemas. No lugar do medo desconhecido, da ansiedade sem fim, eles preferem a simplificação da catástrofe conhecida. Eles acreditam que vencer significa alguma coisa – embora nunca digam o quê. Cockburn lembra que as “legiões carniceiras de Israel” estão apenas reciclando a maluquice de “extirpar a semente terrorista”, como fizeram em 1982 e quando o crackpot realist supremo, Henry Kissinger, anunciou a carnificina da época como sendo um “revigorante começo”. Como a gente pode ver, existem muitas razões para a guerra, por mais malucas que elas possam parecer. Vale a pena ler o artigo completo de Alexander Cockburn (onde ele também fala que 98% dos congressistas americanos são comprados!). É interessante também o artigo de Molly Moore, no site do The International Institute for Strategic Studies que mostra como o conflito atual voltou a separar americanos e europeus.