quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Espiões americanos em choque por causa do Irã

Spy vs Spy, criação do refugiado cubano Antonio Prohia, revista MAD A guerra do Iraque causou no mínimo uma grande baixa nos Estados Unidos: a queda de confiança nos serviços de espionagem americanos. Desde que a administração Bush enganou o mundo com dados de seus serviços secretos sobre as “armas biológicas” de Sadam Hussein, os espiões não são mais os mesmos. O mundo não acredita mais, o congresso americano não acredita e, pior, os espiões não se acreditam mais – se é que algum dia acreditaram. As reclamações sobre a “inteligência” americana ficaram mais fortes com a recente divulgação do relatório do congresso americano sobre o Irã. Os congressistas acusaram diretamente as agências de inteligência de minimizarem o papel do Irã na relação com o Hesbolá e de superestimarem a previsão do tempo necessário para o Irã produzir uma arma nuclear. O consenso entre as agências é de que o Irã pode levar de 5 a 10 anos para construir a sua própria bomba. E os republicanos perguntam irritados: “E se a Coréia do Norte ajudar?” A questão é que os espiões não têm certezas suficientes. Eles não podem garantir, por exemplo, que o Irã tenha ordenado ou controlado os ataques do Hesbolá contra Israel. Antes das armações feitas para justificar a Guerra do Iraque, eles teriam mais certezas. Hoje, preferem ficar na dúvida. “É claro que o Irã lucrou com a situação”, disse o General Wayne A. Downing Jr., antigo comandante de Operações Especiais e conselheiro de antiterrorismo no primeiro governo Bush. “Mas será que o Irã está manipulando tudo? Os caras com quem tenho falado dizem que não”. Talvez os espiões saibam mais do que querem afirmar. Mas sabem também que algumas informações duvidosas podem ser usadas pela administração Bush para forçar ações de guerra. Na dúvida, os espiões preferem ficar em silêncio. Enquanto isso, a política belicista de Bush bate cabeça. (Leia reportagem de Mark Mazzeti no