Não há dúvidas sobre a importância da imprensa para a humanidade. A informação, a análise, a fiscalização, o debate, o abrir horizontes, estimular o ser humano na sua caminhada permanente. Mas nem sempre o jornalista faz um bom trabalho ou um trabalho independente. Pode ser por problemas de formação, com faculdades ainda capengas lançando profissionais despreparados. Pode ser por um mercado de trabalho desestruturado, com poucas oportunidades e péssimas condições de emprego. Pode ser por causa dos interesses financeiros ou políticos das empresas jornalísticas. O jornalista Luiz Gutemberg, por exemplo, costumava dizer que é difícil encontrar um órgão de imprensa que não dependa do poder público. E essa parece ser uma história antiga, como revelam as manchetes do jornal francês “Le Moniteur”, em 1815. Em 7 de março, surgiu a informação de que Napoleão Bonaparte tinha deixado a ilha de Elba e avançava com 1.200 homens rumo a Paris. Foram essas as manchetes que descreveram esse avanço: • O ogro da Córsega acaba de desembarcar no golfo Juan. • O tigre chegou a Gap. • O monstro dormia em Grenoble. • O tirano atravessou Lyon. • O usurpador está a quarenta léguas da capital. • Bonaparte avança a grandes passos, mas nunca entrará em Paris. • Napoleão estará amanhã em frente das nossas muralhas. • O Imperador chegou a Fontainebleau. • Sua Majestade Imperial entrou no Castelo das Tulleries, no meio dos seus fiéis súditos. Moral da história: como é difícil ser jornalista!