O Financial Times de ontem publicou reportagem (de Demetri Sevastopulo em Washington, Neil Buckley em Moscou, Daniel Dombey em Londres e Jan Cienski em Varsóvia) sobre a ameaça da Rússia de pular fora do tratado de controle de armas nucleares. É a sua resposta aos planos americanos de instalar uma rede de mísseis defensivos no Leste Europeu. O argumento de Yury Baluyevsky, Chefe do Estado Maior do Exército Russo, é simples: apesar do tratado de 1987, russo-americano, que trata de forças nucleares intermediárias, banir mísseis com alcance de 500 a 5.500 km, há "evidências (...) de que muitos países estão desenvolvendo e aperfeiçoando foguetes de médio alcance". Acontece que os Estados Unidos estão negociando com a Polônia e a República Tcheca a instalação de radares e mísseis interceptadores. É verdade que o primeiro-ministro polonês, Jaroslaw Kaczynski, já declarou que sua participação no sistema depende de certas condições. Mas Vladimir Putin já advertiu que a instação desses mísseis pode levar a nova corrida armamentista, e não aceitou a desculpa americana de que os mísseis são apenas para proteção contra a Coréia do Norte e o Irã. Oficiais da OTAN dizem que os que os russos querem de verdade é participar do sistema de mísseis defensivos. Ou seja: por trás de tudo está uma grande disputa em parte política, em parte por interesses no mercado armamentista (se é que é possivel fazer a separação). A nós, pobres mortais, só resta roer os dentes e torcer para que essa nova "guerra fria" não acabe em "Fogo!".