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sábado, 1 de setembro de 2007

3º Congresso do PT: a recuperação da auto-estima

O PT cometeu erros. Ninguém discute mais isso. Erros primários, de principiantes, talvez próprios de um partido ainda jovem, que teria chegado à Presidência da República muito cedo. Mas o seu grande erro político foi ter deixado aberto um flanco tão imenso para o ataque adversário. Por dois motivos principais: 1) a questão ética sempre foi uma bandeira forte do partido, que não poderia ter sido arrebatada como foi; 2) o PT é o partido que mais valoriza a organização partidária, e assim o possível erro de um indivíduo passa a ser visto como erro de todo o PT (bem diferente do que ocorre com qualquer outro partido). Somemos a isso uma oposição aguerrida, disposta a recuperar a qualquer custo o poder que detinha, com dinheiro na mão, controle da mídia e no comando da classe média dos principais centros urbanos - e teremos um ataque adversário poderoso, praticamente imbatível. Diante dessa situação, o que se via nos últimos meses era um PT acuado, cauteloso, desculpando-se por existir e apoiado unicamente na figura de Lula e da política social do seu governo. Com os ataques da crise aérea, parecia que o fim do partido estava próximo. Mas o julgamento do mensalão, ao contrário do que se esperava, deu novo ânimo ao PT. Primeiro porque deixou claro que as acusações contra seus antigos dirigentes fundamentam-se em quase nada. Segundo, porque deixou evidente o jogo da oposição - com apoio na grande imprensa - para usar o julgamento com o objetivo único de destruir o partido. O importante não era encontrar a verdade, mas, sim, acabar com o PT. Nesse 3º Congresso em São Paulo, os petistas voltaram a se encontrar com orgulho. Ovacionaram o seu líder José Dirceu e, acima de tudo, voltaram a ter um contato direto com Lula, livre da intermediação de notícias distorcidas. Ninguém chegou lá com a cabeça baixa que a oposição esperava. Nem o partido caiu na armadilha de abrir mão de candidatura própria para 2010. Ora, se outros partidos da aliança têm candidatos próprios, por que o PT não pode ter? Isso faz parte do jogo político. Não é imposição, é parte de qualquer negociação de aliados que querem, juntos, encontrar o melhor caminho da vitória. Outro aspecto importante foi a vitória das teses da CNB (Construindo um Novo Brasil, novo nome para o Campo Majoritário). Foi vitória por maioria absoluta, mostrando que o partido não se curvou à mídia. Houve alguns vacilos, desnecessários, de algumas propostas (derrotadas) ingenuamente anti-José Dirceu. Foram propostas que poderiam fazer algum sentido há dois anos atrás, quando o partido estava inteiramente nas cordas. Aprová-las agora significaria cair de joelhos. E não é isso que o 3 º Congresso quer. O ambiente está carregado de energia positiva, e a sensação que se tem é que os petistas estão saindo de alma lavada.

terça-feira, 13 de março de 2007

O noticiário da reforma mostra que a imprensa está mais perdida do que "bala perdida"

Uma coisa é certa: Lula driblou a imprensa na questão da reforma ministerial. Faz meses que a mídia dá grande destaque a tudo que se refere ao tema, sempre com informações desencontradas. Vejamos alguns jornais de hoje. A Folha diz que Lula disse ao PT que "não tem pressa". O Globo, ao contrário, diz que Lula deu "ultimato ao PT". O Estadão diz que "Lula começa reformas, mas esbarra no PT". Ao contrário, Zero Hora diz "Lula convence PT a ceder mais espaço no governo". Todo estão com algumas informações certas, mas estão equivocados na visão geral. Discutem se Lula é contra ou a favor do PT, se cedeu ou não cedeu ao Campo Majoritário, se traiu ou não traiu Jobim e esquecem o principal: a reforma ministerial já foi feita. Ela mostra a cara de um governo de centro-esquerda, com uma grande coalizão que tem no PT e no PMDB seus principais partidos e que conta com ampla maioria no Congresso. Foi realizado o que foi anunciado desde as eleições, a tão falada "concertación", a que este Blog se referiu inúmeras vezes. Há detalhes que envolvem 2010 (Marta, por exemplo), mas que já estão em fase de superação. Já está na hora de parar com esse tiroteio de notícias alucinadas.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Lula está certo quando dá bronca no PT pelas brigas que saem na imprensa e está certo também quando diz que não há racha no PT

Lula apareceu no encontro do Diretório Nacional do PT e reclamou de ver mais notícias sobre as brigas internas do PT do que notícias sobre as realizações do Governo. Estava certo. As lideranças do PT têm que estar mais atentas às manipulações da grande imprensa conservadora. Desde 2005, qualquer grão de areia petista pode virar terremoto nas manchetes do dia seguinte. Mais: a imprensa usa esses “problemas petistas” para tentar minar o Governo. As lideranças petistas – não importa de qual tendência interna – não pode se entregar à manipulação da imprensa. Isso é contra sua própria tendência, seu próprio partido, seu próprio governo. Fora do ambiente petista, Lula declarou que o PT “não está dividido nem rachado (...) está exercitando uma coisa que chamamos de democracia”. A imprensa tratou de ver nisso uma contradição – afinal, o PT está ou está rachado? Claro que não está. Esse tipo de debate interno no PT sempre existiu – desde que o PT é PT. E não significa racha. Pode parecer loucura, mas é exatamente isso que o Lula falou – o exercício da democracia. Devo dizer que essa democracia petista, nas vezes que presenciei, me pareceu extremamente chata – mas devo reconhecer que parece necessária ao partido. Talvez as tendências minoritárias estejam se aproveitando da imprensa conservadora para tentar minar o chamado Campo Majoritário que conta, entre outros, com o grupo liderado por José Dirceu, que foi por muitos anos a principal referência interna. Se isso é verdade, é um risco muito grande, que pode minar a todos. A imprensa conservadora não pode ser vista como tendência interna – e sim como adversária. Aliás, isso serve não apenas para o PT. É uma regra básica para todos os partidos progressistas.