segunda-feira, 29 de setembro de 2014
A ESCOLHA DE SOFIA DA OPOSIÇÃO
“tudo muda o tempo todo no mundo
não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo”.
Lulu Santos / Nelson Motta
Uma semana para a eleição. A última pesquisa Datafolha apresenta, entre os votos válidos, 45% para Dilma, 30 para Marina, 20 para Aécio e 5% para os outros candidatos. Nesse quadro, Dilma precisa ganhar apenas 5 pontos dos adversários para vencer no primeiro turno. Não é uma tarefa fácil, mas não é impossível. Dilma teria que conquistar um pouco dos Não-Votos e um pouco de voto útil em cima dos adversários. A oposição no entanto não tem nisso a sua maior preocupação. Pensa apenas no segundo turno e o seu dilema é: quem vai ser rifado, Marina ou Aécio? Contas e mais contas, reuniões e mais reuniões estão sendo feitas para se chegar a um denominador comum. Os defensores de Aécio argumentam que ele é que tem maior capacidade administrativa, estaria mais preparado para derrotar Dilma e para domar o Congresso. Marina, para seus defensores, seria a novidade capaz de criar uma forte onda anti-PT e conseguir a vitória no segundo turno.
Mas acredito que a luz amarela está cada vez mais intensa na campanha da candidata da Rede. Ela começa a balançar em um momento que é difícil conseguir reverter o movimento. Há duas semanas escrevi que “Marina não foi favorecida pelo Horário Eleitoral. Primeiro, porque o tempo é curto (...) e o desempenho de Marina foi abaixo da crítica. Seu discurso é rancoroso, sem motivar ninguém”. Mas admiti que em “um possível segundo turno o programa de Marina pode melhorar bem. Primeiro, porque todo programa eleitoral que sai dos atuais 2 minutos para os 10 minutos do segundo turno ganha ares de vitorioso”. Ainda acho (sem muita convicção) que o mais provável é um segundo turno entre Dilma e Marina, mas não é o que pensa, por exemplo, Fernando Brito, do Tijolaço, que neste domingo me alertou para os arredondamentos estranhos do Datafolha em votos válidos, mostrando Marina e Aécio com 31% e 21%, quando deveriam ter 30% e 20%. Parece uma tentativa de reduzir o ritmo de avanço de Dilma, principalmente quando vemos na pesquisa anterior que a candidata petista teve seu índice reduzido em um ponto. Fernando Brito acredita que Aécio passa Marina.
O sociólogo Fabio Gomes, do Instituto Informa, aparentemente também acredita nessa possibilidade, embora prefira, em vez de fazer previsões, fazer reflexões. Ele me enviou esse texto com um gráfico de Padrões de Escolha Eleitoral (clique na imagem para ampliar):
Em recente palestra sobre comportamento eleitoral para executivos, evitei fazer previsões. Fiz, no entanto, reflexões com base em uma plataforma analítica que desenvolvi, alinhando a experiência nos últimos 17 anos de investigação do comportamento do eleitor e algumas Teorias das ciências políticas. Os quatro eixos para a escolha de uma candidatura podem subsidiar reflexões sobre o andamento das campanhas. Marina tem dificuldades com os dois primeiros (“competência para o exercício” e “competência política”) - e será muito testada e atacada nesses eixos nos próximos dias. Dilma, pela insatisfação com o governo, deverá argumentar os quatro eixos. Já Aécio, encontra dificuldades nos dois últimos eixos: “sentimentos despertados” e “imagem pessoal”. Melhor refletir do que prever. O comportamento eleitoral não é tão previsível como desejam alguns.
Pelo que entendi, a partir dessas reflexões, os participantes da palestra, que tenderiam para Marina, passaram a acreditar que Aécio teria mais condições para o cargo, poderia fazer mais frente a Dilma.
Agrego a isso percepções positivas de superação, que ele receberia por ultrapassar Marina na reta final. O que acho complicado é o tempo curto e a falta de unidade da oposição. Esse marécio em que a oposição navega contribui cada vez mais para que a sua escolha de Sofia transforme-se em escolha de Dilma...
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segunda-feira, 15 de setembro de 2014
15/09: mais 41 dias (ou apenas 20?) para a provável reeleição de Dilma
A não ser que aconteça outro desastre que jogue tudo pelos ares, a eleição caminha para vitória de Dilma sobre Marina no segundo turno. E há até quem aposte em vitória absoluta já no primeiro turno. Depois dos sacolejões em todas as campanhas, trazendo à tona o nome de Marina como candidata aparentemente viável eleitoralmente, o Horário Eleitoral, com alguma ajuda do noticiário, deu uma rearrumada nas preferências eleitorais.
O programa do PT, conduzido por João Santana, fez bem a Dilma. Com seus quase 11 minutos e meio, Dilma deitou e rolou (e agora até dá passos de funk!!!). Pôde mostrar tudo que fez, pôde mostrar tudo que ainda vai fazer, pôde falar à vontade – até com certa naturalidade – e ainda pôde desconstruir Marina.
Aliás, acusam o PT por seu trabalho de desconstrução da Marina (algo absolutamente natural em marketing eleitoral, desde que não haja golpe baixo), mas ninguém fala do maior desconstrutor de todos, que está sendo o Aécio – conseguiu desconstruir ele mesmo... No começo do Horário Eleitoral, achei estranhíssimo, na TV tucana, a opção por predomínio da câmera lateral, colocando o candidato falando só Deus sabe pra quem. Depois, quando notei a câmera frontal, entendi tudo: as características histriônicas de Aécio são perturbadoras. Fala com rosto trincado, olhos espantados, sorriso forçado, passa muita insegurança. É verdade que melhorou muito nos últimos programas. A qualidade da produção é outra. Mas definitivamente Aécio não passa a imagem que a oposição esperava tanto dele, não é aquele político forte e entusiasmante que poderia enfrentar o PT de Lula.
Marina não foi favorecida pelo Horário Eleitoral. Primeiro, porque o tempo é curto (2 minutos), comparado com o latifúndio de minutos que os adversários têm. O tempo também foi curto para refazer a estrutura do programa (estruturado para Eduardo Campos). E o desempenho de Marina foi abaixo da crítica. Seu discurso é rancoroso, sem motivar ninguém. A sua biografia ficou minguada. Não apresentou nada tcham e seus apoios até agora não convenceram. Gostei do bate-palmas contra Dilma, mas rendeu pouco.
Em um possível segundo turno o programa de Marina pode melhorar bem. Primeiro, porque todo programa eleitoral que sai de 2 minutos no primeiro turno para os 10 minutos do segundo turno ganha ares de vitorioso. Segundo, ganharia também planejamento dos programas. Falta apoio qualificado. Fala-se agora em trazer o Paulo de Tarso para reviver o clima “lulalá” (ele trabalhou na campanha petista de 89), o que significaria um clipão de artistas mais ou menos famosos, etc. Marina poderia repensar o que disse e tentar dizer algo positivamente consistente. Poderia contar (será?) com apoio de Aécio no segundo turno, mas não sei se isso seria positivo ou negativo (quem vai avaliar é Alckmin, o candidato tucano de 2018). Muita coisa poderá ser feita, para reverter o andar da carruagem. Mas, desculpe, Marina morena, parece que o eleitor ficou de mal – de mal com você...
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