A conquista da Rocinha realizada ontem pelo Estado do Rio de Janeiro, com apoio federal e municipal, vai além da vitória das forças de segurança contra os barões do tráfico. Significa um passo importantíssimo pela democracia e pelas desigualdades sociais. Mais do que o domínio da droga e da violência armada, o que existia ali - e em outros locais semelhantes - era o domínio do atraso. Os benefícios sociais estavam impedidos de subir a favela por causa de suas barreiras medievais. Ao contrário do que alguns podem crer, não havia Robin Hood na parada. Vivia-se sob o domínio do medo, sem acesso a nada. Contraditoriamente, o traficante Nem dava valor a certas conquistas sociais. Quando foi preso, fez questão de ligar para a mãe e aconselhar seus próprios filhos a não deixarem de ir à escola. Sem contar que ele declarava - e até pagava! - o Imposto de Renda... Significativamente, as pessoas que estavam ao meu lado (eu estava no interior do Rio), continham as lágrimas assistindo o discurso de Sérgio Cabral comemorando o feito. O dia13 de novembro de 2011 tornou-se histórico, passou a marcar uma espécie de Abolição da Escravatura na Rocinha (aliás a Princesa Isabel morreu em um 14 de novembro).
Nota: somente agora, dia 15, li a entrevista que Nem deu a Ruth de Aquino na revista Época do dia 11. Emocionante. Faz bem ler. Aqui.