terça-feira, 9 de outubro de 2012
São Paulo, cada vez mais verde-amarela
No início do ano (4 de fevereiro), postei aqui que “até as pedras sabem que São Paulo quer mudar”. Não estava inventando história para juiz dormir. Naquela época, já existia uma pesquisa Datafolha (27 de janeiro) que apontava Serra (21%) e Russomano (17%) empatados tecnicamente e seguidos de Netinho (11%), Soninha (9%), Paulinho (8%), Chalita (6%), Haddad (4%), Afif (3%), Fidelix (1%) e Borges (1%). Mas também tive acesso a outras pesquisas que apontavam Haddad com mais de 40%, quando seu nome era associado a Lula. E escrevi: “O povo paulistano está vendo no Brasil que está à sua volta um mundo inteiramente novo e bem melhor, no qual ele não está inteiramente inserido. O paulistano quer renovação, quer viver 100% o Brasil de Lula e Dilma”. Para ilustrar o post, fiz um mapa de São Paulo com seus bairros em verde e amarelo (uma divisão, aliás, bem próxima do mapa eleitoral que a Folha divulgou). Os resultados do primeiro turno começam a me dar razão – mas por que demorou tanto? Acho que houve tropeços táticos na campanha petista. Contaram com um Lula que ainda não está a todo vapor. Possivelmente, confiante demais na garantia de Lula na conquista do voto de perfil popular, a campanha (de excelente qualidade) ganhou um ar extremamente classe média. Foi em busca do voto com tendência mais tucana. Não viram (ou não consideraram) que o ambiente de eleitor tradicionalmente petista coincide com o de eleitor evangélico. Foi a liga necessária para o impulso de Russomano. A tática petista teve a vantagem de não permitir o crescimento de Serra – mas isso não era o mais importante, já que sua rejeição altíssima e seus “aliados” de todas as plumagens se encarregariam disso. Foi preciso acender a luz verde-amarela para que a campanha de Haddad partisse para cima de Russomano em busca do eleitor perdido. Acabou dando a lógica que tinha sido abandonada. Agora, dificilmente Haddad perderá. A cidade mais poderosa do país certamente se incorporará a um Brasil novo, mais vibrante e menos desigual – tudo aquilo que São Paulo precisa – e deseja – ser.