segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Saudades do César Maia
Gosto de ver o César Maia e sua paixão pelas pesquisas e pelo marketing político. Mesmo sabendo que torce e retorce a seu favor, é bom vê-lo trazer a discussão para primeiro plano, tentar apresentar todos os detalhes que o favoreçam. Hoje ele se apressou em mostrar que o seu partido, o DEM, cresceu em número de eleitores, quando a mídia insiste em destacar que encolheu no número de prefeituras. Ontem, tentou forçar a crença na vitória de Gabeira, tentou provar que o alto grau de "abstenção" prejudicaria Eduardo Paes. Manuseando inúmeras ferramentas estatísticas, ele procurou provar, no Ex-Blog de domingo, que a eleição seria "definida pelo perfil da abstenção. Em geral a abstenção incide mais sobre os mais idosos e os mais pobres. Sendo assim a vantagem é de Gabeira". Claro que isso era apenas um forte desejo. Ele quis acreditar que seria assim, mas nada de concreto existia nesse sentido. Se é verdade que entre "mais idosos" e "mais pobres" existe mais dificuldade de locomoção, é verdade também que é nessa faixa que está mais forte o sentimento cívico e onde há mais conhecimento político-eleitoral. Além disso, ele "esquece" os "eleitores fantasmas", aqueles resultantes de falha na atualização do cadastro do T.R.E. Eu diria que, desses 927 mil eleitores declarados como "abstenção", uns 300 ou 350 mil são "fantasmas", não existem, nem entraram nas pesquisas, mesmo tendo sido contabilizados como integrantes do eleitorado. Acrescentaria mais uma cosita: boa parte do eleitor tido como sendo de Gabeira absteve-se conscientemente, quando percebeu as alianças do candidato verde-tucano. Houve também, na Zona Sul, a declaração de voto envergonhado em Gabeira, daquelas pessoas que preferiam não se colocar contra a esmagadora maioria. Nada disso conta para César Maia. O que conta para ele é um desejo incontrolável de dar cientificidade aos seus desejos políticos.
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