domingo, 28 de agosto de 2011

Steve Jobs e a Bauhaus - bela homenagem

Na Folha de hoje, Fabio Cypriano escreve o artigo "Jobs massificou a utopia de design da Bauhaus", onde aponta os bits em comum entre as escolas Apple e Bauhaus, a grande escola de vanguarda do design, da arquitetura e das artes plásticas de 100 anos atrás. Não uso produtos Apple, até mesmo por questões (contraditoriamente) funcionais. Mas admiro Jobs e suas criações, assim como admiro a Bauhaus.

JOBS MASSIFICOU A UTOPIA DE DESIGN DA BAUHAUS
Fabio Cypriano

É difícil apontar alguém que melhor tenha conseguido pôr em prática, em escala massiva, a utopia da Bauhaus, a escola alemã criada em 1919, do que Steve Jobs.
O arquiteto Walter Gropius (1883-1969), fundador da escola, apregoava: "Queremos criar uma arquitetura clara, orgânica, cuja lógica interna será radiosa e despojada".
Essa pode ser uma descrição precisa de qualquer produto criado por Jobs.
Os computadores da Apple ou seus "gadgets" - como o iPod, o iPhone ou o iPad - seguem à risca o princípio de que "design é função, e não forma", como seu ex-presidente-executivo costuma defender, e o que é outro dos grandes pilares da Bauhaus.
Por isso, seus produtos não apenas inovaram no conteúdo -como no uso do MP3, nos celulares com touch screen e nos tablets- mas o design de todos eles foi criado de forma absolutamente coerente com o que cada um dos aparelhos proporciona.
E foi por isso que, assim como os produtos da Bauhaus, com seus móveis de linhas simples e funcionais, os produtos da Apple se tornaram os grandes objetos de desejo da primeira década do século 21.
Claro que por trás de tudo isso está também o designer inglês Jonathan Ive, mas se sabe que Jobs sempre exerceu grande influência sobre seu trabalho, obrigando, por exemplo, que o iPod tivesse um desenho mais simples.
Outra semelhança entre a Bauhaus e Jobs é a pesquisa de materiais.
O computador transparente, o iPod em plástico policarbonato branco e cromado reluzentes, os laptops em metais como titânio e alumínio, todos eles foram fundamentais na mistura de função e forma.
Mas um dos trunfos mesmo é a importância que Jobs deu aos detalhes, o que o colocou milhões de anos-luz das outras empresas.
A sofisticação das embalagens e até mesmo dos fios que conectam seus produtos à energia levaram a Apple a ser reverenciada por uma horda de viciados, que formavam filas intermináveis para o lançamento de cada nova invenção, como as filas para admirar a "Monalisa".
E a comparação, aqui, não é aleatória, pois Jobs, afinal, merece mesmo ser considerado o Leonardo da Vinci do século 21, como publicou a revista "Artinfo".