O PT nasceu com o apoio das ruas. Com um ingrediente a mais, fundamental – a organização operária do ABC paulista. O PT soube unir nas suas manifestações de rua a classe operária e a classe média democrática, a sua receita para chegar ao poder. E ao chegar ao poder conseguiu imprimir um avanço social impensável 10 anos atrás. O PT sabe como nenhum outro partido sentir o cheiro das ruas. Mas, no poder, qualquer um corre o risco do “efeito vitrine”, por melhor que seja. E o “faro” fica prejudicado pela realidade de um ambiente político ainda tão atrasado. O Governo do PT, um partido de rua e de luta, demorou a perceber a importância que um apelo de 20 centavos pode ter. Claro que nessas manifestações tem muitos oportunistas, provocadores, aproveitadores da oposição conservadora, vândalos, e coisas assim. Mas há também uma nova geração que está às margens do mundo político e que quer se manifestar. São jovens que não conhecem as ruas como os mais velhos conheceram, mas que são habitués das amplas avenidas da internet – ou, como diz Paul Virilio (“Velocidade e Política”), das autoestradas informacionais e cibernéticas.
Não foram apenas os tempos que mudaram – o tempo mudou. Estar antenado é estar no mínimo nessa nova velocidade. O Governo do PT (o partido melhor preparado para conduzir o país) precisa se antenar ainda mais. Precisa desse novo modo de pensar para poder mudar a política, fortalecer a democracia e avançar nas conquistas sociais. Não podemos correr o risco de outra marcha à ré. Ou de perder tempo por causa de um sinal fechado. O tempo “ruge”. As novas ruas avançam.