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terça-feira, 18 de junho de 2013

As ruas pedem passagem


O Toledo, grande figura, publicitário da MPM, contava que lá pela década de 50 ou 60, não lembro, o Partido decidia, por exemplo, fazer uma ação junto aos bondes. Eles chegavam lá na Marechal Floriano (Rio), subiam em um dos bondes, afastavam o motorneiro, assumiam o comando e iniciavam um discurso para os passageiros. Logo, logo, a gente notava - dizia Toledo - que os “passageiros” eram na quase totalidade companheiros do Partido... Era um daqueles momentos em que o “subjetivo” não sintonizava com as “condições objetivas”. Mesmo assim, ações como essa eram importantíssimas na formação política dos jovens. Essas manifestações de rua fortaleceram o movimento estudantil, contribuíram para elevar o nível de consciência da população e foram fundamentais para a resistência à ditadura. Participei da primeira manifestação de rua depois da consolidação da ditadura militar, em 65, contra a invasão de Santo Domingo. Mais tarde, no meu primeiro dia de Faculdade (FNFi, no Rio), o nosso “trote”, digamos assim, foi de protestos, polícia, pancadaria, gás lacrimogêneo. A resistência democrática apanhou, foi torturada, mas o Brasil venceu.
O PT nasceu com o apoio das ruas. Com um ingrediente a mais, fundamental – a organização operária do ABC paulista. O PT soube unir nas suas manifestações de rua a classe operária e a classe média democrática, a sua receita para chegar ao poder. E ao chegar ao poder conseguiu imprimir um avanço social impensável 10 anos atrás. O PT sabe como nenhum outro partido sentir o cheiro das ruas. Mas, no poder, qualquer um corre o risco do “efeito vitrine”, por melhor que seja. E o “faro” fica prejudicado pela realidade de um ambiente político ainda tão atrasado. O Governo do PT, um partido de rua e de luta, demorou a perceber a importância que um apelo de 20 centavos pode ter. Claro que nessas manifestações tem muitos oportunistas, provocadores, aproveitadores da oposição conservadora, vândalos, e coisas assim. Mas há também uma nova geração que está às margens do mundo político e que quer se manifestar. São jovens que não conhecem as ruas como os mais velhos conheceram, mas que são habitués das amplas avenidas da internet – ou, como diz Paul Virilio (“Velocidade e Política”), das autoestradas informacionais e cibernéticas.
Não foram apenas os tempos que mudaram – o tempo mudou. Estar antenado é estar no mínimo nessa nova velocidade. O Governo do PT (o partido melhor preparado para conduzir o país) precisa se antenar ainda mais. Precisa desse novo modo de pensar para poder mudar a política, fortalecer a democracia e avançar nas conquistas sociais. Não podemos correr o risco de outra marcha à ré. Ou de perder tempo por causa de um sinal fechado. O tempo “ruge”. As novas ruas avançam.

sábado, 24 de março de 2012

Chico Anísio pra valer

Quem diria, Chico Anísio morreu. Será? Desde que me entendo por gente que vejo ele por perto, fazendo graça da vida. Talvez às vezes nem tivesse graça, mas foi sempre genial, indispensável para a cultura nacional. Fico feliz de ter tido a ideia de fazer esse comercial utilizando o seu quadro da Escolinha do Professor Raimundo, isso na década de 80, quando era redator da MPM Propaganda, que tinha a conta de publicidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Mergulhei no espírito da coisa assistindo vários programas e as falas saíram exatamente como escrevi. A direção foi de Carlos Manga. Obrigado pela inspiração, Chico Anísio.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Escondidinho, na sexta-feira



Durante um tempo, na década de 80, as minhas “nights” de sexta-feira tinham “embalos” bem diferentes da maioria das pesoas. Morava em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, e mal chegava da empresa onde trabalhava (MPM Publicidade) saía de carro novamente. Pegava a Rua Alice, atravessava o túnel Rio Comprido e parava o carro na Rua Barão de Petrópolis, ali na entrada da comunidade do Morro do Escondidinho. Subia e, bem lá no alto, batia na porta de uma companheira de movimento político clandestino. Ela juntava outras pessoas e íamos para um posto de saúde, sempre fechado, onde discutíamos, entre outras coisas, “O Capital”, de Marx.
O tempo passou, durante o Governo Sarney foi consolidado o fim da ditadura, as minhas (poucas) noites de sexta-feira no Escondidinho ficaram na lembrança. Com o domínio do tráfico nas comunidades cariocas, o “capital” passou a ser de outro tipo, a violência armada ditou o ritmo local. Recentemente (no ano passado), indo para uma produtora de vídeo mais ou menos perto dali, em Santa Teresa mesmo, dei de cara com um jovem de granada na cintura e uma pistola na mão. Não aconteceu nada demais, foi um encontro casual. Comentei o fato com o Governador Sérgio Cabral que me deu uma resposta que, de alguma forma, me fez sentir certa esperança no ar. Na madrugada de sábado para domingo, saiu a resposta que estava escondidinha. O Escondidinho e mais 8 comunidades das proximidades foram ocupadas pelas forças policiais do Rio de Janeiro, com participação também da Marinha e da Polícia Rodoviária Federal. Tudo com eficiência e tranquilidade, cumprindo o cronograma de implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Daqui pra frente, os “embalos” do Escondidinho serão mais animados.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Legalizar o jogo é bom ou ruim? Façam as apostas...


Quando trabalhava na MPM, a agência ganhou (ou estava prospectando, não sei) a conta de um cassino (ou seriam todos os cassinos) em Aruba. Lembro que fiz um anúncio (não deve ter sido veiculado) que gostei muito e que dizia: “Jogue fora o dia-a-dia. Jogue em Aruba”. Lembro também de histórias contadas pelo profissional que atendia a conta. Disse que quando estava em visita ao cassino o cliente apontou alguém que estava jogando e disse: “Aquele ali tem crédito de até 4 milhões de dólares. É ministro na Bolívia”. Outra vez me contou que tinham chegado ao Rio dois “representantes” do cassino – para cobrar dívida de alguém...
Apesar desse, digamos, envolvimento que tive, sempre fui contra jogar a dinheiro. E me tornei, naturalmente, sem moralismo, contra a legalização do jogo. Mesmo assim, ainda na MPM, fiz muitas campanhas, algumas premiadas, para as loterias da Caixa. E sempre adorei ver “The Cincinnati Kid” (“A Mesa do Diabo”, com Steve McQueen e Edward G. Robinson) ou o pôquer do Cassino Royale . Na semana passada, li que o Governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, tinha defendido publicamente a legalização do bingo. Antes, já tinha defendido a descriminalização tanto da maconha quanto do aborto e comentei que ele, definitivamente, adorava uma polêmica. Ele respondeu dizendo que era sempre polêmica das boas causas. E, para certa surpresa minha, acrescentou: “Te confesso que não acho a menor graça em jogo e apostas. Nunca fui a Las Vegas na minha vida nem a Punta del Este. Entretanto tenho pavor de burrice!!!”
Basicamente, Sérgio Cabral argumenta que a maioria dos países (como Estados Unidos, Itália, Canadá, Argentina e China) permite os jogos, mas o Brasil não - o que faz com que o dinheiro gerado acabe não sendo destinado a fins sociais.
“O Brasil tem problemas muito maiores quando torna o jogo ilegal porque a renda não é destinada a ajudar pessoas como acontece na Loterj”, declarou Sérgio Cabral aos jornais.
Não me considero burro, mas ainda tenho algumas dúvidas. Quero dizer, porém, que essa nova polêmica lançou novos dados na cabeça e comecei a tender mais para a legalização. Preto ou vermelho?

sábado, 26 de maio de 2007

Sexo, política e corrupção

Luiz Macedo, dono da MPM, durante 17 anos a maior agência de propaganda do país e que durante muito tempo deteve as principais contas governamentais, costumava dizer: "Quando sexo e política se misturam, as coisas se complicam". Pura verdade. Quem não se lembra de Chappaquidick, que acabou com as pretensões presidenciais de Ted Kennedy? Ou do Príncipe Charles? Ou dos outros escândalos, com ingredientes político-sexuais tipicamente britânicos? Não esqueço também a queda do poderoso congressista americano, Wilbur Mills, envolvido com uma bombshell argentina, Annabel Battistela, que até me inspirou um poema, "Anna who?" (ver no sidebar). No passado brasileiro não muito distante tivemos a baixaria de Collor contra Lula. Tem os caos mais recentes das orgias brasilienses. Essa mistura de sexo e política tem sido assim, complicada, no mundo inteiro. E quando se acrescenta corrupção, a mistura fica ainda mais explosiva. É isso que estamos vivendo no momento. Uma mistura explosiva, partindo da Operação Navalha (na Carne...) e chegando às páginas escandalosas da revista Veja. É um cenário com os mais importantes atores da nossa política, envolvidos em uma trama de final imprevisível. Houve excessos da Polícia Federal? Talvez, e isso realmente deve ser evitado, principalmente se conduzir a um estado policialesco. Houve invasão de privacidade? Houve, sim, e isso deve ser evitado - desde que essa privacidade não envolva bens públicos. O fato é que vivemos uma situação delicada, de fragilização de nossas instituições, que merece muita atenção. É necessário ir fundo nas investigações, mas, ao mesmo tempo, não podemos acreditar que a solução se completa dessa maneira. A corrupção precisa ser combatida pelas raízes, é necessária a criação de mecanismos que não permitam que ela se oxigenize. Não podemos cair no conto dos "éticos de palanque", mas é claro que precisamos de um choque de ética na administração pública, se queremos preservar a democracia representativa. Quanto aos escândalos político-sexuais... esses não acabarão nunca!