domingo, 5 de outubro de 2014

SURPRESAS E NÃO-SURPRESAS DA ELEIÇÃO



1. A maior surpresa, claro, foi a morte de Eduardo Campos. A ascensão de Marina, não foi surpresa – eu mesmo previ isso, baseado no efeito comoção (só não previ a rapidez da ascensão e queda).
2. Outra surpresa foi o tucano que tinha virado pó ter conseguido tornar-se um pó-ssível (ou pó-cível), como dizia meu amigo Edson Vidigal, nas suas campanhas da década de 60 para vereador de Caxias, Maranhão. É verdade que Aécio foi muito ajudado pela incompetência da campanha de Marina (iniciada com o imbróglio do “sim, pastor Malafaia”), mas foi principalmente o poder paulista e a mídia que conseguiram fazê-lo alçar voo novamente. Curiosamente, se conseguir o segundo turno, como indicam as pesquisas, talvez tenha contra ele exatamente o poder paulista do vitorioso Alckmin, que está de olho em 2018.
3. A vitória de Alckmin não foi surpresa, assim como não foram surpresas, para mim, as vitórias de Dilma e Pezão, no Rio. Em agosto do ano passado, postei no meu Blog: “Adoro bola de cristal. Desde que tenham pesquisas por trás, perfis bem definidos, muita informação, histórico bem avançado de todos os atores e cenários – enfim, um papo aqui, papo acolá, e imaginação com pé no chão. Vou usar minha bola de cristal para tentar prever três resultados eleitorais”. Os três resultados:
a. Dilma (PT) vence, talvez no primeiro turno.
b. Alckmin (PSDB) vence em São Paulo.
c. Pezão (PMDB) vence no Rio (...). Talvez seja a previsão mais polêmica, mas é bom lembrar que, hoje, os principais nomes (além do Pezão, temos Lindberg, do PT, talvez Garotinho, do PR, e Cesar Maia, do DEM) estão praticamente em empate técnico, com a vantagem para Pezão de ser o menos conhecido e de poder contar com a máquina estadual e a com a política de segurança que mais deu certo até agora. (...) Pezão conta também com a alta rejeição dos outros três e não se contamina com a rejeição (talvez temporária) de Sérgio Cabral. Seu estilo pé no chão, realizador, alheio aos holofotes passou a ser grande virtude para o momento.
Aliás, há pouco mais de 3 meses, o jornalista Roberto Barbosa me perguntou pelo Skype quem venceria, Pezão ou Garotinho? Respondi Pezão. Ele disse que, se isso acontecesse, ele publicaria que eu fui o único oráculo que tinha previsto isso quando Pezão ainda estava com 4%. Veremos no Blog do Roberto Barbosa.
4. Depois do desastre do avião, o maior desastre, para mim, foi a campanha de Lindberg para o Governo do Rio. Pensei, inicialmente, que ele iria para o segundo turno junto com Pezão. Mas seu marketing eleitoral foi errado do começo ao fim. Percebi logo pela foto oficial. Como ainda trazia resquício de cara-pintada, irreverente, daqueles que entram na casa dos eleitores e pedem para tomar banho, conhecido como “Lindinho” por mocinhas enlouquecidas, foi necessário dar seriedade à sua imagem para se qualificar como “Governador”. Foi o que fizeram, mas exageraram na dose: além de sério, ele ficou de cara triste. Não parou por aí. Um quadro forte e repetido exaustivamente em seu programa de TV, mostrava Lindberg atacando o candidato Pezão com a mesma cara triste, cercado por jovens cabisbaixos, mais tristes ainda. Faltou a alegria que ele sempre soube imprimir às suas campanhas. Pior: trouxe para o foco inicial o conceito de cidade partida / estado partido ou “ricos versus pobres”. Muito bom, mas com o desenvolvimento errado – em vez de usar isso para uma proposta de unir/nivelar os dois mundos, ele ampliou o abismo, dando um tom que parecia condenar o mundo da classe média. A classe média que estava pronta para abraçá-lo, mas acabou largando-o no abismo. Como disse Quaquá, presidente do PT-RJ, para o candidato: “Fizeram de você o Não-Lindberg”.
5. Uma grande e simpática surpresa foi o candidato a Governador do Rio, pelo PSOL, Professor Tarcísio. Já conhecia pessoalmente, porque ele esteve, anos atrás, na minha empresa, como um dos dirigentes do SEPE. Mas jamais poderia imaginar que ele teria desempenho tão excelente.

Meus votos, logo mais, não serão surpresas – apenas o voto para Senador, que decidi ontem, depois de um bom papo com meu cunhado, Edwaldo Cafezeiro.