Eleições em Israel: quem será o infiel da balança?
A rigor, em política não existe o fiel da balança. O equilíbrio político é na verdade conquistado com o recurso de pequenas “infidelidades” (raramente são grandes “infidelidades”). Essa eleição de Israel – sempre cenário de grande confusões – dá exemplo do que é isso. O partido centrista Kadima, do atual Primeiro-Ministro Ehud Olmert e da vitoriosa Tzipi Livni, venceu (para surpresa geral) porque conquistou o maior número de cadeiras no Parlamento (28 cadeiras, do total de 120). Mas podemos dizer que há um empate técnico. Logo atrás veio o direitista Likud, de Benjamin Netanyahu, com 27 cadeiras. Em seguida vêm o Yisrael Beitenu, Avigdor Lieberman, de extrema direita, com 15 cadeiras, o tradicional Avoda (Partido Trabalhista), de Shimon Peres e Ehud Barak, com 13 cadeiras, e o Shas, de direita (embora faça parte do atual governo), com 11. Por último, vêm 7 partidos menores que, juntos, conquistaram as 26 cadeiras restantes (outros 22 partidos – ou coligações –, entre eles o "Partido do Poder do Dinheiro", o "Partido dos Direitos dos Homens" e o "Partido dos Sobreviventes do Holocausto", não tiveram votos suficientes para conquistar lugar no Parlamento). Agora começa a parte mais “xadrez” da eleição: as negociações para determinação do Primeiro-Ministro e seu Gabinete. A disputa está entre Tzipi Livni e Benjamin Netanyahu, e a questão estritamente ideológica passa distante. O Kadima de Tzipi Livni (que venceu detonando o campo da esquerda, como disse Yossi Verter, do Haaretz) acena para a direita e não me espantaria ver o Yisrael Beitenu participando do governo, substituindo o Partido Trabalhista (que conta com a liderança de Ehud Barak, atual Ministro da Defesa, que comandou os ataques a Gaza!), que poderá ir para a Oposição. Fidelidades ideológicas, para quê? A verdadeira união é feita em torno da guerra à Palestina. Veja a relação dos partidos e suas cadeiras:
Kadima ("Avante", centrista) 28 cadeiras
Likud ("União", de direita) 27 cadeiras
Yisrael Beitenu (de extrema direita, com base entre imigrantes vindos da antiga União Soviética) 15 cadeiras
Avoda (Partido Trabalhista, centroesquerda, de Shimon Peres, David Ben-Gurion, Yitzhak Rabin, Golda Meir e Ezer Weizman) 13 cadeiras
Shas (partido de direita) 11 cadeiras
Judaísmo Torah Unido (ultra ortodoxo) 5 cadeiras
União Nacional (direita) 4 cadeiras
Hadash (árabe-judeu, de esquerda) 4 cadeiras
Lista Árabe Unida -Ta’al (nacionalismo árabe-israelense, com influência muçulmana) 4 cadeiras
Lar Judeu (religioso, de direita) 3 cadeiras
Meretz (Vitalidade, de esquerda) 3 cadeiras
Balad (auto definido como partido nacional progressista para os cidadãos palestinos de Israel) 3 cadeiras