quarta-feira, 22 de abril de 2009
O perigo da percepção: você compraria uma passagem usada deste homem?
O político Fernando Gabeira não se tornou nem melhor nem pior depois dessa história das passagens aéreas. Ele continua sendo o mesmo Gabeira que era jornalista, que se tornou "guerrilheiro" de esquerda, que foi exilado, que voltou verde, com novas propostas comportamentais, usando tanguinha e defendendo o uso da maconha, que se candidatou com essas bandeiras, primeiro pelo PV e depois pelo PT, que foi eleito com votos mínimos, que depois levantou a bandeira da "ética", deu uma guinada mais à direita, aliou-se à Oposição, passou a ser eleito com votos máximos e, na última eleição para Prefeito do Rio, surpreendeu e que, por pouco, pouco, muito pouco mesmo, não foi eleito. O que mudou então? Acontece que as bandeiras são intocáveis. A bandeira que dá mais votos é também a que mais tira quando é contrariada. Com a bandeira da "ética", Gabeira tinha conquistado corações e mentes dos lacerdistas do Rio de Janeiro. Ele já era considerado pule de 10 para uma das vagas ao Senado em 2010, e havia até quem considerasse que seria um bom candidato a Governador (um risco muito grande de ficar sem cargo, principalmente para um político que já beira os 70). Hoje já existem no mínimo fortes dúvidas entre os moralistas lacerdistas. Há quem seja categórico em afirmar que ele agora só garante a eleição de Deputado. Talvez sim, talvez não. Depende muito de suas próximas ações, se serão convincentes ou não. Ele fez bem em não querer aparecer no noticiário (ontem o Jornal Nacional finalmente colocou seu nome em pauta, mas parece que ele não quis gravar entrevista). Seu texto de hoje no blog é bom, promete luta, mostra que ele entrou em parafuso, mas tenta se recuperar ("Pela primeira vez, acordo otimista para ir a Câmara. Acho que há condições de superar esta crise das passagens aéreas"). O problema é que as percepções não costumam ficar apenas arranhadas. Elas são o que são, ou deixam de ser. Não dá para fazer uma simples maquiagem. É preciso reconstruir a imagem. São necessários outros ritos de passagem.
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