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A volta do Delúbio
Essa semana o Delúbio Soares me telefonou, perguntou se eu não ia tomar posição aqui no Blog sobre a sua reivindicação de reintegração ao PT. Já tinham me dito que ele era leitor do meu Blog, mas fazia tempo que não nos falávamos. Aliás, poucas vezes nos falamos, mas sempre foi em clima bem simpático. Em uma das últimas vezes, no início de 2002, não pude atender a uma sugestão sua. Ele de certa maneira me sondou sobre a possibilidade de fazer campanha eleitoral para o PT. Respondi que infelizmente não seria possível, por questões éticas, já que minha empresa atendia na época o Governo do Estado do Rio de Janeiro, e Garotinho, então Governador, poderia ser candidato à Presidência da República. Cada um seguiu seu caminho, mas o clima de amizade continuou. Nessa questão do seu retorno a seu partido, sou favorável, porque acredito inteiramente nas razões apresentadas em sua carta ao Presidente Nacional do PT, acredito quando ele escreve que cada dia de sua vida "foi dedicado ao PT e à causa de construção de um país mais justo e solidário”. Mas não me sentia confortável para opinar, porque não sou filiado ao PT. Pelo que pude perceber até aqui, há duas questões principais sobre a aprovação ou não da sua volta. A primeira, gira em torno de se ele “pagou” ou não “pagou” pelos seus “erros” partidários. A segunda, indaga sobre a oportunidade ou não dessa volta, já que estamos à beira de um ano eleitoral importante e o retorno do Delúbio ao PT certamente será muito explorada pela Oposição. Não quero me intrometer na primeira questão, mas me sinto bem à vontade para falar da segunda questão. Claro que no dia seguinte à aprovação da reintegração de Delúbio, a grande imprensa vai estampar as primeiras páginas com algo como “líder dos mensaleiros volta ao PT”, algumas sessões do Congresso serão gastas com discursos oposicionistas em torno do assunto e, quem sabe, algumas manifestações pela “ética na política” sairão às ruas. Alguma dúvida quanto a isso? Não. Mas não tenho dúvida também que algo semelhante ocorrerá, mesmo sem a volta de Delúbio. A Oposição não tem discurso para 2010, e a reintegração de Delúbio não vai lhe significar um único voto novo. Ela já percebeu que seu adversário não é a candidata do PT, mas, sim, a candidata do "político mais popular do mundo". O discurso chamado "ético" não terá peso substancial, porque estará enfrentando o discurso do mais emprego, do mais crescimento, da redução da pobreza, do sucesso internacional, da empatia com relação a Lula. Essa questão do "volta" ou "não volta" do Delúbio está me soando muito mais como uma questão de luta interna do PT. Acredito que ele será reintegrado. Leia a íntegra da carta de Delúbio:Ao Presidente Nacional do PT, Dep. Ricardo Berzoini
Cada dia de minha vida foi dedicado ao PT e à causa de construção de um país mais justo e solidário. São públicos os fatos que levaram ao meu afastamento do Partido dos Trabalhadores, Partido que ajudei a fundar e ao qual dediquei minha vida, desde sua fundação. Relembro que todos os meus atos sempre foram pautados pela vontade política da transformação social e econômica deste país. Notório também e do conhecimento de todos que sempre apoiei e contribuí com o Partido, sempre ao lado de meus companheiros e comprometido com a causa coletiva, nos momentos bons e nos momentos de dificuldades.
Exilado, cumpro meu degredo doloroso há mais de 3 anos, afastado do Partido dos Trabalhadores, sem que a essência de nossa causa deixasse de pulsar em meu coração e permanecer em minha mente. Com minha vida investigada e virada do avesso, não pesam sobre mim acusações de qualquer alcance de dinheiro público e não sou acusado de um único ato que visasse meu beneficio, seja político, financeiro ou pessoal. Sinto-me cumprindo a pena capital, o que não é - nem nunca foi - compatível com nossos ideais.
Por isso, venho como cidadão, eleitor e principalmente como militante que viveu e vive essa causa como sua própria, pedir minha reintegração ao PT, onde quero ser mais um militante de base, com os ideais e compromissos intactos, firmes e sólidos.
Saudações, Delúbio Soares de Castro