terça-feira, 17 de junho de 2008
Eleição no Rio: o tiro pela culatra do candidato Crivella
No ano passado, o Senador Bispo Crivella, candidato do PRB à Prefeitura do Rio, me falou com entusiasmo e me deu um DVD sobre o Projeto Cimento Social no Morro da Providência, Rio de Janeiro. Conversamos um pouco sobre o local (primeira favela carioca, que subi em 2000 para fazer o primeiro programa da campanha de Benedita), mas, principalmente, fiquei ouvindo ele falar sobre o projeto, a nova tecnologia no revestimento (ele é engenheiro também) e a importância para a comunidade, com casas melhores e mais seguras (à prova de bala). Não nos encontramos mais. Mas tenho acompanhado com interesse seu trabalho como candidato, e tenho ficado bem impressionado por sua desenvoltura e eficiência, mesmo sem contar com nenhum marqueteiro a tiracolo. Seu trabalho de assessoria de imprensa tem sido irretocável e, até agora, não tinha notado nenhum erro de campanha. Mas Crivella errou feio ao acreditar que a presença do Exército no projeto seria sinônimo de segurança absoluta. Qualquer Pesquisa Qualitativa com discussão em grupos de áreas mais carentes mostraria uma visão diferente do papel do Exército. É verdade que a presença das Forças Armadas costuma transmitir sensação de segurança, e o melhor exemplo disso foi a Eco 92, que reuniu inúmeros Chefes de Estado (ainda durante o Governo Collor) e mostrou um Rio de Janeiro de calma e tranqüilidade. É verdade também que se fala muito de um "acordo" entre a Polícia Federal com os traficantes para que reinasse a paz naqueles dias e que as armas dos soldados estavam sem munição. Com tudo isso, a sensação de segurança foi muito valiosa. Mas, como eu dizia, as discussões de grupo acabam revelando que a população também tem noção de que isso dura pouco. Com o tempo, os soldados acabam adquirindo os mesmo vícios dos policiais. Pior: a grande maioria dos soldados vive em comunidades dominadas pelo tráfico. Resultado: os soldados podem se tornar reféns dos traficantes e, algumas vezes, podem estar a seu serviço. Esse episódio no Morro da Providência com exposição prolongada do Exército no serviço policial demonstra a necessidade de extremo cuidado em uma decisão desse tipo. A revelação da cumplicidade de seus oficiais e soldados em ato de barbárie contra membros da comunidade foi um verdadeiro tiro na testa na imagem do nosso Exército. E acabou espalhando estilhaços contra a campanha até agora impecável de Marcelo Crivella.
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