segunda-feira, 6 de julho de 2009
Por que a Oposição tirou o olho do Nordeste e passou a ver Minas com bons olhos
Os Maia (Rodrigo e César) deram bons sinais recentemente de que Minas é a nova menina dos olhos da Oposição (no mínimo, dos demos). O Deputado Rodrigo Maia, DEM, andou declarando sua afinidade com o tucano Aécio Neves, pré-pré-candidato à Presidência da República. E seu pai, o guru César Maia, escreveu no seu Ex-Blog de sexta-feira sobre “A importância de Minas Gerais em 2010!” Apesar dos números errados, ele dá indícios claros da sua visão estratégica: “Em grandes números, o Nordeste tem 20% dos eleitores e SP um pouco mais apenas. É provável que eleitoralmente se anulem em 2010”. Na verdade, pelos dados de maio de 2009 do TSE, o eleitorado do Nordeste corresponde a 27,04% do total e São Paulo a 22,35% – o que dá uma diferença de quase 5% a mais para o Nordeste... Ele continua: “O Sul tem uns 15% e o NO/NE (entendi que quis dizer CO/N) uns 10%. Aqui, o candidato a presidente da oposição, levará vantagem sobre 5 pontos, digamos, uns 30 pontos ou 1,5% sobre o total”. Os números corretos são: Sul, 14,99%; CO/N, 14,28%. Mas independente desses erros, as conclusões é que são curiosas – para não dizer que são bastante míopes. Como é possível vislumbrar São Paulo “anulando” o Nordeste, se, no segundo turno de 2006, Lula teve, no Nordeste, 13.613.901 votos a mais e, em São Paulo, teve apenas 1.012.162 votos a menos? Claro que ele deve contar que Dilma não terá o mesmo desempenho de Lula, mas, mesmo assim, salta aos olhos que está tentando tapar o sol com a peneira. Outra conclusão curiosa: “Portanto, a eleição terá Minas Gerais como seu palco principal e decisivo. Em 2006, se Alckmin tivesse tido em Minas Gerais a votação de Lula, e vice-versa, a eleição teria sido basicamente empatada no primeiro-turno”. Como seria possível isso? No primeiro turno, Lula ganhou de Alckmin em Minas com 1.040.932 a mais, e no total com 6.693.996. Se invertêssemos, isto é, se tirássemos a vantagem de Lula e passássemos para Alckmin, ainda assim Lula teria 4.612.132 votos a mais. No segundo turno, seria ainda mais difícil, porque Lula ganhou em Minas com diferença de 3.173.189 votos e, no Brasil, com 20.751.864 – sendo 13.613.901 a mais no Nordeste. O que há de diferente, então? Aécio. A Oposição, no meu modo de ver, desistiu de acreditar em sucesso no Nordeste e passou a investir onde poderia alterar resultados significativamente. Assim, a tradicional escolha de Sudeste-Nordeste para a Presidência e Vice ficaria em segundo plano. Seria lógico, por exemplo, dois nomes do Sudeste (Serra-Aécio) ou mesmo Aécio Presidente (garantindo vantagens no segundo maior colégio eleitoral) e Serra na reeleição para São Paulo (tentando ampliar vantagens no maior colégio eleitoral). Ainda assim, é difícil dar certo. Mas é bom que a candidatura Dilma abra o olho.
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