quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Prêmio Nobel de Economia critica nossa alta de juros: agora me sinto menos maluco


Terça-feira passada fiz uma postagem (Enigma do Copom: decifra-me ou aumento os juros) criticando a provável alta de juros. No dia seguinte, o Banco Central, seguindo o seu dever de casa, aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto. O que me surpreendeu foi ver pouca repercussão contrária à elevação, em comparação com o que acontecia no passado. O Globo chegou a colocar em sua primeira página manchete ridícula: "BC de Dilma aumenta juros para conter inflação de Lula". Nas páginas internas, reações contrárias de empresários e sindicalistas sem qualquer destaque. A Folha deu a notícia em segundo plano, na primeira página: "Pressão inflacionária faz BC de Dilma estrear com alta de juro". Nas páginas internas, a Folha valorizou a opinião do mercado financeiro, que exigia aumento ainda maior(!) e meio que desprezou opinião do setor produtivo, colocando apenas a voz contra do Presidente da Firjan, que lembrava que "a alta de juros impõe perda de competitividade à indústria nacional".
Na minha postagem, escrevi: "Os motivos inflacionários do final do ano passado já não parecem os mesmos e Guido Mantega está claramente empenhado em cortar gastos - mesmo mantendo a política de desenvolvimento. Os juros altos agora prejudicariam fortemente nossa moeda e nossa posição no mercado internacional, acabaria sendo ruim para nosso mercado interno". Mas fiquei me sentindo um peixe fora d'água. As medidas corretas tomadas nos últimos anos pelo Banco Central pareciam justificar qualquer coisa. Por isso foi com prazer que li a entrevista publicada ontem no Globo Online, dada à correspondente Déborah Berlinck, com o prêmio Nobel  de Economia, Joseph Stiglitz. Disse ele: "As pessoas têm que tomar cuidado para distinguir as fontes de inflação.Tem inflação importada, por exemplo, devido ao aumento dos preços dos alimentos ou energia. Isso tem que ser levado em consideração, mas não pense que se pode lidar com isso simplesmente através da elevação da taxa de juros. O pobre vai sofrer com o aumento dos preços (dos alimentos). Fazê-lo perder o emprego (como consequência do aumento de juros) não vai resolver o problema da sociedade". Ufa! Que bom saber que eu não tinha perdido o juízo. Leia a entrevista completa aqui.