terça-feira, 4 de janeiro de 2011
En garde: o Governo Dilma entra em campo para vencer
O objetivo maior de Dilma Roussef é dar continuidade ao Novo Brasil iniciado pelo Governo Lula. Um Brasil que não se conformou com a democracia formal e abriu caminho para uma democracia social, com participação popular e com direitos econômicos e sociais para a grande maioria “esquecida” da população. Dilma Roussef com certeza estará empenhada nessa continuidade – e terá consciência de que o seu maior desafio será ter que enfrentar a oposição elitista sem ter o mesmo carisma de Lula. Entre os desafios imediatos, vejo a política de juros e a política externa como os mais complexos e que exigem movimentos feitos com muita precisão.
Não há quem discorde de que não podemos manter o real supervalorizado, sob pena de naufragarmos no mercado internacional. Com os Estados Unidos e a Europa em crise, fazendo de tudo para conquistar mercados, e com a China forçando a desvalorização do yuan, ficaremos extremamente fragilizados com essa taxa de juros alta que traz mais e mais dólares para sobrevalorizar o nosso real. Mas como fazer para baixar juros com a economia aquecida e a inflação aproximando-se ameaçadoramente? Fala-se em redução do gasto público, aplicação de tarifas e outras medidas, algumas talvez necessárias, mas nenhuma milagrosa. A necessidade de competitividade internacional e a necessidade de conter a ameaça inflacionária continuarão juntas, em oposição, pondo à prova a nova equipe econômica. Mas não se pode, de forma alguma, tirar de perspectiva desenvolvimento com investimento social.
Na política externa, os desafios imediatos não são menores, exigindo mais e mais do tradicional pragmatismo do Itamaraty. Estados Unidos e Europa, envolvidos até a alma com a crise iniciada em 2008, tendem a se tornarem cada vez mais agressivos internacionalmente, em busca de saídas para a estagnação e o desemprego. É necessário que o Itamaraty saiba neutralizar a fúria dos desenvolvidos. Deve buscar entre eles aliados e parcerias, sem que isso signifique conter os avanços e a opção preferencial que fizemos junto à América Latina, África, Oriente Médio e a outros países emergentes. Além disso, esse tom de voz (necessário, e que só foi possível graças à política dos últimos 8 anos) mais afinado com os Estados Unidos não pode desafinar em defesa de nossos interesses geopolíticos. Nossas riquezas amazônicas e o pré-sal são intocáveis. Nossa política de apoio à América Latina e à África, a todos os povos em desenvolvimento, não pode esmorecer. Nossa altivez não está em jogo. Continuaremos altivo e ativos, como disse Celso Amorim. É só uma questão de saber movimentar com firmeza as peças do tabuleiro internacional, sem jamais abrir mão do que já conquistamos.
Dilma já demonstrou sua capacidade de luta e de gerenciamento e obviamente assimilou muito do jogo político de Lula. Tenho certeza que sairá vitoriosa. Touché!
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