segunda-feira, 11 de abril de 2011
Dilma na China: sem interrogações
No nome “Dilma”, a sílaba “dil” não tem correspondente em chinês (talvez a coisa mais próxima seja um tom baixo de “ti”). Resta apenas a sílaba “ma”, correspondente ao tom neutro do “ma” chinês, que significa “interrogação”, “partícula interrogativa”. Mas nem mesmo essa interrogação está chegando com Dilma à China, já que os jornais locais referem-se apenas a “Roussef” (罗塞芙, que ainda não consegui traduzir “ao pé da letra”...).
O importante nisso tudo é que não há dúvidas nessa viagem. Evidentemente, a relação Brasil-China é estratégica. Fortalece o BRICS e o G-20, além de ajudar Brasil e China separadamente. Para nós é indispensável certa equidistância dos dois principais polos internacionais. Não nos interessa afastamento dos Estados Unidos, mas não podemos voltar ao alinhamento automático que nos imobilizou por décadas. Da mesma forma, queremos nos relacionar com a China de igual para igual, de forma equilibrada e pragmática, buscando o que é melhor para nossos interesses – e isso já está bem definido.
Para os chineses, é importante um contraponto à aproximação que os Estados Unidos fazem a seus vizinhos asiáticos, principalmente Índia; para nós, é importante quebrar resistências ao ingresso no Conselho de Segurança. A China precisa muito de nossas fontes de energia; nós precisamos de tecnologia e investimento em infraestrutura. E ambos estamos interessados no fim da guerra cambial: mesmo considerando que a China foi um dos principais promotores dessa “guerra” (com a desvalorização artificial do yuan), o atual fluxo de capital (bastante especulativo) associado à flutuação dos preços das commodities pode enfraquecer as economias BRICS e pressionar pela inflação.
Se tudo correr bem, Dilma não apenas ficará sem a interrogação do nome – trará também uma exclamação de vitória na bagagem.