sábado, 30 de abril de 2011

Delúbio: a volta de quem não saiu


Estava ouvindo a CBN quando entrou o comentário semanal de Kennedy Alencar, quinta, sobre a reintegração de Delúbio Soares ao PT. Fiquei impressionado com o tom raivoso do comentário. Kennedy Alencar disse que a reintegração de Delúbio vai ter “impacto desastroso”, que o PT “vai pagar um preço muito alto por isso”. Pior: disse que “o Delúbio está fazendo chantagem política com o PT”!  Ou seja, que o Delúbio estaria se utilizando de informações privilegiadas para forçar a direção petista a reintegrá-lo. Bobagem. A expulsão de Delúbio, por mais que lhe tenha sido indesejável, jamais o transformou em um “não-petista”. Na carta que escreveu há dois anos ele dizia que cada dia de sua vida "foi dedicado ao PT e à causa de construção de um país mais justo e solidário”. Até onde sei e imagino (já que não pertenço a qualquer partido), ele não deixou de atuar dentro do ambiente petista. Sua mulher Mônica, valente, nunca deixou o Diretório Nacional do partido. A sua reintegração, portanto, ampliará a sua atuação e possibilitará que ele se candidate pela sigla – além do prazer pessoal de sair da categoria de persona non grata.
Claro que a reintegração implica reação negativa de parte da mídia e da classe média lacerdista. Mas nada de “impacto desastroso” ou “preço alto” para o PT. Creio que o Partido dos Trabalhadores não cai novamente na armadilha “ética” da oposição conservadora. O partido teve chance de compreender que defender a ética não é bandeira, mas uma postura natural de qualquer partido ou pessoa. O importante para um partido como o PT é manter firme suas bandeiras de cunho social, em defesa dos mais pobres, da igualdade social, do crescimento, além da independência e da altivez no plano internacional. Há dois anos defendi aqui (A volta do Delúbio) que “a Oposição não tem discurso para 2010, e a reintegração de Delúbio não vai lhe significar um único voto novo”. O PT preferiu esperar mais um pouco, por insegurança eleitoral. Mas agora não havia mais motivos para adiar. Na minha opinião, aqui de fora, a Direção Nacional agiu certo ao demonstrar que Delúbio nunca deixou de fazer parte do PT.