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sábado, 12 de maio de 2007

Habemus Papo IV: São Paulo é sinônimo de marketing religioso

Tudo nessa viagem do Papa é obviamente planejado, tudo é pensado com o objetivo de retomada do crescimento da Igreja Católica no Brasil. Se bobear, até a escolha da cidade de São Paulo é uma alusão a São Paulo, o apóstolo, ou, como diria Nietzsche, "o primeiro cristão, o inventor do cristianismo". Para Nietzsche, até então "havia apenas alguns sectários judeus." Bento XVI parece mesmo repetir Paulo que, como afirma o teólogo Fernando Altemeyer Júnior, "além de fazer uma peregrinação missionária original, criando vínculos em cidades importantes, soube escolher pessoas para multiplicar seu trabalho". Novamente, vou reproduzir trechos de uma monografia (não sei quem é o autor) bem interessante com o tema "Igreja como empresa", que pode ser obtida na íntegra no site Marketing e Fé Católica. Apenas farei alguns destaques:
As pesquisas das últimas décadas mostram como a pequena seita judaica criada por Jesus conseguiu sobreviver de maneira surpreendente à guerra de 66-70 d.C., em que os romanos praticamente massacraram os judeus. Isso ocorreu por obra de um homem que havia sido um implacável perseguidor desse povo convertido: o apóstolo Paulo, nascido em uma família israelita de Tarso, na atual Turquia, com o nome de Saulo.
No ano 48 d.C., realiza-se o Concílio de Jerusalém. Nessa reunião, Paulo conseguiu convencer Tiago, irmão de Jesus e líder da seita que continuou na Palestina após a crucificação, a permitir que pagãos convertidos fossem dispensados de seguir a Lei judaica, que estabelecia, entre outras obrigações, a circuncisão e os princípios de seleção e preparação de alimentos. Paulo prossegue com sua missão, mas a doutrina pregada por ele já não era a mesma da Igreja de Jerusalém.
Para Tiago e seus seguidores, Jesus era o Messias, que teria vindo ao mundo para livrar o povo judeu da opressão. Era o escolhido para implantar o Reino de Deus, isto é, governar Israel conforme a Lei. Paulo, porém, apresentava Jesus sob o nome grego Cristo, cujo significado era o mesmo de Messias em hebraico: "Ungido". O Cristo anunciado por ele era o Filho de Deus.
Tiago é morto por apedrejamento quatro anos depois. Paulo é decapitado em Roma depois por ordem de Nero. Mas o mundo conhecerá somente o Cristo de Paulo.
O Cristo celestial de Paulo obscurece o Jesus histórico, cresce com o Império Romano e se expande para o mundo.
Segundo o que se conhece sobre aqueles tempos turbulentos, a Igreja cristã de Jerusalém praticamente morreu com o massacre comandado por Tito no ano 70. Tiago e seus seguidores teriam sido judeus de origem humilde, talvez com modesta formação intelectual, afirma Robert Eisenman, diretor do Instituto de Estudos das Origens Judaico-Cristãs, da Universidade do Sul da Califórnia, em Long Beach, nos EUA. O sofisticado Paulo, ao contrário, tivera sólida formação na cultura greco-romana e preparou o caminho para que a expansão cristã pudesse prosseguir após sua morte.
Paulo permaneceu 18 meses em Corinto, na Grécia, pregando aos trabalhadores do porto e marinheiros, que passaram a difundir sua mensagem. "Paulo enxergava a direção que tomava o mundo e agiu para fazer o cristianismo crescer no futuro", diz o teólogo Hermínio Andrés Torices.
A intuição do apóstolo faz com que ele apresente a fé cristã com uma dramatização comovente e arrebatadora para os homens de um mundo sob domínio político opressivo.
Paulo, que conhecera os filósofos estóicos, como o romano Sêneca (4 a.C.- 65 d.C.), cria uma doutrina semelhante em alguns aspectos ao pensamento deles. O estoicismo, que esvaziava da filosofia o conteúdo político em favor da moral e da realização subjetiva, surgira a partir da perda da liberdade política das cidades-estado gregas para os conquistadores macedônios no século 4 a.C. A liberdade do cristão, diz Paulo, é a salvação obtida somente por meio da fé e do amor em Cristo.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Habemus Papo III: Jesus - sua cruz e seu marketing

O site Marketing e Fé Católica, que conheço de longas datas e já fiz referência aqui no Blog, tem uma monografia (não sei quem é o autor) bem interessante com o tema "Igreja como empresa". Em vez de falar sobre o texto, vou reproduzir trechos, bem apropriados nesse momento de exacerbação do marketing religioso:
Como diz o rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, “O progresso da ciência vai intensificar as crenças. Quanto mais rápidas forem as transformações da sociedade, mais as pessoas precisarão de um apoio, que pode estar na religiosidade”.
Sobreviverão as religiões que adaptarem-se a essas mudanças, principalmente no âmbito das novas tecnologias de comunicação, administração e Marketing.
É um Deus (personagem de Luiz Fernando Veríssimo) que conhece e faz uso de novas tecnologias, como a televisão, o e-mail (buscando de volta um pouco da vanguarda comunicacional que sempre pertenceu à religião).
e mostrar dados também de outras religiões que, ao contrário da católica, desenvolveram-se utilizando dos conceitos já desenvolvidos pelo marketing, coisa que Jesus e os apóstolos faziam sem cursos ou livre concorrência.
Em sua passagem meteórica pela terra, Jesus, o fundador da empresa cristã, utilizou muito bem as ferramentas de comunicação disponíveis, como analisa Kater Filho, consultor de marketing utilizado por instituições católicas.Para falar às multidões, ele subia às montanhas e usava o eco de sua voz para que um maior número de pessoas pudesse ouvi-la. Também escolhia o local em que praticaria os milagres. Fazia suas curas estrategicamente em cidades onde havia uma grande fluxo de viajantes. As pessoas que iam até as cidades para trocar produtos ou participar de festas voltavam para suas regiões levavam a notícia de que a boa nova estava acontecendo.
Sabia despertar em seus colaboradores ou discípulos o ardor missionário, ou, como diriam os homens de marketing de hoje, sabia motivar seus colaboradores para que fossem “por todo o mundo e pregassem o Evangelho a toda criatura”. De forma simples, introduziu o conceito do Marketing boca a boca, presente nas diversas religiões até hoje. (...) Ele fez um reposicionamento do Divino no mercado, adotando uma nova estratégia de marketing.
“O americano Rodney Stark (...) explica o fenômeno do crescimento vertiginoso do cristianismo, que passou de 1.000 devotos no ano 40 para mais de 30 milhões três séculos depois. De acordo com Stark, uma epidemia, provavelmente de varíola, que matou um terço da população do Império Romano por volta do ano 165, foi a tábua de salvação do cristianismo.
Possuíam, como possuem ainda, um logotipo tão bom quanto simples: a cruz, que diz tudo, e é muito fácil de ser reproduzido, sendo facilmente identificável por qualquer cultura. A Igreja criou um dos primeiros veículos de comunicação de massa da história, que é o sino, em uma época em não havia sequer um megafone. Os padres, nomeados pelos discípulos, mandavam erguer torres e criavam códigos. Três badaladas rápidas significavam que o padre estava chamando para uma reunião religiosa, ou a missa. Badaladas lentas avisavam as mortes. Essa comunicação se estendia por um raio de vários quilômetros. Os primeiros outdoors foram as torres das igrejas. Quando se entrava em uma cidade, o que se via primeiro era a torre, que virava um ponto de referência para a população.
Segundo Kater Filho, a confissão funcionava como uma ótima pesquisa qualitativa. O padre conhecia os problemas e os anseios dos seus fiéis e oferecia soluções durante as missas dos domingos, com passagens retiradas do Evangelho.
"Além de fazer uma peregrinação missionária original , criando vínculos em cidades importantes, ele soube escolher pessoas para multiplicar seu trabalho", afirma o teólogo Fernando Altemeyer Júnior (referindo-se a São Paulo). "Se fosse nos dias de hoje, ele usaria a internet."
João Paulo II pode ser considerado um dos grandes marketeiros do nosso século, como afirma Kater Filho: “O gesto de chegar a um país e beijar o solo, que inicialmente deve ter sido espontâneo, foi uma grande jogada de marketing".