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sábado, 30 de agosto de 2014

Atenção, senhores eleitores: apertem os cintos!


Será que a candidatura Marina alçou voo de tal forma que ninguém mais pode acompanhar? Nem tanto. Claro que houve o “voto-comoção” (que ajudou muito na apresentação de Marina como sucessora de Eduardo Campos) e também o voto-hay-gobierno?-soy-contra, incrustrado no rótulo de Não-Voto, responsável pelo grande impulso que Marina teve nessas últimas pesquisas Ibope e Datafolha. Mas será que a eleição presidencial já vive um voo sem volta? É claro que os números das pesquisas são desesperadores para Aécio e preocupantes para a candidatura Dilma. Mais preocupantes ainda para quem, independente do partido, não quer ver o Brasil mergulhado outra vez no vácuo do Consenso de Washington. Mas, calma, dá para recuperar o controle. Neste sábado, por exemplo, tanto André Singer quanto o próprio Mauro Paulino, do Datafolha, escrevem artigos com bons corretivos para esse frenesi da esquadrilha midiática.
André Singer (Rumo ao desconhecido) alerta que “há muito em aberto na candidatura pessebista”. Quais são os rumos que se pretende para uma suposta relação com o agronegócio? O programa social vai ficar solto no ar? E a base de apoio para governar, no caso de Marina eleger-se, será firme? André Singer lembra que, ao se comprometer com a independência do Banco Central, Marina aponta para um governo de “juros altos, recessão bem mais que técnica, corte de gastos públicos e desemprego”. Mais ou menos um “apertem os cintos, o piloto sumiu”.
Já Mauro Paulino (Sucesso de ex-senadora depende da cristalização do eleitorado) destaca que Marina superou o clima de “comoção”, superou o recall de 2010, abriu vantagem sobre Aécio em território exclusivo do tucano e cresceu significativamente entre os eleitores de “menor renda e baixa escolaridade, grupos onde Dilma e o governo sempre demonstraram grande força”. Mas alerta que “propostas concretas e claro programa de governo” serão decisivos. E conclui que a “ênfase exclusiva no discurso da ‘nova política’ pode, com o tempo, afastar parte dos recém-conquistados eleitores”.
Os índices estratosféricos de Marina dispararam em velocidade supersônica. Ela soube muito bem representar os que estavam insatisfeitos tanto com os vácuos do governo petista quanto com a insipidez da tentativa de voo tucano (que rapidamente virou pó). Mas até agora não conseguimos perceber um quod erat demonstrandun em suas propostas. É tudo muito frágil, contraditório, oportunista, rancoroso, tudo muito eólico e ao mesmo tempo uma guinada brutal rumo ao pior do nosso passado.
O Brasil não pode voltar a apertar o cinto e ficar eternamente preso a um mundo sem futuro. O que o Brasil precisa é de um voo tranquilo para dar asas à imaginação.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Com a palavra, os chefões das pesquisas


Esses dias, pelo menos três representantes de grandes institutos de pesquisa escreveram artigos ou deram entrevistas sobre o quadro eleitoral presidencial. Temos entrevista de Mauro Paulino (Datafolha) para o Terra Magazine, que também traz entrevista de Antonio Lavareda (MCI). Marcos Coimbra (Vox Populi) escreveu para o Correio Brasiliense. E Carlos Montenegro (Ibope) deu entrevista para o Balaio do Kotscho.
Achei muito consistente a entrevista de Mauro Paulino, onde destaca a imensa transferência de votos de Lula para Dilma: “Ele (Lula) tem um governo com uma taxa de aprovação inédita e o peso que isso terá nesse pleito já está sendo demonstrado. Comprovadamente ele já está transferindo muitos votos para Dilma”.
Lavareda, sabidamente tucano, prefere atribuir a recente subida de Dilma aos votos transferidos por Ciro. Isso poderia valorizar a presença de Ciro na garantia de segundo turno (como pensa Cesar Maia). Mas Marcos Coimbra observa: “É fácil se confundir na interpretação desses resultados, deles deduzindo que ‘Dilma precisa de Ciro’. Trata-se, no entanto, de um equívoco, que decorre de não se considerar o nível de conhecimento muito desigual que ainda há entre os candidatos”. Para Marcos Coimbra, “nessas pesquisas, mesmo no cenário sem Ciro, a possibilidade (de não haver segundo turno) parece remota”.
Montenegro dá a impressão de ser o menos preparado, nem parece representar um instituto de nome, como o Ibope. Poucos meses atrás, ele era categórico na afirmação da vitória de Serra (Fabio Gomes, do Informa, por causa de afirmações esdrúxulas, chegou a associá-lo à prática de “pesquisomancia”). Agora, já declara “se Dilma ganhar, não me surpreenderia”. E diz também que “o PT não ganha” – parecendo querer separar “PT” de “Lula”.
O que dá para perceber nas declarações de todos é o espanto com a ascensão de Dilma nas últimas avaliações. Por mais que tenham participado de milhares de pesquisas eleitorais, ainda se assustam com o poder de transferência de votos que Lula demonstra. O susto não seria tão grande se eles percebessem de uma vez por todas que essa é uma eleição plebiscitária, onde o caráter principal do voto será dizer “sim” ou “não” a Lula.