sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Com a palavra, os chefões das pesquisas


Esses dias, pelo menos três representantes de grandes institutos de pesquisa escreveram artigos ou deram entrevistas sobre o quadro eleitoral presidencial. Temos entrevista de Mauro Paulino (Datafolha) para o Terra Magazine, que também traz entrevista de Antonio Lavareda (MCI). Marcos Coimbra (Vox Populi) escreveu para o Correio Brasiliense. E Carlos Montenegro (Ibope) deu entrevista para o Balaio do Kotscho.
Achei muito consistente a entrevista de Mauro Paulino, onde destaca a imensa transferência de votos de Lula para Dilma: “Ele (Lula) tem um governo com uma taxa de aprovação inédita e o peso que isso terá nesse pleito já está sendo demonstrado. Comprovadamente ele já está transferindo muitos votos para Dilma”.
Lavareda, sabidamente tucano, prefere atribuir a recente subida de Dilma aos votos transferidos por Ciro. Isso poderia valorizar a presença de Ciro na garantia de segundo turno (como pensa Cesar Maia). Mas Marcos Coimbra observa: “É fácil se confundir na interpretação desses resultados, deles deduzindo que ‘Dilma precisa de Ciro’. Trata-se, no entanto, de um equívoco, que decorre de não se considerar o nível de conhecimento muito desigual que ainda há entre os candidatos”. Para Marcos Coimbra, “nessas pesquisas, mesmo no cenário sem Ciro, a possibilidade (de não haver segundo turno) parece remota”.
Montenegro dá a impressão de ser o menos preparado, nem parece representar um instituto de nome, como o Ibope. Poucos meses atrás, ele era categórico na afirmação da vitória de Serra (Fabio Gomes, do Informa, por causa de afirmações esdrúxulas, chegou a associá-lo à prática de “pesquisomancia”). Agora, já declara “se Dilma ganhar, não me surpreenderia”. E diz também que “o PT não ganha” – parecendo querer separar “PT” de “Lula”.
O que dá para perceber nas declarações de todos é o espanto com a ascensão de Dilma nas últimas avaliações. Por mais que tenham participado de milhares de pesquisas eleitorais, ainda se assustam com o poder de transferência de votos que Lula demonstra. O susto não seria tão grande se eles percebessem de uma vez por todas que essa é uma eleição plebiscitária, onde o caráter principal do voto será dizer “sim” ou “não” a Lula.