domingo, 24 de janeiro de 2010

Brasil – o Filho dos Lulas


Em 88, o PT reuniu em Cajamar, São Paulo, responsáveis pela comunicação petista nos diversos estados brasileiros. Discutiam-se os conceitos da campanha de Lula para a Presidência em 89, ao mesmo tempo em que o Núcleo Central procurava tirar dúvidas e unificar a comunicação nacionalmente. Em certo momento, um jovem, representando Tocantins (estado que começava a se emancipar de Goiás), colocou a dúvida: “Quando Lula for lá na minha terra, como é que comunico a visita?”. Alguém do grupo respondeu rápido: “É fácil. Basta fazer um cartaz dizendo TEM LULA NO TOCANTINS”. Todos riram com o trocadilho, menos o jovem que fez a pergunta, que voltou a falar: “Não entendi, de que vocês estão rindo?” Na verdade, ele nunca tinha ouvido falar de “lula”, o molusco. Lula, para ele, era apenas Luiz Inácio, o líder dos trabalhadores que iria se candidatar a Presidente pela primeira vez. Aquele jovem tocantinense talvez fosse mais um dos milhões de “Lulas”, esses teimosos que dão vida ao país. Essa é a importância do filme “Lula – o Filho do Brasil”, contar a epopeia desses anônimos, tirá-los do anonimato, mostrar o seu valor. Como faz “2 Filhos de Francisco”, de Breno Silveira, tomando como fio a história de Zezé di Camargo e Luciano. O filme de Fábio Barreto, que vi na sexta, faz o mesmo, toma a vida de Lula como fio da meada para contar a história de milhões de “Lulas” e vai além, mostra um trecho significativo dos anos negros da ditadura militar – fundamental que fiquem vivos na memória, para que jamais se repitam. “Lula – o Filho do Brasil” também serve para fazer propaganda da figura do Presidente da República, claro. Mas isso é coisa menor, que só preocupa à Oposição desorientada, que não sabe que rumo tomar na vida.