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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
A guerra contra a Itália
Na década de 70, fiz reportagem sobre motoristas de táxi brasileiros em Nova York (sugestão do Paulo Francis). Um deles me falou: “Vivia nas noites cariocas e resolvi dar a volta ao mundo em 10 anos, mas parei em Nova York”. Sem dinheiro, pensou em trabalhar na construção civil, mas foi logo alertado: “Latinoamericano não tem a menor chance, porque o sindicato é dominado pela máfia italiana”. Mesmo assim ele foi tentar e falou diretamente com o presidente, que lhe disse: “Você tá maluco? Não vai conseguir emprego aqui nunca! Você é brasileiro e o Brasil acabou de derrotar a Itália!” (tratava-se provavelmente do 4x1 da Copa de 70...) Quer dizer, a disputa Brasil x Itália é antiga e acirrada. Quase tão forte quanto Brasil x Argentina. E a partida de hoje tem o tempero adicional da disputa em torno da não-extradição de Cesare Battisti. Vai ser uma guerra. A título de curiosidade, continuo o relato do taxista brasileiro: “Percebi que ele (o italiano presidente do sindicato da área de construção civil) gostava de futebol e comecei a falar sobre os grandes craques europeus. Ele se entusiasmou e me tornei o primeiro sulamericano a trabalhar em construção. Fui trabalhar na construção do World Trade Center e logo nos primeiros meses um tijolo caiu de raspão no meu ombro. Todo mundo gritou para eu me jogar no chão e fiz isso. Fiquei um ano parado recebendo seguro. Aí fecharam acordo comigo e me pagaram uma bela indenização. Foi com ela que comprei o meu táxi. E posso dizer que já dei a volta ao mundo...”
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sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Alberto Dines pensa que a imprensa tem o dom de buscar a verdade
Estive duas vezes pessoalmente com Alberto Dines. Na primeira vez, era estudante de Comunicação e estava representando minha faculdade (FACUnB) na busca de financiamento (pelo valoroso JB da época, quando Dines era nome forte por lá) para uma pesquisa de audiência de rádio no Distrito Federal. Na segunda, foi em um bate papo na redação da sucursal da Bloch em New York (se não me engano, Paulo Francis e Lucas Mendes estavam presentes, ou pelo menos um deles). Fiquei com boa impressão que sempre me acompanhou. Mas nem sempre concordei com o que escreveu. Como é o caso desse seu texto no Globo de hoje, "A imprensa pensa ter o dom da verdade". Não concordo com muita coisa, mas quero discutir especificamente sua frase final: "A imprensa não pensa que tem o dom da verdade, ela somente busca a verdade". Infelizmente, isso não é verdade. Talvez a "busca da verdade" seja um ideal, uma meta a ser alcançada. Ou simplesmente um desejo de Dines. A imprensa busca muito mais o sucesso. Seja o sucesso financeiro, seja o sucesso de audiência, seja o sucesso pessoal. A coisa chegou a tal ponto que a "diferença de princípios" que o jornalista sentia com relação aos publicitários deixou de existir: ambos não apenas aceitam, como azeitam os negócios - com a diferença que isso faz parte da função dos publicitários. O dom de buscar a verdade deveria ser inerente à profissão do jornalista, mas, no mínimo, não tem sido. E não tem sido isso já faz muito tempo, como demonstra a série de manchetes do jornal "Le Moniteur", de 1815, "noticiando" o avanço de Napoleão Bonaparte (com 1.200 homens) rumo a Paris, saindo da ilha de Elba. Já publiquei aqui com o título de "Napoleão e a imprensa", no dia 7 de agosto de 2006, e repito agora:
• O ogro da Córsega acaba de desembarcar no golfo Juan. • O tigre chegou a Gap. • O monstro dormia em Grenoble. • O tirano atravessou Lyon. • O usurpador está a quarenta léguas da capital. • Bonaparte avança a grandes passos, mas nunca entrará em Paris. • Napoleão estará amanhã em frente das nossas muralhas. • O Imperador chegou a Fontainebleau. • Sua Majestade Imperial entrou no Castelo das Tulleries, no meio dos seus fiéis súditos. Moral da história: como é difícil ser jornalista!
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