Mostrando postagens com marcador Alberto Dines. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alberto Dines. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Da série "Alberto Dines pensa que a imprensa tem o dom de buscar a verdade"

Essa tal "busca da verdade" de nossa imprensa está me deixando nervoso. A verdade encontrada agora foi a de que o ex-Deputado Federal José Dirceu saiu derrotado do 3º Congresso Nacional do PT, realizado no último fim de semana em São Paulo. Disse Tereza Cruvinel na sua coluna de hoje: "(...) o encontro explicitou ainda uma ascendência maior de Lula sobre o partido, e, para dentro, o fim da era Dirceu (...) fim da hegemonia do antigo Campo Majoritário de Dirceu". Não consigo entender exatamente essas verdades, porque o que vi, na própria mídia, foram sinais que apontam da direção contrária. 1) Antes do Congresso, José Dirceu já falava em candidatura própria para apresentar aos aliados - tese vencedora; 2) se em outros Congressos e Encontros José Dirceu era muito aplaudido pelos militantes do Campo Majoritário, neste 3º Congresso, já no primeiro dia, ele foi ovacionado por todas as correntes presentes; 3) as teses do "Construindo um Novo Brasil" (CNB, antigo Campo Majoritário) foram aprovadas por maioria absoluta; 4) A ascendência de Lula sobre o partido já é tão imensa, que é difícil imaginar que ela fique maior - ele continua sendo o grande líder petista. Agora pergunto: em qual Congresso essas "verdades" foram encontradas? Talvez seja o caso de providenciar uma lanterna, para que nossa imprensa, à maneira de Diógenes, tenha mais luz na sua busca da verdade...
Li agora no Blog de José Dirceu, que ele escreve algo próximo do que escrevi aqui. Destaco trechos:
A Folha de hoje vem com uma matéria surrealista e bem ao estilo da nossa mídia. Quer decidir o que foi deliberado no Congresso do PT e estabelecer que houve derrotados e vencedores, mesmo que a matemática e as decisões digam o contrário. Danem-se os fatos. O que vale é a notícia, que o título da matéria expressa bem - "Derrotas de direção atual abrem disputa no PT” (só para assinantes).
O jornal dá a entender que Lula, Berzoini e Zé Dirceu foram derrotados. Atribui vitórias à minoria, ou seja, à tese que ficou conhecida como Mensagem. Na prática, o Congresso aprovou a candidatura própria, vinculada à coalizão e a um programa de governo, e não como uma imposição do PT. Teses que defendi em entrevistas e aqui no blog. Logo, não sei como fui derrotado.
Essa matéria, como tantas outras, é apenas mais uma tentativa de nossa mídia de influir nos destinos do PT, mesmo às custas de deixar de lado os fatos, as votações e a realidade interna do PT.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Alberto Dines pensa que a imprensa tem o dom de buscar a verdade

Estive duas vezes pessoalmente com Alberto Dines. Na primeira vez, era estudante de Comunicação e estava representando minha faculdade (FACUnB) na busca de financiamento (pelo valoroso JB da época, quando Dines era nome forte por lá) para uma pesquisa de audiência de rádio no Distrito Federal. Na segunda, foi em um bate papo na redação da sucursal da Bloch em New York (se não me engano, Paulo Francis e Lucas Mendes estavam presentes, ou pelo menos um deles). Fiquei com boa impressão que sempre me acompanhou. Mas nem sempre concordei com o que escreveu. Como é o caso desse seu texto no Globo de hoje, "A imprensa pensa ter o dom da verdade". Não concordo com muita coisa, mas quero discutir especificamente sua frase final: "A imprensa não pensa que tem o dom da verdade, ela somente busca a verdade". Infelizmente, isso não é verdade. Talvez a "busca da verdade" seja um ideal, uma meta a ser alcançada. Ou simplesmente um desejo de Dines. A imprensa busca muito mais o sucesso. Seja o sucesso financeiro, seja o sucesso de audiência, seja o sucesso pessoal. A coisa chegou a tal ponto que a "diferença de princípios" que o jornalista sentia com relação aos publicitários deixou de existir: ambos não apenas aceitam, como azeitam os negócios - com a diferença que isso faz parte da função dos publicitários. O dom de buscar a verdade deveria ser inerente à profissão do jornalista, mas, no mínimo, não tem sido. E não tem sido isso já faz muito tempo, como demonstra a série de manchetes do jornal "Le Moniteur", de 1815, "noticiando" o avanço de Napoleão Bonaparte (com 1.200 homens) rumo a Paris, saindo da ilha de Elba. Já publiquei aqui com o título de "Napoleão e a imprensa", no dia 7 de agosto de 2006, e repito agora:
• O ogro da Córsega acaba de desembarcar no golfo Juan. • O tigre chegou a Gap. • O monstro dormia em Grenoble. • O tirano atravessou Lyon. • O usurpador está a quarenta léguas da capital. • Bonaparte avança a grandes passos, mas nunca entrará em Paris. • Napoleão estará amanhã em frente das nossas muralhas. • O Imperador chegou a Fontainebleau. • Sua Majestade Imperial entrou no Castelo das Tulleries, no meio dos seus fiéis súditos. Moral da história: como é difícil ser jornalista!