sábado, 30 de dezembro de 2006

Violência 3: Garotinho e a (in)segurança no Rio

Ataque em Caxias, RJ / Folha
O Ex-Blog de Cesar Maia despediu-se de 2006 atacando seus alvos prediletos: Garotinho, Fernando Henrique e seu PSDB e, indiretamente, o governo Lula. (Surpreendentemente, faz um afago no governador eleito do Rio, Sergio Cabral.) Para atacar Garotinho, ele aproveitou a recente tragédia carioca na área de segurança pública. Cesar Maia começa seu texto anti-Garotinho ironizando Luiz Eduardo Soares, antropólogo e principal formulador da política de segurança do início do governo Garotinho, com quem dividiu a autoria de um livro sobre o tema. César Maia, sem citar o nome, trata Luiz Eduardo como “policiólogo de plantão” (Ele não conta que andou procurando a assessoria de Luiz Eduardo, no início da campanha eleitoral de 98). A pequena análise sobre segurança feita por César Maia tem pontos interessantes, apesar do alto teor de raiva política que ele descarrega sobre Garotinho. Vou destacar um trecho, para comentá-lo:
O que cabe é o novo governo ter sangue frio. Entender o que está ocorrendo. E dar respostas práticas a curto prazo direcionadas a ampliar a percepção de proteção por parte da população. Isso só se consegue aumentando muito o policiamento ostensivo. E imediatamente, de forma a dar fôlego à polícia para se antecipar e reprimir os focos de novos atentados. Isso se faz aumentando a jornada (dos policiais) e substituindo o bico fora pela jornada maior, dentro (da corporação)
1) No início de seu governo, Garotinho me pediu para colar em Luiz Eduardo para apoiá-lo, dentro do marketing de segurança. Fiz muita pesquisa, inclusive uma excelente pesquisa qualitativa com o Instituto Imagem. Já nessa época verificamos a importância da percepção de proteção. Não que a solução dos problemas de segurança se resuma a percepções – mas isso é uma parte importante da solução. A população sabe que a polícia é corrupta e incompetente – mesmo assim exige a ampliação de sua presença nas ruas, quer se sentir protegida. Muitas vezes, essa sensação de segurança da população corresponde a uma sensação de insegurança dos criminosos. (Nem sempre isso é verdade: os carros brancos da polícia podem significar paz para a população, mas não transmitem aos criminosos o temor necessário que transmitem os carros pretos da CORE, como observou o ex-Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, Zaqueu Teixeira.) Foi em função disso que criei, junto com Luiz Eduardo e Jairo Coutinho (seu assessor político, na época) o conceito da Nova Polícia (o nome procurava reproduzir a renovação que estava sendo feita nas polícias de várias partes do mundo e o emblema (criado por meu diretor de arte Robson Sousa) procurava reproduzir o velho emblema de Xerife – do inglês antigo shire reeve, uma espécie de líder de segurança de uma comunidade.) As Delegacias Legais também foram uma grande contribuição como percepção de segurança, além, é claro, de significarem modernização, agilidade, fim de delegacias ilegais, etc. Apesar de muitas ações positivas do início de governo, a relação de Garotinho e Luiz Eduardo nunca foi tranqüila. Garotinho jamais confiou em Luiz Eduardo e não lhe deu autonomia suficiente. Não queria que ele crescesse como responsável pela política de segurança e usasse essa marca como candidato a deputado federal pelo PT (partido que Garotinho já via como adversário, apesar de fazer parte da aliança no governo). Os ideais de uma política de segurança moderna, eficiente e responsável que tanto Garotinho quanto Luiz Eduardo tinham (e talvez ainda tenham) naufragou logo de início com o choque entre os dois, com erros de ambos os lados.
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2) O fim do bico dos policiais proporcionado pelo sistema de turnos de 24h x 72h foi outro sonho impossível do governo Garotinho. Esse sistema permite que os policiais usem a folga para fazer um bico, ganhar um dinheiro extra, geralmente atuando em empresas privadas de segurança. Garotinho pretendia instituir o turno de 8 horas diárias e, com isso, acabar com o bico. A renda extra dos policiais poderia ser garantida através do ISP – Instituto de Segurança Pública, que poderia cobrar alguns serviços extras de segurança. Lembro de um exemplo seu: “Acabei de colocar 12 PMs para garantir a segurança do aniversário da filha da Xuxa. Com o ISP, esse serviço poderá ter uma pequena taxa e a renda poderá ser revertida para benefício da corporação”. Claro que o ISP como foi pensado originalmente não deu certo. As empresas de segurança, em sua maior parte, pertencem ou estão ligadas a policiais, delegados e oficiais da PM, e eles obviamente não queriam entregar essa mina para um tal de ISP. Outro fracasso do ISP foi a idéia de representar o começo da unificação das polícias civil e militar – uma estranha dificuldade em todo o território nacional..
Eu sou testemunha de que Garotinho (assim como Luiz Eduardo) pretendia verdadeiramente, se não resolver (o que seria impossível), pelo menos avançar significativamente nas soluções para a área de segurança no Estado do Rio de Janeiro. Houve muita ingenuidade e muito erro político, uma total incompetência para administrar o mundo real do combate à violência. As boas conquistas acabaram sendo rapidamente ofuscadas. A percepção de insegurança aumentou. E o que temos é um final melancólico para dois mandatos de um governo que sonhou e prometeu demais.

Violência 2: por que Bush precisava ver Saddam enforcado?

O enforcamento de Saddam / El País

Ninguém discute que o julgamento que levou à morte de Saddam Hussein foi ilegítimo. A questão é por quê? Por que levar adiante a pena de morte de Saddam Hussein, mesmo sabendo que não haveria apoio da comunidade internacional e que os ânimos internos no Iraque seriam acirrados? Em primeiro lugar, Bush não teria condições de negociar a retirada de tropas deixando Saddam vivo, e essa morte não poderia demorar muito porque seriam explorada pela oposição Democrata nas eleições de 2008. Mas a questão certamente vai além. Pode ser que o enforcamento da principal liderança sunita e do Partido Bath iraquiano passe por um acordo com o Irã. O governo de Teerã precisa que seus aliados xiitas no Iraque sejam consolidados no poder e ao mesmo tempo precisam da aprovação americana para a conclusão de sua usina nuclear. Não que o Irã precise de armas nuclerares - o que ele precisa, com certa urgência, é de energia que substitua o petróleo (que tem tempo para acabar). Uma aliança com o Irã poderá garantir uma força estratégica dos Estados Unidos na região. O Hesbolá (xiita) do Líbano se acalmaria e Israel poderia se entender na Palestina com o Fatah (não religioso) e até com o Hamas (também xiita). A Arábia Saudita, de maioria sunita, não apresentaria grandes reações. E o Al Qaeda, apesar da fama, não significaria uma ameaça tão grande. O Partido Bath (patido nacionalista e algo socialista árabe, que sempre foi forte principalmente no Iraque e na Síria) já não é mais o mesmo. Os que Estados Unidos não querem - e não podem - é permitir que o Iraque volte a ser uma potência anti-americana. Como não conseguiram "pacificar" o país que invadiram, procuram uma solução em acordo com o I capaz de garantir sua presença e seus lucros.

Violência 1: a quem interessa a volta das bombas do ETA?

Terminal 4 de Barajas, onde houve o atentado / El País

Foram 10 meses de cessar fogo. Havia esperança de progresso nas relações entre o movimento de indepedência do País Basco e o governo da Espanha. Claro que o cessar fogo não contribuía muito para para o objetivo final de independência. Mas os atentados dificilmente levarão a alguma perspectiva nesse sentido. Provavelmente houve um racha dentro da organização basca que levou à retomada dos atentados a bomba. Torcemos pela paz.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Vem aí o golpe do voto facultativo

Atenção, muita atenção, para a pequena notícia de hoje da Folha"A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou ontem substitutivo a um projeto de decreto legislativo que autoriza o Tribunal Superior Eleitoral a realizar um plebiscito para consultar a população sobre o fim do voto eleitoral obrigatório, a adoção do financiamento público de campanha e a reeleição de presidentes". Essa história de voto facultativo, no Brasil, só serve para perpetuar no poder as forças mais atrasadas. Com as grandes dificuldades de locomoção e com o baixo nível de conscientização, o voto facultativo vai fazer predominar uma espécie de voto de cabresto. Nos Estados Unidos e em Cuba o voto é facultativo. Nos Estados Unidos o comparecimento dos eleitores chega apenas a cerca de 50%. Ou seja, na "maior democracia do mundo", o presidente é eleito por mais ou menos 25% dos possíveis eleitores. Em Cuba, o comparecimento chega a 98%, mas não serve para eleição do líder máximo do partido único. O pior para nós é que, se for feito o plebiscito para o voto facultativo, tendo em vista essa descrença geral nos políticos e nas instituições, certamente o país dará um passo atrás - exatamente como aconteceu no plebiscito das armas.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Risco em queda

Pela primeira vez o risco-país do Brasil caiu abaixo de 200 pontos. Segundo a Reuters, reproduzindo comentários em chat com a imprensa de Tomás Awad, estrategista, e Júlio Ziegelmann, diretor de pessoas físicas da Itaú Corretora, "o Brasil deve caminhar para uma classificação 'investment grade' nos próximos três a quatro anos, o que significa que deveremos também ver o risco Brasil convergir para perto de 100 pontos". Fernando Henrique não deve ter gostado dessa notícia...

Jornalistas franceses lançam documentário hilariante sobre a caçada a Bin Laden

Um soldado francês declarou que há 3 ou 4 anos, teve Bin Laden na mira. "Tenho Bin Laden", disse ele, e ficou aguardando ordem dos americanos para atirar. A comunicação levou duas horas para chegar ao comando, que hesitou. A história faz parte do documentário feito pelos jornalistas Emmanuel Razavi e Eric de Lavarene, que trabalharam para vários órgãos franceses no Afeganistão. Um canal a cabo pretende exibi-lo em março. A Reuters, que teve acesso ao documentário, acrescenta: "Afegãos ouvidos no documentário disseram acreditar que os EUA não estavam interessados em localizar Bin Laden, apesar de oferecerem 25 milhões de dólares por sua morte ou captura. O documentário não chega a tal conclusão, mas levanta questões sobre a caçada norte-americana a Bin Laden, como, por exemplo, a possibilidade de Washington estar mais preocupado em preservar a estabilidade no Paquistão, onde muitos apóiam Bin Laden, a em encontrá-lo".  Faz sentido...

Internauta discorda de ser apontado como "Person of the Year" da revista Time

Comentando minha postagem sobre a capa da revista Time, um internauta anônimo escreveu:

Who Should Be Person of the Year?
TIME's Person of the Year is the person or persons who most affected the news and our lives, for good or for ill, and embodied what was important about the year. Who do you think fits the bill this year?
36% Hugo Chavez
21% Mahmoud Ahmadinejad
11% Nancy Pelosi
11% The YouTube Guys
8% George W. Bush
7% Al Gore
5% Condoleezza Rice
2% Kim Jong Il

Tudo bem. Só acho que tem 1% a mais como "Person of the Year"...

Deputados e senadores perderam a noção do que fazem

O Plantão Globo noticia que mais um ministro do Supremo votou contra a constitucionalidade do reajuste para os parlamentares. Na verdade, estão julgando a constitucionalidade do Decreto Legislativo 444 de 2002 que autoriza as Mesas da Câmara e do Senado a conceder aumento a seus membros. Conflito de poderes? Claro que não. Os ministros do Supremo estão apenas esclarecendo que o Decreto que os parlamentares fizeram não obedece à Constituição que os parlamentares fizeram. O povo elege deputados e senadores para que façam as leis, sejam guardiães dessas leis, além de fiscalizar o Executivo. Eles são eleitos e pagos para isso. Se não sabem fazer direito o serviço, como é que querem aumento?

Google está no mundo da lua

A NASA fez um acordo espetacular com a Google visando a produção de mapas tridimensionais de alta resolução da Lua - um Google Moon. O acordo permitirá também acompanhar as atividades da Estação Espacial Internacional em tempo real. Além de proporcionar vôos virtuais aos internautas, essa nova parceria levará à ampla popularização das infinitas informações em poder da NASA. As viagens interplanetárias estão deixando de ser realidade para poucos para se tornarem virtualidade para todos. (Leia reportagem em El País)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Serra acerta mais uma em Alckmin

 

O site "no mínimo/Ponte Aérea SP" está falando de um dossiê bombástico de 400 páginas contra a administração Chuchu na área de presídios. "Antes de entregar o presente, porém, a tucanada cuidou de divulgá-lo com requintes para lá de sadomasoquistas. No catatau de fraudes, tem de tudo que se possa imaginar: desvio de combustível, notas frias, facilitação de fugas e até uma ONG ligada a membros do PCC recebendo dinheiro do Estado", diz Xico Sá, do site, que vai além: "Sherlock das investigações do dossiê dos presídios foi o secretário da Administração Peninteciária, Antonio Ferreira Pinto, que desmontou uma rede de ONGs ligadas aos tucanos responsável por manipular, durante as duas gestões de Alckmin, R$ 31,4 milhões em verbas de 16 presídios. Contratadas pelo ex-secretário Nagashi Furukawa, as entidades fizeram a farra com a grana pública. Para desgosto da turma do Alckmin, Serra ainda tratou de fazer de Ferreira Pinto o único secretário a ser mantido no cargo no governo que começa daqui a duas semanas".  Não sobrará pena sobre pena nessa festa da posse...

Rede Globo entra na guerra do boato

Seguindo o exemplo do SBT, o site da Rede Globo agora apresenta um link para esclarecer boatos que se espalham contra ela. O boato principal do momento é o que diz que "Doações para o Criança Esperança são descontadas do Imposto de Renda da TV Globo". Apesar de usar a Internet, a Rede Globo começa a defesa atacando desnecessariamente a Internet: "A VERDADE: A Internet, que surgiu com a aparência de espaço maior da liberdade de informação, está também se transformando num valhacouto a serviço de toda sorte de interesse". Agora, alguém me diga aqui, precisava usar "valhacouto"?

Proponho verba especial anti-esfaqueamento para todos deputados e senadores

 

Deu na Folha: "Presa em flagrante, mulher diz que esfaqueou ACM Neto por causa de reajuste".  Rita de Cássia, de 45 anos, estava indignada com o reajuste de 91% e com os políticos brasileiros em geral. Aí, não teve dúvida: o primeiro baixinho com cara de político brasileiro que passou, ela foi lá e pimba! - passou a faca. Isso foi às 12:20h de hoje e ACM Neto passa bem no Hospital da Bahia. Tomara que os novos salários dos pobres políticos sejam suficientes para cobrir as despesas de segurança contra a indignação popular.

Quero avisar que faço parte de 1% dos brasileiros

A pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta segunda-feira aponta que 76% dos brasileiros estão satisfeitos, 7% estão muito satisfeitos, 15% estão insatisfeitos e 1 % é de muita insatisfação. Estou entre aqueles que estão satisfeitos com o governo Lula (aliás, de acordo com a pesquisa, 71% dos entrevistados aprovaram a forma de governar do presidente). Mas estou muito insatisfeito com o Congresso, completamente despreparado para fazer política (que deveria ser a razão de ser de todos os parlamentares) e inteiramente perdidos nas gastanças e nos reajustes salariais aloprados. Estou muito insatisfeito com a grande imprensa, pouco informada e extremamente parcial. Estou muito insatisfeito com essa economia que não consegue crescer e se fortalecer. Estou muito insatisfeito com os juros bancários. Estou muito insatisfeito com a desigualdade social que, apesar dos esforços antipobreza do governo Lula, mantém um abismo instransponível. Enfim, estou muito insatisfeito com muita coisa. Mas também estou entre aqueles com expectativa positiva. Sou daqueles que acreditam que o segundo mandato de Lula será ótimo ou bom: segundo a pesquisa, é assim que pensam 71% dos que concluíram até a 4ª série do ensino fundamental e 57% dos que  têm curso superior. Estou louco para deixar de ser muito insatisfeito!

 

Você está na capa da revista Time

O filósofo escocês Thomas Carlyle dizia que "a história da humanidade é a história das biografias dos grandes homens". E a revista Time parecia de certa forma defender essa tese, selecionando para as reportagens de capa de suas edições de fim de ano "O Homem do Ano". Agora em 2006 ela decidiu abandonar essas "grandes" biografias. "Person of the Year: You" - essa é a capa da edição de 25 de dezembro. A reportagem propõe olhar o ano que passou com olhos diferentes dos que vêem os conflitos sangrentos espalhados por toda parte."É uma história sobre comunidade e colaboração em escala nunca vista antes. É sobre o compêndio cósmico do saber Wikipedia, a imensa rede de canais pessoais chamada YouTube e sobre a metrópole on-line MySpace. É sobre a força que vem de pequenas trocas desinteressadas capazes não apenas de mudar o mundo, mas também mudar a forma que o mundo muda". A ferramenta que está mudando o mundo, segundo a Time, é a WWW - World Wide Web. Não a velha, mas "algo muito diferente", a que chamam agora de Web 2.0 - isto é, "uma ferramenta que une as pequenas contribuições de milhões de pessoas e transforma-as em assunto. (...) Uma revolução. (...) É um experimento social de massa. (...) É uma oportunidade de construir uma nova espécie de entendimento internacional (...) de cidadão para cidadão, pessoa para pessoa". Parabéns, Pessoa do Ano.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Há 2 dias cheguei a pensar que o Barcelona venceria. Mas nessa madrugada fiquei sabendo que ontem o Barcelona tinha suspendido o treino para que os jogadores saíssem para fazer compras. Maravilhas eletrônicas, claro. Ronaldinho Gaúcho foi além e deu uma saidinha à noite. "Iiih, ferrou", pensei. Esse time do Internacional não tem nenhuma grande estrela. Nenhum deles chegou a jogar pela Seleção. O Barcelona já está rico, o Internacional ainda tem muita grama pela frente. E parabéns ao Abel pelo belo trabalho.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Polícia contra polícia: inteligência em ação

O que mais impressionou nessa operação da Polícia Federal que prendeu 78 policiais associados ao crime no Rio de Janeiro foi o uso da inteligência. Nenhum tiro foi disparado, apesar de ser uma ação altamente explosiva. Houve até mesmo o que pareceu ser uma operação disfarce na noite anterior: o encontro dos 300 agentes federais na cidadezinha de São Pedro d'Aldeia chamou atenção, claro, mas foi apresentado como operação fracassada da PF, que estaria querendo prender traficantes que costumam ter casas na região, mas teriam faltado o mandados de prisão. Que a inteligência cresça!

Ganha força no governo Bush a estratégia de nova invasão do Iraque

O que parece completamente irracional e anti-popular, torna-se cada vez mais provável no governo Bush. O jornal The New York Times de hoje fala claramente dos movimentos que estão sendo feitos no governo para enviar mais tropas americanas para o Iraque. Já se falou antes em enviar entre 100.000 e 200.000 soldados, mas isso foi colocado de lado pelo Comitê Bi-Partidário do congresso americano por ter custos proibitivos. Já se anunciou que 50.000 seria o mínimo para garantir sucesso. Nesta semana o senador John McCain, pré-candidato à indicação do partido Republicano para disputar a presidência da república, falou em 35.000. É um número que ainda apresenta problemas de custo e operacionais. Estuda-se - e talvez seja esse o número certo - 17.000 (talvez 20.000) soldados a mais no Iraque. O fato é que o governo Bush está inteiramente perdido. Não sabe se dá um passo à frente ou um passo à trás. Se o que vai dar votos é avançar ou recuar. Mas o mais provável é que ele se decida pela escalada, semelhante ao que foi feito no anos 60-70 no Vietnã. Ou seja: uma "nova invasão" do Iraque está a caminho.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Silêncio

O Blog está de luto pela morte de Sivuca.

A jornalista da sala ao lado também quer

A jornalista da sala ao lado está indignada! Ela também quer de qualquer maneira dobrar o salário, seguindo exemplo dos nossos parlamentares. Berra sem parar: "Eu quero o dobro! Eu quero o dobro!"

O dobro ou nada

Seguindo o exemplo de nossos parlamentares, declaro que resolvi dobrar o meu salário. Sorry, leitores...

Estados Unidos podem invadir o Iraque - novamente...

Apesar de apenas 15% dos americanos aprovarem o aumento da presença de suas tropas no Iraque, cresce entre os "linha dura" dos republicanos a idéia oposta. A justificativa militar é elementar: é necessário aumentar a força americana para eliminar o caos predominante no país (intensificado pelo conflito sunita-xiita) e garantir uma desocupação tranqüila daqui a 1 ou 2 anos. E não adianta argumentar que isso pode ser ainda pior, tornar-se um insucesso sem fim, levar a fracasso semelhante ao do Vietnã - porque o problema não é apenas militar. A questão eleitoral americana é que determina os próximos passos. O senador Republicano John McCain, membro do Comitê das Forças Armadas, de olho na indicação para suceder Bush, é o maior defensor da nova invasão americana. Em declaração de ontem (ler reportagem do New York Times), ele defendeu o envio de mais 35.000 homens "até que tenhamos a situação sob controle ou até que fique claro que não temos condições de controle". A declaração parece tão idiota como tudo que tem sido feito até hoje, mas tem sua lógica eleitoral. Se o governo segue essa linha de enviar mais tropas para o Iraque, fortalece McCain. Se o governo não segue e acelera o fracasso de sua invasão, McCain fica livre da marca fracassada de Bush. Mesmo que a proposta de McCain seja seguida e não dê certo, ele terá tempo de se livrar dos efeitos negativos, e será nome cada vez mais forte para a candidatura Republicana. Tirando essas espertezas eleitoreiras, os políticos americanos demonstram na verdade um despreparo completo para tratar a questão iraquiana. O melhor exemplo disso está descrito na reportagem "Shiite? Sunni? Some in US learn who's who", do The Christian Science Monitor: "Certos setores chaves da sociedade americana demonstram uma ignorância perigosa (sobre o islamismo). (...) E quem encabeça essa lista este mês é o deputado Democrata do Texas, novo presidente do Comitê de Inteligência. Em entrevista no Congressional Quaterly, na semana passada, ele podia distinguir a diferença histórica entre sunitas e xiitas, mas não sabia que Al Qaeda é sunita e que o Hesbolá é xiita".

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Esquerda, volver: Lula desmente Lula da Silva

Lula disse que era brincadeirinha a história de que cabelo branco não combina com ser de esquerda. Falta humor em vocês, leitores insensíveis! Não ficou claro ainda se Lula, novamente de esquerda, voltou a ter problemas - já que ele tinha afirmado que quem tem mais de 60 e é de esquerda necessariamente tem problemas (como observou ontem o Blog do Mello). O Deputado Moreira Franco, que há décadas tem os cabelos inteiramente brancos, disse que também já foi de esquerda (antiga AP), quando tinha os cabelos pretos. E eu estou começando a concordar com a ex-tese de Lula da Silva de que a idade é anti-esquerdista. Afinal, até antigos freqüentadores da Escola de Quadros de Moscou, enviados pelo PCB para treinar como revolucionários, alguns bem instalados em nossa imprensa, estão de cabelos brancos e nem pensam na tão sonhada Revolução...

Circuncisão corta AIDS à metade

Autoridades americanas na área de saúde acabam de afirmar que a circuncisão pode reduzir em 50% os riscos de se contrair AIDS nas relações heterossexuais. A conclusão foi feita após estudos no Quênia e em Uganda, confirmando estudos feitos em 2005 na África do Sul. O fato se deve à grande quantidade das células Langerhans ou dendríticas que fazem parte do sistema imunológico e que existem sob a pele, de onde atacam o human immunodeficiency virus (H.I.V.), que causa AIDS. A circuncisão já tinha mostrado sua eficiência na redução de outras doenças associadas às relações sexuais, como é o caso da redução de transmissão de câncer cervical às mulheres, e agora se mostra muito importante no trabalho de prevenção da AIDS. Mas, atenção, isso não significa cura nem segurança absoluta. A circuncisão é mais cara do que outros métodos como camisinha ou abstinência; se for mal feita, pode levar a outros tipos de problemas; e não tem efeito em caso de sexo anal e muito menos no caso de uso de seringas para injetar drogas. Leia reportagem de Donald G. McNeil Jr. no New York Times.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Jornais digitais desmentem jornais impressos

Todos os grandes jornais impressos manchetaram que o TSE tinha rejeitado as contas de Lula. Mas os mesmos jornais na madrugada digital já diziam o contrário. Vejam o exemplo do O Globo. À 1:25h o Plantão Globo já dizia que o TSE tinha aprovado a campanha de Lula. Mas a população que lê a versão impressa acordou com a notícia que o TSE não tinha aprovado. Foi vitória da internet ou da política de desinformação? (Confira as duas notíciais na imagem acima. Clique na imagem para ampliar.)

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Cesar Maia e Pinochet

Interessante artigo de Cesar Maia sobre Pinochet publicado hoje na Folha de São Paulo e reproduzido através de seu Ex-Blog. Cesar Maia viveu no Chile e tem um esposa chilena - tem familiaridade, portanto, com o tema.

A doença senil do esquerdismo, segundo Lula

Em evento promovido ontem pela revista "IstoÉ", em um luxuoso hotel de São Paulo, onde estavam ministros, artistas, esportistas, banqueiros, empresários, deputados, senadores e socialites, Lula da Silva provocou risos na platéia quando afirmou que a evolução da espécie humana caminha para o centro no que diz respeito ao espectro político. "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas", declarou nosso presidente, ex-operário, ex-jovem e agora ex-esquerdista. Não deixa de fazer sentido. A idade é responsável por grandes transformações nas pessoas, não necessariamente para melhor. Essa força centrípeta na política já atuava em Lula há muito tempo. Mesmo em seus tempos mais, digamos, "radicais" dentro do movimento sindical ou no começo do PT, ele não fazia parte do espectro mais extremado da esquerda. A força centrípeta ganhou impulso com a necessidade de conquista do poder pelo voto, já que a maioria dos eleitores concentra-se no centro. Com a conquista da presidência e, principalmente, com a necessidade de governabilidade do segundo mandato, esse movimento de Lula veio a calhar. Podemos dizer que não há grandes novidades no que ele falou. Mas há prejuízos, sim, em ele ter falado. Se é verdade que a maioria de seus eleitores nem sabe o que é "esquerda" ou "direita", é bom lembrar que ele garantiu a conquista do 2º turno com grandes parcelas de votos da classe média, progressista, romântica e que desculpou o "aloprismo" por causa de uma utopia, do sonho libertário esquerdista. Essa visão dava sustentação não apenas a Lula como ao PT - um partido que se enfraquece com os depoimentos sexagenários de Lula da Silva, presidente.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Cesar Maia e suas confusões sobre marketing

No Ex-Blog de hoje, Cesar Maia fala sobre "Está mudando o marketing político?". E logo demonstra que é um daqueles que confunde "marketing" com "publicidade" (ou "propaganda", uma forma de comunicação feita basicamente através de veículos de comunicação de massa). Diz ele: "Está em curso entre publicitários daqui e d'alhures falar da morte dos comerciais de 30 segundos na TV. Dizem que isso é produto de uma combinação de fatores, como o zap, o mute, menos telespectadores contínuos, a internet, a desatenção aos intervalos,.....etc... O fato é que as empresas - desde há algum tempo - têm experimentado um mix diferente de meios para atingir ao consumidor, ao público". Não fica claro se ele se refere apenas aos comerciais de 30" ou se aos comerciais em geral. Qualquer que seja, é uma bobagem. O marketing determina a comunicação adequada para seus objetivos. Pode ser publicidade ou não. Pode ser um comercial de 30" ou de 3'. A publicitária americana Mary Wells costumava dizer que não tinha sentido lançar qualquer produto com um comercial que tivesse menos de 1 minuto. Mas existem comerciais de 5" ou 10" criativos e eficientes. Às vezes não é preciso (ou melhor: não é adequado) o uso de publicidade. O estrategista Al Ries lembra em seu ótimo "A Queda da Propaganda" que a rede de lojas inglesa "Body Shop" fez sucesso sem gastar um centavo em publicidade - preferiu "relações públicas", outra forma de comunicação que serve ao marketing, com mais credibilidade que a publicidade. A partir dessa visão equivocada (comum na maioria dos publicitários que ele tanto critica), Cesar Maia chega ao "marketing político": "Os programas partidários na TV já valem nada. E os comerciais valem muito pouco. Nada disso sensibiliza o eleitor. (...) A comunicação política tendo como origem a TV, não alterou nada na cabeça do eleitor. Nada! Nenhum marqueteiro conseguiu mais do que lembrar ao eleitor o que ele já sabia e que saberia durante a campanha em uns dias mais (sic)". Vamos dividir isso em duas partes. Primeiro, a publicidade sempre foi sobrevalorizada, principalmente no marketing político. É um erro que inúmeros políticos e publicitários cometem. Ela tem valor, sim, como outras formas de comunicação. Às vezes mais, às vezes menos, dependendo do caso. Segundo, na tentativa de desqualificação do Horário Eleitoral Gratuito através da TV, parece que Cesar Maia não percebeu a importância que a televisão teve e que ele próprio conseguiu na campanha de Denise Frossard para o governo do Rio. Além disso, ao afirmar que "nenhum marqueteiro conseguiu mais do que lembrar ao eleitor o que ele já sabia e que saberia durante a campanha em uns dias mais", ele despreza a função "lembrar", de grande importância na comunicação. Digo mais: sem redundância, sem repetição, a comunicação perde muito em eficiência, pode até deixar de existir. Acho que é o Décio Pignatari que dá um exemplo: alguém está em casa e ouve um barulho (toc) na porta; isso pode não dizer alguma coisa definida, mas se o barulho tem repetição (toc, toc, toc), isso significa que alguém está batendo à porta. Se tudo que a campanha eleitoral na TV tem feito é lembrar, já terá feito muitíssimo. Mas por que será que Cesar Maia tomou esse caminho? Talvez por desconhecimento, talvez por pura firula intelectual, talvez porque procura desviar o assunto.

Pinochet, ausente - agora, e sempre!

O comunista e romântico (o que soa redundante) José Monserrat costumava dizer, no final da década de 70: "Eu acredito no Homem. Por isso tenho certeza que assim como Lourenço Marques (capital de Moçambique-Colônia) passou a se chamar Maputo (capital de Moçambique-Livre), Santiago (Capital do Chile, na época sobrevivendo à ditadura de Pinochet) vai se chamar Salvador Allende (presidente morto durante o golpe de Pinochet, em 11 de setembro de 1973)". Santiago não precisou se chamar Salvador Allende, para demonstrar o avanço do Homem de Monserrat. Conseguiu se livrar das mazelas da ditadura e, ontem, para alegria da imensa maioria de manifestantes chilenos, conseguiu ficar livre do símbolo maior daquela época, o ditador Pinochet. Infelizmente o pinochetismo ainda tem muitos adeptos no Chile, principalmente no exército, o que pôde ser demonstrado nas manifestações de tristeza. Duvido, porém, que o enterro de Pinochet tenha um milionésimo da emoção que teve o enterro do poeta, diplomata e comunista chileno Pablo Neruda, morto 12 dias após o início da ditadura. Foi a primeira manifestação de "mágoa, revolta, rebeldia contra o golpe. Pessoas de diferentes lugares e origens vão chegando à pracinha de Monte de São Cristóvão. Elas choram, lançam flores e gritam em uníssono: "Pablo Neruda, presente, agora e sempre! Povo chileno, presente, agora e sempre! Allende, presente, agora e sempre! ". ("O Canto Geral de Pablo Neruda, o Poeta do Mundo", de Maria Célia Barbosa Reis da Silva) Esperamos que o pinochetismo torne-se ausente, agora e sempre.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Assaltantes do Rio rompem cláusula de barreira dos Ministros do Supremo

Eram mais ou menos 22 horas de ontem, quando a Presidente do STF, Ellen Gracie, e o Vice-Presidente, Gilmar Mendes, com todos os seus seguranças, foram assaltados na Linha Vermelha, no Rio de Janeiro. (Notícia do Plantão Globo, à oo:03h) Eles estavam acabando de chegar de Brasília, quando foram surpreendemente recepcionados por 10 homens armados, que levaram um dos carros da comitiva com todos os pertences. Os assaltantes provavelmente estavam revoltados com a decisão de acabar com a cláusula de barreira dos partidos e, assim, dar uma passo atrás na tão esperada reforma política.

EM TEMPO (6:10h): o Plantão Globo de 1:58h noticia que dois dos seis (não 10, portanto) assaltantes foram mortos logo depois em outro assalto.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

A conversa afiadíssima de Paulo Henrique Amorim

Paulo Henrique Amorim hoje afiou o texto como ninguém, no seu site ConversAfiada. Para tratar de nada mais nada menos do que aquelas moças – ou senhoras – que se apresentam no Bom Dia Brasil: Miriam Leitão, Renata Vasconcelos e Cláudia Bomtempo. Elas – principalmente a primeira – , aliadas ao Alexandre Garcia, são as principais responsáveis para que eu praticamente não tenha mais Bom Dia. São muito chatas e arrogantes. Miriam Leitão considera-se o supra sumo da sabedoria, e já fiz críticas ao seu “saber” aqui no Blog. Mas Paulo Henrique Amorim foi brilhante ao tratá-la como Controladora-Geral da União. Seu texto, irônico, bem humorado, trata de assunto sério, que é o "opinionismo" que crassa na TV aberta – um bem público, que não pode ser tratado como coisa qualquer. Não percamos mais tempo aqui: leia imediatamente o texto do ConversAfiada.

Vem da China a mais sonora declaração de amor

Há 10 anos, a mulher adoeceu e em seguida ficou em coma. O marido, Yang, de 75 anos, casado há 50, lembrou que a mulher amava ouvi-lo cantar (jamais seria o meu caso...) e tratou de aprender a tocar teclado. Sentou-se a seu lado e começou a tocar e a cantar. Durante 10 anos! Há poucos dias, quando ele acabava uma canção, ela abriu os olhos e falou o nome do marido. Os médicos de Nanjing, capital da província de Jiangsu, no leste da China, estão surpresos até agora. Talvez comecem a aprender a tocar teclado e a cantar... (Leia no China Daily, seção de notícias incomuns)

Teoria da Conspiração Aérea

Ontem, conversando com um amigo, importante analista político, cheguei a ouvir a sua tese de que o acidente da Gol teria sido provocado para desviar a atenção do dossiê Serra. É um absurdo, claro, inimaginável em um pessoa como ele, que tem uma atividade bem racional. Claro, também, que ele é anti-Lula. Mas o que vejo por trás de afirmações como essa é a dificuldade que todos temos para encontrar uma explicação lógica para tudo que acontece nos céus brasileiros desde que houve o acidente Gol-Legacy. E os nervos estão à flor da pele entre todos os atores direta ou indiretamente envolvidos no caos que tomou conta do cenário aéreo. Militares aquartelaram controladores de vôo e prostestaram contra autoridades civil. Controladores choram e fazem greve branca. O Ministro da Defesa, único que ainda procura um gancho de puxar nuvens para garantir céu de brigadeiro, irrita-se contra americanos e a imprensa. O representante do sindicato de controladores de vôo declara veementemente que seus associados não fizeram sabotagem - embora ninguém tenha afirmado isso. Tarso Genro constata que as empresas aéreas não estão preparadas para atender adequadamente os passageiros atônitos, e o representante do setor, em vez de reconhecer o óbvio, prefere atacar o governo. Avó desespera-se em busca de neta de 10 anos que viajava sob responsabilidade de companhia aérea e que ficou horas desaparecida. E os passageiros, que já invadiram pistas e guichês, estão cada vez mais perdidos em aeroportos, sem saber mais o que fazer. Pior de tudo: parlamentares decidiram agora "resolver" a situação, criando comissões especiais para isso, precedidas por discursos que deixam qualquer um arrepiado. O "gabinete da crise" do Governo Federal, que já deveria ter sido criado há muito tempo, terá que ter como primeiras tarefas acabar com a crise da informação e aumentar o a produção de lexotan - antes que vá tudo pelos ares...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

As derrotas e a vitória de Bush

Bush tem marcas de sua passagem pela presidência dos Esatdos Unidos que jamais serão esquecidas. A selvageria no Iraque, sem dúvida será a principal. Arrogância. O ar abobalhado quando soube do atentado contra o World Trade Center. A incompetência no combate contra o Katrina em New Orleans. A mentira sobre as armas de destruição em massa de Sadam Hussein. A fama de burro que tem entre os americanos (basta ver alguns programas do David Letterman). Marcas negativas não faltam. Agora ele está sendo marcado por grandes derrotas. Está perdendo no Iraque. Deixou Israel se perder no Líbano. Deixou o Fatah perder para o Hamas na Palestina. Perdeu com a história da Alca. Perde sempre na OMC. Perde no Irã e na Coréia do Norte. Perdeu na Bolívia e no Equador. Perdeu diversas vezes para Hugo Chávez, principalmente com a vitória eleitoral chavista da semana passada. Perdeu na ONU. Perdeu as eleições de "meio-terrmo" para os Democratas. Perdeu o secretário de Defesa Rumsfeld. Perdeu a indicação do linha-dura John Bolton como Embaixador junto à ONU (até antigos embaixadores fizeram abaixo-assinado contra). Perde aliados, perde tudo. É um perdedor que está à frente da nação mais poderosa da Terra e da Lua. É um karma muito pesado para a humanidade. Mas para não dizerem que só falo de suas derrotas, temos que reconhecer que a escolha de Robert Gates para substituir Rumsfeld na secretaria de defesa foi uma grande vitória. Gates, que durante 26 anos foi da CIA, a maior parte do tempo como analista de inteligência, deu um show na sabatina do senado americano para aprovar ou não sua indicação. Se no passado tomou posições mais trogloditas, dessa vez mostrou-se realista, inteligente, independente e diplomático. Agradou em cheio tanto Republicanos quanto Democratas. Mesmo deixando claro que o país tem um presidente único e que é dele a palavra final, fez questão de expor suas próprias idéias, muitas vezes discordando de Bush. A gente conclui que, mesmo ganhando na escolha de Gates, Bush acaba perdendo...

Iraque: manchete do Globo mente sobre declaração do novo secretário de defesa americano

"EUA estão perdendo no Iraque, diz Robert Gates", diz a manchete do Globo de hoje na página 36. Na verdade, Robert Gates, escolhido para ser secretário de defesa do governo Bush, substituindo Donald Rumsfeld, ao ser sabatinado no Senado, respondeu à pergunta do senador Levin se os Estados Unidos estariam vencendo a guerra com um "No, sir" e acrescentou mais adiante um "tampouco estão perdendo" (losing either). Por que O Globo fez isso? Provavelmente porque achou essa manchete, mentirosa, mais atraente para o leitor. E pior: não toca no assunto no corpo da matéria. Certa vez entrevistei na Filadélfia um produtor teatral americano que pretendia fazer uma peça sobre a Carmem Miranda e perguntei quem faria o papel principal. Ele respondeu que gostaria que fosse Liza Minnelli, mas que ela tinha outros compromissos. Mandei a matéria para o Brasil com essa informação e depois tomei o maior susto quando vi a machete na antiga revista Fatos & Fotos: "Liza Minnelli será Carmem Miranda". O editor certamente certamente achou que essa informação, mentirosa, seria mais atraente. Mas, pelo menos, manteve no meio do texto a informação verdadeira, ao contrário do que fez O Globo de hoje. Pior de tudo: no Plantão Globo digital de ontem à noite a informação estava correta. No mundo instantâneo atual, com milhões e milhões de pessoas na internet lendo a toda hora tudo que se noticia, um jornal como O Globo não pode cometer esses vacilos.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Deep Fritz vence!

Fui alertado por Enoir Mello: "É, Gadelha, teu comentário infelizmente não tava certo...a máquina acaba de ganhar por 4 x 2..." Falam que o Kramnik fez um final animado, mas ele me pareceu muito enrolado desde o começo. Esse último jogo realmente mostra vitória de Deep Fritz. Ainda não demonstra superioridade absoluta da máquina, mas está a caminho. Placar moral: Deep Fritz 1-0 (sem contar os empates e a bobeira de Kramnik). Acompanhe todas as partidas clicando aqui.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Vitória de Chávez: para Bush, isso é pior do que a vitória dos Democratas

Chávez, El País
As pesquisas de boca de urna já confirmam a vitória de Hugo Chávez: 58% a 40%. Institutos americanos de pesquisa também já apontavam esse resultado. Mas tem um americano que não está gostando nada disso - o presidente Bush. Em entrevista mais cedo à CNN, Chávez declarou que considerava praticamente impossível uma surpresa. Ouça a entrevista à CNN (via El País), clicando aqui.

Mais um empate no xadrez

Esse embate Homem X Máquina pelo jeito não vai sair do empate. Só falta mais um jogo (de um total de 6) e dificilmente um vai superar o outro. É verdade que o Deep Fritz venceu o segundo jogo, mas aquele não conta. Não demonstrou superioridade da máquina, apenas uma bobeira do Kramnik. Um dia a máquina vai vencer, mas ainda faltam muitos bits para a máquina superar o homem no xadrez...

O Brasil sabe vencer

Vejo nessa seleção de vôlei um exemplo para um país que quer fazer a coisa certa e vencer. Apesar de ser um esporte cada vez mais dominado pela força física e outros atributos físicos, como a altura, a principal força brasileira está na inteligência. Se não fosse assim, não estaríamos nem entre os 4 melhores. A Polônia (invicta até hoje) e a Bulgária são exemplos de pura força física e grande altura (O levantador polonês, por exemplo, o baixinho da turma, tem 2m!). Fala-se da garra ou da união do grupo como fator decisivo. Claro que isso conta, e muito. Mas é a inteligência, principalmente de Bernadinho, que garante o match point.

Mídia versus Mídia

As discussões sobre a mídia e entre as mídias não param. Giram em torno de 3 eixos: 1) ainda sobre o papel da grande mídia nas últimas eleições; 2) o impacto das novas tecnologias sobre a mídia tradicional; 3) as disputas entre grupos. Com relação ao primeiro ponto, já está bem estabelecido que a grande mídia – melhor dizendo, a quase totalidade das empresas de notícias na TV, Rádio e Jornal – tomaram posição grosseira e desleal a favor da candidatura tucana para a Presidência da República. A partir disso, há duas grandes conclusões: a) a mídia não tem a força que imaginava, já que não conseguiu eleger seu candidato (mesmo tendo conseguido levar a eleição para segundo turno); b) não é esse tipo de mídia que se quer para um país saudavelmente democrático. Vale a pena ler (e ver o vídeo) a palestra de Paulo Henrique Amorim ("A democratização da mídia vai se dar nas Casas Bahia") e Caio Túlio ("A mídia é a grande derrotada das eleições") na Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, sobre a democratização dos meios de comunicação. Com relação ao ponto 2, não há muito o que discutir, e sim o que constatar. As novas tecnologias – Internet à frente – estão desestruturando o formato atual das grandes mídias. E não se trata apenas da área de jornalismo ou produção de noticiário. Os primeiros alertas vieram com McLuhan, na década de 60. No início da década de 80, as primeiras experiência com a chamada “comunicação pela luz” (em duas cidades japonesas os domicílios e escritórios, tudo, foram inteiramente interligadas por fibras óticas) levaram a conclusões deslumbrantes sobre um admirável (e positivo) mundo novo. E agora, com a nova realidade da Internet, garantindo essa espécie de comunicação de massa personalizada, não há como impedir o avanço da democratização dos meios de comunicação. Aqui no Blog já apresentei várias discussões sobre o tema, com destaque para "Jornal tem futuro?". A recente entrevista de Lucas Mendes com Victos Navasky, no programa "Milênio" da Globonews também toca no assunto (assinantes da Globo.com podem ver na internet a partir de amanhã). Infelizmente, ainda convivemos – e esse é o ponto 3 – com essas disputas animalescas entre grupos. Notamos principalmente que os grandes grupos são capazes de tudo para não perder espaço. O que a Veja está fazendo contra a empresa da Band e do filho de Lula virou um arranca-rabo do cacete! É o caso de se ler as reportagens da Veja (para assinantes) e do Estadão e assistir as reportagens da Band.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Os soldados da borracha de Larry Rohter

Fotos de Almeida e Wolney de Oliveira, NYT
Larry Rohter, o correspondente do New York Times no Brasil, que ficou famoso e mal visto entre nós por falar mal da cachacinha de Lula, produziu uma reportagem e um vídeo para o site do seu jornal, bem bonito, que ele mesmo narra, sobre os “soldados da borracha brasileiros” ("Brazil's rubber soldiers"). Para quem não sabe, os “soldados da borracha” atuaram entre 1942 e 1945 e foram o principal contingente brasileiro durante a Segunda Guerra. Esse contingente contou com 60.000 homens, contra os 20.000 que foram enviados para a Itália. Perdeu 30.000, contra os 454 que morreram na Itália. Foi formado por causa da necessidade americana de garantir a produção de borracha, já que a produção asiática estava sob controle japonês. A primitiva e praticamente abandonada produção de borracha amazônica foi reativada a partir de um grande conto do vigário. Foram recrutados trabalhadores nas regiões mais pobres (principalmente o Nordeste) com a promessa de um Eldorado. Riqueza fácil, que era garantida, antes do embarque, por um soldo diário de ½ dólar. A desorganização era total, a viagem levava pelo menos 3 meses e, logo, logo, nossos “soldados da borracha” transformavam-se em “escravos dos patrões da selva”. Acabou a guerra e os Estados Unidos trataram de romper os contratos com o governo brasileiro. Os nossos “soldados da borracha” foram esquecidos, sendo que muitos levaram anos para saber que a guerra tinha acabado. Alguns conseguiram sair do falso paraíso. Pouquíssimos ganharam alguma coisa. A maioria morreu. Eles só foram lembrados como veteranos da guerra com a Constituição de 88, que lhes garantiu uma pensão de 2 salários mínimos, dez vezes menor do que a dos que foram para a Itália. Ainda hoje, em diversas cidades brasileiras, no dia 1º de maio os “soldados da borracha” se reúnem para continuar a luta pelo reconhecimento de seus direitos. Na reportagem de Larry Rohter, um dos sobreviventes, de 86 anos, que vive em Rio Branco, Acre, declara: “Quando vejo na TV as comemorações do 7 de Setembro, com os veteranos de guerra perfilados, fico triste e desolado. Nós também fomos combatentes. Todo mundo nos deve um grande favor, até os americanos, porque a guerra não teria sido vencida sem a borracha e os soldados da borracha”.