sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Estados Unidos podem invadir o Iraque - novamente...

Apesar de apenas 15% dos americanos aprovarem o aumento da presença de suas tropas no Iraque, cresce entre os "linha dura" dos republicanos a idéia oposta. A justificativa militar é elementar: é necessário aumentar a força americana para eliminar o caos predominante no país (intensificado pelo conflito sunita-xiita) e garantir uma desocupação tranqüila daqui a 1 ou 2 anos. E não adianta argumentar que isso pode ser ainda pior, tornar-se um insucesso sem fim, levar a fracasso semelhante ao do Vietnã - porque o problema não é apenas militar. A questão eleitoral americana é que determina os próximos passos. O senador Republicano John McCain, membro do Comitê das Forças Armadas, de olho na indicação para suceder Bush, é o maior defensor da nova invasão americana. Em declaração de ontem (ler reportagem do New York Times), ele defendeu o envio de mais 35.000 homens "até que tenhamos a situação sob controle ou até que fique claro que não temos condições de controle". A declaração parece tão idiota como tudo que tem sido feito até hoje, mas tem sua lógica eleitoral. Se o governo segue essa linha de enviar mais tropas para o Iraque, fortalece McCain. Se o governo não segue e acelera o fracasso de sua invasão, McCain fica livre da marca fracassada de Bush. Mesmo que a proposta de McCain seja seguida e não dê certo, ele terá tempo de se livrar dos efeitos negativos, e será nome cada vez mais forte para a candidatura Republicana. Tirando essas espertezas eleitoreiras, os políticos americanos demonstram na verdade um despreparo completo para tratar a questão iraquiana. O melhor exemplo disso está descrito na reportagem "Shiite? Sunni? Some in US learn who's who", do The Christian Science Monitor: "Certos setores chaves da sociedade americana demonstram uma ignorância perigosa (sobre o islamismo). (...) E quem encabeça essa lista este mês é o deputado Democrata do Texas, novo presidente do Comitê de Inteligência. Em entrevista no Congressional Quaterly, na semana passada, ele podia distinguir a diferença histórica entre sunitas e xiitas, mas não sabia que Al Qaeda é sunita e que o Hesbolá é xiita".