Atenção, muita atenção, para a pequena notícia de hoje da Folha: "A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou ontem substitutivo a um projeto de decreto legislativo que autoriza o Tribunal Superior Eleitoral a realizar um plebiscito para consultar a população sobre o fim do voto eleitoral obrigatório, a adoção do financiamento público de campanha e a reeleição de presidentes". Essa história de voto facultativo, no Brasil, só serve para perpetuar no poder as forças mais atrasadas. Com as grandes dificuldades de locomoção e com o baixo nível de conscientização, o voto facultativo vai fazer predominar uma espécie de voto de cabresto. Nos Estados Unidos e em Cuba o voto é facultativo. Nos Estados Unidos o comparecimento dos eleitores chega apenas a cerca de 50%. Ou seja, na "maior democracia do mundo", o presidente é eleito por mais ou menos 25% dos possíveis eleitores. Em Cuba, o comparecimento chega a 98%, mas não serve para eleição do líder máximo do partido único. O pior para nós é que, se for feito o plebiscito para o voto facultativo, tendo em vista essa descrença geral nos políticos e nas instituições, certamente o país dará um passo atrás - exatamente como aconteceu no plebiscito das armas.