segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Pinochet, ausente - agora, e sempre!

O comunista e romântico (o que soa redundante) José Monserrat costumava dizer, no final da década de 70: "Eu acredito no Homem. Por isso tenho certeza que assim como Lourenço Marques (capital de Moçambique-Colônia) passou a se chamar Maputo (capital de Moçambique-Livre), Santiago (Capital do Chile, na época sobrevivendo à ditadura de Pinochet) vai se chamar Salvador Allende (presidente morto durante o golpe de Pinochet, em 11 de setembro de 1973)". Santiago não precisou se chamar Salvador Allende, para demonstrar o avanço do Homem de Monserrat. Conseguiu se livrar das mazelas da ditadura e, ontem, para alegria da imensa maioria de manifestantes chilenos, conseguiu ficar livre do símbolo maior daquela época, o ditador Pinochet. Infelizmente o pinochetismo ainda tem muitos adeptos no Chile, principalmente no exército, o que pôde ser demonstrado nas manifestações de tristeza. Duvido, porém, que o enterro de Pinochet tenha um milionésimo da emoção que teve o enterro do poeta, diplomata e comunista chileno Pablo Neruda, morto 12 dias após o início da ditadura. Foi a primeira manifestação de "mágoa, revolta, rebeldia contra o golpe. Pessoas de diferentes lugares e origens vão chegando à pracinha de Monte de São Cristóvão. Elas choram, lançam flores e gritam em uníssono: "Pablo Neruda, presente, agora e sempre! Povo chileno, presente, agora e sempre! Allende, presente, agora e sempre! ". ("O Canto Geral de Pablo Neruda, o Poeta do Mundo", de Maria Célia Barbosa Reis da Silva) Esperamos que o pinochetismo torne-se ausente, agora e sempre.