terça-feira, 22 de julho de 2008

Vale a pena ver de novo?

Polícia mineira volta a agir no Turano. Depois de longo período de inatividade, volta a agir, com a costumeira violência, a temida “polícia mineira”, organizada com a finalidade de expulsar os marginais dos morros da cidade e composta de trabalhadores rudes e impiedosos. Ontem, seus elementos estiveram no Morro do Turano, distribuindo “justiça”: marginais e desocupados foram amarrados e espancados, barracões foram invadidos, tudo isso sob tremenda saraivada de balas, fatos que provocaram pânico, correria, confusão e a intervenção da Polícia, a autêntica, que também, na escuridão reinante, foi recebida a tiros. Serenados os ânimos, foram realizadas diversas prisões e apreendidas algumas armas de fogo. Miguel Paranhos (viúvo, 34 anos), que se diz técnico de rádio, procurou, ontem, as autoridades do 17º DP. O homem, que apresentava fratura do braço esquerdo, ferida na cabeça e diversas escoriações, estava em companhia de Maria Rosa dos Santos, Pedrina da Silva e Paulo Martins, todos moradores do referido morro da Tijuca, ali comparecera para apresentar queixa contra elementos da “polícia mineira”. Disse que seu barracão fora invadido — sob suspeita de dar guarida a marginais —, e ele, barbaramente espancado.
Essa reportagem está no Globo de hoje, na seção "Há 50 anos". Isso se passou, portanto, no Rio de Janeiro, em 1958, quando ainda era Capital Federal e o Presidente da República era Juscelino Kubitschek (aliás, nessa mesma seção, anos atrás, descobri que, no seu primeiro discurso como Deputado Federal, Juscelino era contra a mudança da Capital para Brasília...). A "polícia mineira" de ontem corresponde à "milícia" de hoje. E os problemas de desigualdade social continuam alimentando a violência. Acho que existe uma lição nisso tudo.