sexta-feira, 11 de julho de 2008

César Maia à margem dos erros?

No seu Ex-Blog de hoje, César Maia fez o que mais gosta: lançou informações confusas para gerar polêmica. O motivo dessa vez foi a decisão da TV Globo de cobrir, a partir de 4 de agosto, apenas os 4 candidatos melhor colocados nas pesquisas (a primeira referência será a pesquisa do Ibope do dia 26 de julho), sendo que - dia sim, dia não - o quinto colocado também teria cobertura. César Maia, preocupado principalmente com sua candidata no Rio, Solange Amaral, que pode não estar entre os quatro primeiros, apresentou as dificuldades do critério, com certa razão. Mas ele fez grande confusão com as margens de erro, ignorando a curva de Gauss e tratando as margens como se fossem uma só (é verdade que o Jornal Nacional também faz isso, mas uma margem de erro não justifica outra...). César Maia fica à margem de um problema maior: como criar algum espaço para os outros 6 candidatos (no caso de Rio e São Paulo)? A proposta do PSOL e do PT no Rio é a de criar outras faixas de canditatos com maior espaçamento. Por exemplo: os quatro primeiros, teriam cobertura diária; os quatro seguintes, poderiam ter dia sim, dia não; e os últimos, de dois em dois dias. É algo a pensar, sem embaralhar tudo. Veja o texto de César Maia:
MARGEM DE ERRO NAS PESQUISAS ELEITORAIS! OU DE CONFUSÃO?
1. A TV Globo vai escolher os candidatos a serem cobertos diariamente a partir de 1 de agosto e os que vão ao debate, em função de pesquisas de opinião onde serão usados os institutos Ibope e Data-Folha. Até aí tudo bem. 2. Mas se houver empate usarão outros critérios como a pesquisa espontânea, rejeição... O conceito adotado para o empate inclui a margem de erro. Esse é um problemão que a TV Globo está arranjando para ela. Afinal, a margem de erro, digamos, mais ou menos 3%, não se aplica de forma homogênea aos distintos patamares de intenção de voto, nem aos diversos cortes. 3. E mais: não se aplica ao mesmo tempo a todos. Isso seria uma confusão, pois haveria várias pesquisas numa só, tantos fossem os candidatos, multiplicados por 2 - para cima e para baixo. É claro que quanto maior a porcentagem de votos, mais efetiva é aplicação da margem de erro. Quando se aplica a margem de erro de 3% a um, não se pode aplicar a mais nenhum. 4. Um candidato com 30%, a margem de erro de 3% lhe daria um intervalo de 27% a 33%. É razoável. Mas um candidato com 6%, uma aplicação horizontal da margem de erro lhe daria de 3% a 9%, e o intervalo seria de 300%, o que é um absurdo. 5. E como fazer se 4 candidatos estiverem numa linha de 10%, 9%, 8% e 7%? Pelo critério adotado, todos teriam que ir para o segundo elemento: a intenção de voto espontânea. Mas essa aplicação horizontal coloca o primeiro em até 13% e o último até 4%, um enorme intervalo. E todos os quatro poderiam estar na frente ou atrás. 6. Mas será possível que a margem de erro afete igualmente todos os candidatos em todos os cortes, etário, de gênero, de renda, de instrução, de moradia? Impossível. 7. O melhor que faria a TV Globo é reunir os partidos e propor a adoção da intenção de voto que der na pesquisa, usando até o número depois da vírgula. E para reduzir as ansiedades bastaria ampliar a amostra para um mínimo de 1.200 eleitores e com isso minimizando a margem de erro e evitando se entrar numa confusão estatística da qual não se vai sair e se pode provar qualquer coisa entre aqueles que estão num patamar próximo e mais baixo.