quarta-feira, 26 de novembro de 2008

César Maia e Keynes

Gostei também desse texto de César Maia, mas quero fazer comentários e certos reparos (em itálico-negrito):
LÁ SE FORAM OS NEOLIBERAIS E MONETARISTAS PELO MESMO RALO! E ESTÃO LEVANDO O GOVERNO LULA JUNTO!
1. A crise afogou primeiro os neoliberais, defensores de um mercado máximo e de um estado mínimo. Nunca os estados intervieram tanto, estatizaram tanto, maximizaram tanto suas ações. (Corretíssimo, claro.)
2. Agora com os 2 trilhões de dólares liberados pelos bancos centrais para compensar a quebradeira e a depressão possível, afogam-se também os monetaristas. Ou com esta emissão mundial cavalar a inflação volta intensamente, ou a tese básica dos monetaristas se foi pelo ralo também. (Não acredito que virá uma inflação intensa, nem que isso destrói a tese básica dos monetaristas; talvez um economista possa explicar melhor, mas essa emissão cavalar me parece que vai preencher o "vácuo" de um dinheiro que de fato não existia, era miragem.)
3. As medidas que vão sendo adotadas nem keynesianas são, pois não são direcionadas, são apenas reativas num jogo de bafo-bafo, atrás dos buracos que vão surgindo. (Ninguém em sã consciência pode "acusar" o bushianismo de keynesiano, mas ninguém pode negar que é a inspiração keynesiana que está por trás das ações mundiais no momento.)
4. No Brasil, quando numa reunião ministerial se adotam duas medidas sôfregas e risíveis, é porque o governo Lula está mais perdido que pingüim arrastado pelas correntes. Fazer propaganda para dar ânimo e estimular o consumo, sem comunicar a verdade, lembra Goebells. E dizer que o PAC é o gasto compensatório à crise, é o mesmo que dizer que o governo já conhecia a crise ano passado quando lançou os projetos relativos. Certamente não será um gasto compensatório, mesmo que ganhe agilidade. (Aqui, é puro embate político. Claro que é importante nesse momento a utilização de diversas formas de comunicação para estimular o consumo. E também é claro que o Governo Lula não está exatamente escondendo a verdade. Ocorre que já existem informações desanimadoras em excesso e estimulá-las não ajuda em nada, significaria simplesmente insistir no desânimo. Quanto ao PAC, é óbvio que ele não surgiu em função da crise, já que foi lançado há dois anos. Mas trata-se certamente de uma política de investimentos públicos que pode funcionar, sim, como gasto compensatório à crise.)