A campanha tucana percebeu logo que o “esquema Receita” tem muita contra-indicação. A grande massa de eleitores fez ouvido de mercador para a grasnada tucana. Serra fez uma publicidade monumental em torno de vazamentos, mas não impediu que Dilma continuasse sua tendência de alta em todas as pesquisas. Serra conseguiu apenas segurar parte da classe média do Sudeste, que estava decepcionada com o seu frouxismo eleitoral e já tinha as malas prontas para voar para Marina. Mas o que Serra fez de mais importante foi mostrar em seu programa eleitoral grandes realizações e propostas mais concretas. Sua fala de “indignação” ficou disfarçada e deixou a baixaria para a voz de um apresentador qualquer. Graças a essa sabedoria marqueteira ele garantiu sobrevida – para ele e para o tucanato paulista.
Aliás é a mesma sabedoria do Grupo Globo. Vejam o exemplo de hoje: o jornal O Globo, preferido da classe média carioca e um dos mais importantes do mundo político, trata das baixarias de modo inteiramente oposto ao modo do jornal Extra – que é do mesmo grupo, mas tem perfil popular, é lido por quem faz parte da maioria do eleitorado. O Globo faz manchetona repercutindo o “escândalo Veja”, associando-o a Dilma e mostrando foto do debate de ontem na RedeTV!, enquanto o Extra, sem destaque algum, apenas diz que “Debate morno reúne Dilma e Serra na TV”.
O povo não é bobo. Sabe que esse lero-lero eleitoreiro não vai substituir as conquistas do Governo Lula que terão continuidade com Dilma. O Grupo Globo também não é bobo, mostrou que sabe disso. Os tucanos, se não sabiam, ficaram sabendo.